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Estado de Minas COLUNA

O Pal�cio do Planalto deveria se mirar nas li��es do Chile

O presidente chileno Sebasti�n Pi�era, os empres�rios e a direita parlamentar ter�o que pagar a conta da implanta��o do estado do bem-estar social


22/03/2021 04:00 - atualizado 22/03/2021 07:17

Manifesto em Santiago contra política neoliberal que levou a crescimento econômico com alta desigualdade social(foto: Martin Bernetti/AFP)
Manifesto em Santiago contra pol�tica neoliberal que levou a crescimento econ�mico com alta desigualdade social (foto: Martin Bernetti/AFP)

 At� 1973 o Chile viveu prolongada era de democracia. Tr�s anos antes o socialista Salvador Allende vencera as elei��es para presidente em primeiro turno por maioria simples de 36,2%.

Da� o segundo turno foi decidido por vota��o indireta congressual. Desde que Allende assumiu a presid�ncia e at� o golpe, em 1973, que o derrubou e matou, a Am�rica do Sul – � exce��o da Col�mbia e da Venezuela – encontrava-se povoada de ditaduras militares: Brasil (1964), Argentina (1966), Paraguai (desde 1954), Peru (1968), Bol�via (1971), Equador (1972) e Uruguai (1973).

A radicaliza��o ideol�gica instigada pela Guerra Fria avassalava a regi�o. O Chile seria a exce��o, era o sonho da imagina��o do pr�prio presidente Allende.
 
A ditadura do general Pinochet torturou e executou, entre mortos e “desaparecidos”, 3.225 chilenos; torturou outros 37.055. Os algozes foram processados, condenados e presos, a come�ar do pr�prio Pinochet. Enquanto durou, a ditadura chilena foi cantada em verso e prosa pelo capitalismo financeiro global.

O neoliberalismo triunfalista a projetara � fama sem par de celebridade global. A palavra de ordem era: “Olhem para o Chile”. Com efeito, o modelo neoliberal chileno de privatiza��o da previd�ncia, privatiza��o da educa��o do ber�o � p�s-gradua��o, e privatiza��o da sa�de, como se fez, da ditadura at� agora, deu no que agora o mundo inteiro sabe: o PIB do Chile cresceu 800% e a desigualdade social explodiu: 1% do pa�s det�m um ter�o da riqueza nacional.

Como o pa�s � educado e culto e os jovens pobres frequentam e concluem o ensino m�dio (escola p�blica ou, se escola privada, com voucher p�blico), conclu�do o m�dio a imensa maioria continua fora das universidades.

As fam�lias n�o t�m dinheiro para bancar o curso superior. A chamada capitaliza��o projetou os idosos em sombria situa��o de pobreza ao final da vida. O aposentado recebe de volta um ter�o do que capitalizou, o que resulta num provento mensal de grave priva��o.
 
De 1990 a 2010 os quatro governos da chamada “Concertaci�n”, a frente das esquerdas e do Partido Democrata-Crist�o, o m�ximo que conseguiram foi um “reformismo fraco” baseado em pol�ticas de equidade focalizadas.

Esqueceram-se de que as aspira��es mudam. Em especial, as expectativas das juventudes escolarizadas. Aos vinte anos de governos da “Concertaci�n” seguiu-se a ascens�o ao poder da poderosa direita democr�tica liderada pelo presidente Sebasti�n Pi�era.

Na sequ�ncia, foi ele sucedido pela socialista e ex-presidente Michelle Bachelet. A “Concertaci�n” havia sido dissolvida. Bachelet foi eleita em 2014 por uma frente de esquerdas apoiadas pelos fortes e nacionais movimentos sociais emergentes, povoados de jovens e de estudantes.

Sob seu governo esses movimentos organizaram-se e floresceram nacionalmente. Come�aram protestando contra o aumento das passagens de �nibus. Logo demonstrariam impressionante capacidade de agrega��o e de coordena��o das demandas.

Associaram o mais espec�fico �s grandes quest�es nacionais n�o resolvidas: previd�ncia social ao inv�s de previd�ncia privada, universidade para todos e a cria��o de uma esp�cie de SUS nacional, l� inexistente. Conquistaram as simpatias das classes m�dias chilenas.
 
Pi�era sucedeu Bachelet. Exercia a presid�ncia quando a segunda onda de grandes mobiliza��es nacionais colheu o seu governo. Pi�era aprendeu que a pior conselheira de um l�der � a disson�ncia cognitiva, isto �, ignorar a realidade e inventar a sua pr�pria. Realista e democr�tico, negociou.

As ruas do pa�s n�o queriam nada menos que uma Assembleia Nacional Constituinte independente, eleita. Entenderam que as tens�es e os conflitos somente poderiam encontrar solu��o na forma de ampla redistribui��o do poder pol�tico. A Constituinte garantir� �s mulheres 50% dos mandatos.

A elei��o ser� em abril. Estabelecer� a nova Constitui��o do pa�s. Pi�era, os empres�rios e a direita parlamentar sabem que ter�o que pagar a conta da implanta��o do estado do bem-estar social no Chile. Promoveram e legaram a destrui��o promovida pela pr�tica do neoliberalismo, ideologia que substituiu pol�ticas sociais por crescimento, desigualdade e gan�ncia!
 
Li��es a aprender? Aqui, os poucos donos de 50% da riqueza nacional precisam e devem pagar a maior parte da conta do combate �s desigualdades e � pobreza (IRPF e n�o IRPJ). Ou continuar�o a n�o acreditar que algum dia as ruas ir�o mostrar-lhes o caminho?

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