
S�o mais de 30 milh�es de brasileiros acima de 60 anos que usam a internet para diversas atividades, tais como comunica��o, pagamento de contas, compra de produtos em sites de com�rcio eletr�nico, entre outras. A pandemia popularizou a comunica��o em videochamada por meio de ferramentas como WhatsApp, Zoom ou Teams. A tecnologia auxilia os usu�rios na obten��o e an�lise de dados em tempo real para acompanhamento do comportamento da pandemia. Os aplicativos para smartphones tornaram-se o maior canal de transa��es com os bancos, sendo poss�vel utilizar a maioria dos servi�os banc�rios sem nenhuma interfer�ncia de atendentes. O processo de compra on-line, por exemplo, indica a necessidade de se promoverem ajustes das funcionalidades de modo a torn�-las mais adequadas e acess�veis ao p�blico idoso.
As interfaces digitais - elementos visuais e sonoros – continuam sendo desenhadas com base nas necessidades do p�blico mais jovem. Por conseguinte, muitos aparelhos apresentam caracter�sticas que os transformam em barreiras para o p�blico idoso, como contraste inadequado e idiomas estrangeiros. O ingl�s se espalha rapidamente e chega ao l�xico dos jovens com muita facilidade, trazendo novos vocabul�rios que acabam por dificultar a intera��o de pessoas com 60 anos ou mais com a tecnologia.
Um levantamento da British Council, organiza��o internacional do Reino Unido para rela��es culturais e oportunidades educacionais, mostrou que apenas 5% da popula��o brasileira sabe se comunicar em ingl�s.
�s vezes, palavras empregadas no �mbito anglo-sax�o s�o mantidas em sua forma original nos servi�os utilizados em nossa l�ngua. N�o traduzimos e-mail (correio eletr�nico), smartphone (telefone inteligente), mouse (rato) ou startup (para referenciarmos as pequenas empresas que est�o promovendo novas ideias, especialmente no campo tecnol�gico). O que significam express�es como “cookie”, “emoji”, “tela touch”, “Excel” ou “Power Point”? A barreira da l�ngua transforma o uso das ferramentas e dos aplicativos em a��es cegas de tentativa e erro. Se o idoso n�o fizer um uso constante da ferramenta, a tend�ncia � que esque�a o que foi aprendido. De fato, n�o h� como traduzir muitas dessas express�es, mas � poss�vel criar representa��es visuais e s�mbolos, como fotos, desenhos, filmes e gr�ficos, os quais, uma vez universalizados, seriam de f�cil identifica��o em qualquer l�ngua.
Muito precisa ser feito para melhorar o acesso dos idosos �s tecnologias. Mais do que buscar o avan�o tecnol�gico dos servi�os ofertados, a equidade na sua utiliza��o deveria constituir-se em meta principal. O setor produtivo precisa compreender e acompanhar as especificidades cognitivas do p�blico maduro, para incorpor�-lo definitivamente ao mercado tecnol�gico. Cabe, ainda, ao Poder P�blico despertar para essa necessidade, promovendo pol�ticas p�blicas que aproximem os idosos das tecnologias de ponta, para que o uso das ferramentas fa�a parte do cotidiano de todos. Somente assim a cidadania digital ser� efetiva, permitindo a integra��o total da sociedade no mundo do futuro.