
O artigo traz uma reflex�o muito importante sobre os processos de “desumaniza��o”, mostrando uma situa��o em que determinados grupos sociais ou �tnicos s�o estigmatizados e padecem em raz�o de terr�veis pr�ticas de exclus�o. Como militante e autor de textos contra o “Etarismo” (ou ageismo) – esse preconceito infame contra a idade – estabeleci imediatamente um elo entre o texto da autora e a quest�o dos idosos.
A estigmatiza��o de pessoas com 50 anos ou mais, as quais passam a ser consideradas como “idosas” num sentido negativo, acaba por excluir um enorme contingente de profissionais do mercado de trabalho.
Ainda que se observe algum crescimento da conscientiza��o sobre o problema por parte de algumas organiza��es, � poss�vel constatar que persiste muito preconceito contra os profissionais mais velhos.
Pol�ticas de recrutamento que imp�em restri��es quanto � idade do profissional para o preenchimento de determinada vaga, sem qualquer justificativa para tal limita��o, s�o uma forma de exclus�o expl�cita, por pura estigmatiza��o de um grupo social. Subentende-se que idosos t�m menos capacidade que os demais. Assim, desqualificam-se profissionais que teriam muito a oferecer justamente por sua maturidade, a qual tamb�m poderia ser traduzida como “equil�brio e experi�ncia”.
Entre os diversos estigmas e preconceitos dirigidos a grupos de pessoas, o etarismo desponta como uma pr�tica terr�vel que tem vitimizado os idosos, descartando-os como se fossem in�teis. Ora, profissionais maduros n�o s�o melhores, nem piores que os jovens, mas dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios) mostram que o desemprego neste grupo aumentou, saltando de 18,5% em 2013 para 40,3% em 2018.
Para se combater o etarismo, � importante que Estado e iniciativa privada adotem a��es concretas de est�mulo � valoriza��o da m�o de obra idosa, adotando programas e pol�ticas de diversidade e inclus�o.
Quem visita os parques da Disneyworld, nos EUA, pode observar muitos idosos contratados pela ind�stria tur�stica. N�o seria demais esperar que nossas empresas tamb�m implementem programas para contrata��o de pessoas de 50+. E tamb�m n�o seria demais esperar que o Estado adote medidas de est�mulo a que as empresas assim procedam. Instrumentos de incentivo n�o faltam, � semelhan�a do que j� ocorre para se combater discrimina��es terr�veis como o racismo ou a homofobia. O etarismo tamb�m mata.
N�o se pode negar que no s�culo XXI as demandas profissionais requerem maior habilidade digital e conhecimento tecnol�gico. A popula��o idosa, em sua grande maioria, aceita as novas tecnologias.
Ademais, com os avan�os da medicina, aos 50, 60, 70 anos as pessoas se encontram nas mesmas condi��es f�sicas e intelectuais dos que t�m 20, 30, 40 anos. Para al�m das habilidades tecnol�gicas e corpo saud�vel, algumas caracter�sticas comportamentais deveriam ser melhor consideradas, como �tica, toler�ncia e responsabilidade.
A competi��o entre jovens e idosos n�o � f�cil. A gera��o Z praticamente nasceu digital, pois cresceu com smartphones e computadores e sequer imagina como seria um mundo sem internet. Sendo assim, faz-se necess�rio que o profissional com mais de 50 anos busque sempre se qualificar e se atualizar quanto �s novas tecnologias e metodologias, para que possa melhor competir com os jovens.
Cabe, tamb�m, aos RHs se reinventarem, recrutando e acolhendo profissionais maduros.
O papel da educa��o � tamb�m crucial - sen�o a principal a��o contra o Etarismo - capaz de fazer com que se enxergue humanidade na diversidade. Pois todas as diversidades juntas s�o maiores e melhores.