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Estado de Minas COLUNA

Pacheco � desafiado a se posicionar diante da 'agenda do �dio' de Bolsonaro

O novo presidente do Senado buscar� se consolidar como nova lideran�a democr�tica no pa�s


08/03/2021 04:00 - atualizado 08/03/2021 07:31

Enquanto Bolsonaro olha para o abismo, Rodrigo Pacheco precisará olhar o horizonte (foto: MARCOS BRANDÃO/AGÊNCIA SENADO 24/2/21 )
Enquanto Bolsonaro olha para o abismo, Rodrigo Pacheco precisar� olhar o horizonte (foto: MARCOS BRAND�O/AG�NCIA SENADO 24/2/21 )
Senador em primeiro mandato, o agora presidente do Congresso Nacional citou JK duas vezes no discurso de posse e uma vez mais no discurso durante a abertura do ano legislativo. O simbolismo do gesto � poderoso.

Mineiro, JK elegeu-se presidente. Ultrapassou as turbul�ncias e a fanfarronice do golpismo de Aragar�as-Jacareacanga e do lacerdismo, e tomou posse. � �poca, o Brasil urbano-rural concentrava-se ao longo do litoral.

JK irradiou o sentimento da esperan�a na a��o. Ocupou-se de fazer os brasileiros redescobrirem o Brasil. Deu vida ao sonho do imposs�vel: fundou Bras�lia, que reinventou o Brasil. Olhou para o horizonte, que olhou para ele. Entenderam-se.

Fiel ao PSD, aliado ao PTB, em um aspecto semelhante a Get�lio, olhou para a cidade e a industrializa��o e, como Vargas, de costas para a desigualdade no campo. Com diversa perspectiva, ambos trilharam a senda do desenvolvimentismo. Mais cosmopolita, JK prometeu os “50 anos em 5”.
 
A �poca dos anos 1950 foi maior que o limite da d�cada: estendeu-se at� 1964, quando os militares e a burguesia brasileira sufocaram a democracia.

A �poca foi uma �pica: debate e produ��o intelectual e editorial, produ��o de ideias e debate parlamentar de n�vel elevado, partidos pol�ticos com personalidade, primavera cultural prolongada: a Renascen�a Baiana, o Cinema Novo, a Bossa Nova, o debate sobre o “nacional-popular”, o teatro, os centros populares de cultura, a poesia.
 
Sob a tenaz oposi��o da UDN, JK praticou democracia. Passou o poder ao opositor J�nio Quadros. Prosseguiu olhando o horizonte. Vislumbrou uma nova candidatura a presidente na elei��o de 1965.

No poder, jamais prop�s mudar a Constitui��o em busca da reelei��o consecutiva. Fora do poder, no ex�lio e perseguido, manteve-se coerente no campo da democracia em oposi��o � ditadura. Fez parte da “Frente Ampla”, ao lado at� de Carlos Lacerda, sem vender a alma ao diabo: jamais deu passo atr�s em suas convic��es democr�ticas.
 
Rodrigo Pacheco, 44 anos, fez o elogio da tradi��o pol�tica de Minas, demarcada, como ele a enxerga, pela concilia��o. Com efeito, Tancredo Neves foi um grande conciliador. Respeitado, liderou porque tinha posi��o: o campo da democracia. Sempre, desde 1964, na oposi��o � ditadura e fiel ao campo da democracia.

Antes, sendo do PSD, manteve-se fiel a Get�lio, do PTB, fiel � democracia e contra o golpe civil-militar de 1964. Sob a ditadura, fiel a Ulysses Guimar�es, o “Senhor Diretas”, na lideran�a nacional da frente ampla pela redemocratiza��o. Protagonizou a derrota pol�tica, “pelo alto” ou fora das ruas, da ditadura no campo dela: o Col�gio Eleitoral.

Liberal-conservador? Antes de tudo, democrata, deixou-nos um legado de coer�ncia e a��o consequente. Os mineiros JK e Tancredo e o paulista Ulysses reuniam na a��o pol�tica os prazeres da intelig�ncia, ideias e convic��es, a ast�cia da raz�o e a eleva��o, admir�veis qualidades completamente ausentes em Bolsonaro.
 
A Hist�ria � a madrasta dos acontecimentos. N�o penso que Rodrigo Pacheco tenha feito um “contrato faustiano” (vender a alma ao diabo) com o presidente Bolsonaro.

O novo presidente do Congresso dispor� de uma breve janela de tempo para fazer o seu caminho e esclarecer, em gestos e atos, se entrou na “Caverna de Polifemo” (sabe-se como entrar e n�o se sabe como sair) ou se ir�  estabelecer-se como uma promissora lideran�a democr�tica.

Hoje, mirar-se em JK seria seguir o exemplo de Rodrigo Maia: ele liderou o Parlamento semelhante a um “senhor freios e contrapesos” e foi decisivo na conten��o da investida golpista de Bolsonaro no bi�nio 2018-2019.
 
Rodrigo Pacheco ser� duas vezes desafiado a fazer escolhas decisivas: em breve, a tomar posi��o face � “agenda do �dio” presidencial: escancaramento do uso de armas e muni��es, licen�a legal das pol�cias para matar, manipula��o e coopta��o das simpatias das pol�cias militares com o prop�sito de mold�-las como “guarda pretoriana” de reserva do bolsonarismo; em 2022, na escolha entre a candidatura de extrema-direita antidemocr�tica, com Bolsonaro, e o campo da democracia. Ocupou-se o presidente da Rep�blica de olhar para o abismo, que impregnou-lhe o esp�rito. Que Rodrigo Pacheco olhe o horizonte.

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