
A C�pula do Clima foi realizada de modo remoto nos dias 22 e 23 de abril. Nos termos do Acordo de Paris, de 2015, o assunto foi a coopera��o global para o desenvolvimento de uma “economia verde”. O acordo �, de fato, uma proposi��o de pol�tica p�blica global de sustentabilidade ambiental.
O foco � a redu��o do aquecimento global. As metas fixadas de redu��o de emiss�o de g�s-estufa dever�o se concretizar de modo incremental, consecutivo, estabelecidas proporcionalmente de pa�s a pa�s, com monitoramento. Foram fixadas metas acumulativas para os anos de refer�ncia de 2025 e 2030. A meta-s�ntese global � reduzir e manter controlada a temperatura global do m�nimo de 1,5º C ao m�ximo de 2º C.
O foco � a redu��o do aquecimento global. As metas fixadas de redu��o de emiss�o de g�s-estufa dever�o se concretizar de modo incremental, consecutivo, estabelecidas proporcionalmente de pa�s a pa�s, com monitoramento. Foram fixadas metas acumulativas para os anos de refer�ncia de 2025 e 2030. A meta-s�ntese global � reduzir e manter controlada a temperatura global do m�nimo de 1,5º C ao m�ximo de 2º C.
Para isso, o planeta precisa neutralizar as emiss�es de carbono at� 2050, isto �, os lan�amentos de carbono na atmosfera, por um lado, e, inversamente, a absor��o de carbono pela natureza, at� l� dever�o produzir resultado neutro. Para a consecu��o dessa ambiciosa meta-s�ntese os pa�ses maiores poluidores, pela ordem, China, Estados Unidos, �ndia, R�ssia, Reino Unido, Uni�o Europeia, Jap�o e Brasil dever�o assumir metas mais ousadas, contudo, proporcionais �s suas capacidades de promover mudan�as ambientais dom�sticas, estruturais e procedimentais.
Os Estados Unidos assumiram mundialmente a mais ousada de todas as metas: reduzir as emiss�es em 52% at� 2030 e alcan�ar a neutralidade at� 2050. Respondem atualmente por 12,7% do total das emiss�es; a China, por 26,7%. O presidente Xi Jinping assumiu o compromisso de alcan�ar a desejada neutralidade at� 2060.
O enfoque do Acordo de Paris, reiterado na reuni�o da C�pula, � uma caminhada global no rumo do desenvolvimento com sustentabilidade. A agenda ambiental promete o florescimento de uma nova e promissora era de ideias, experimentos, inova��o tecnol�gica e de valores civilizat�rios. Estima-se que dever�o se traduzir em formas tang�veis de investimentos “verdes” geradores de crescimento econ�mico, emprego e produtividade, progresso tecnol�gico e inova��o.
Por outras palavras, os l�deres parecem convencidos de que capitalismo e conserva��o ambiental n�o s�o contradit�rios; ao contr�rio, transitivos. A moral da hist�ria seria: sai o capitalismo do carbono; floresce o capitalismo ambiental. A prop�sito, o velho capitalismo tem um velho h�bito, o de revolucionar-se a si mesmo, esp�cie de dom da eterna juventude.
Ali�s, na era do conhecimento e da revolu��o tecnol�gico-cient�fica praticamente permanente, os “meios de produ��o” cl�ssicos est�o cada vez mais gravitando ao redor dos nov�ssimos meios de produ��o de conhecimentos e de tecnologias.
A ideia portadora de futuro � o desenvolvimento sustent�vel. Portanto, crescimento econ�mico, pesquisa e inova��o tecnol�gica, conserva��o e com�rcio internacional condicionado � exig�ncia do selo verde s�o termos intercambi�veis. Falta adicionar-lhes a exig�ncia de um capitalismo financeiro verde, isto �, uma capacidade pol�tica compartilhada de veto global ao cr�dito para o extrativismo predat�rio e a produ��o industrial de pesticidas qu�micos condenados, concentrando a oferta de cr�dito no investimento verde.
O conceito de sustentabilidade reivindica-se inclusivo e universalista. Humanos e cultura, bichos – inclusive v�rus e bact�rias –, �gua, planta, ar e terra, por defini��o, formam uma comunidade planet�ria. Portanto, a ideia de sustentabilidade compreende as dimens�es social, cultural, �tnica e de valores e uma �tica de rela��es n�o hierarquizada dos humanos com bichos, �gua, planta, ar e terra: natureza como vida em plenitude e todos com direitos ao “bem-estar”, bem-estar social e bem-estar natural. Caso contr�rio, abreviar�amos em bilh�es de anos a execu��o da t�o natural quanto fatal senten�a que a segunda lei da termodin�mica, conte�do do ENEM, reserva aos humanos, bichos e plantas: nem sequer ao p� retornar�s!
O Acordo de Paris desafia-nos a conjugar virtuosamente interesse e solidariedade. Precisamente porque a ideia de desenvolvimento sustent�vel n�o s� n�o promete nenhuma utopia, como demarca a ruptura, o combate e a supera��o do mundo moldado segundo a economia de alto carbono, a economia de uma era inaugurada pela revolu��o industrial e emoldurada pela promessa de progresso sem fim. A ideia de sustentabilidade retira da utopia do progresso sem fim a veste grandiosa da cren�a, lhe descobrindo a face de uma distopia ambiental de impacto planet�rio destrutivo.
A ideia de sustentabilidade nos ensina a aprender o valor da humildade. Humildade �, antes de tudo, coragem. Nada tem a ver com ren�ncia ou abdica��o, com “as uvas estavam verdes”. Nada tem ela a ver com resigna��o, conformismo, fragilidade. Estamos fazendo uma escolha consciente, esclarecida, portadora de futuro. Ambi��es de uma era de desenvolvimento sustent�vel dispensam e repugnam a cobi�a que estava nos conduzindo a um futuro dist�pico, um futuro sem futuro.