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Estado de Minas TIRO LIVRE

Epis�dio envolvendo Galo Doido mostra: � preciso combater o machismo

N�o pode ser passada a mensagem de que � natural esse tipo de olhar sobre a mulher, esse tipo de atitude e de comportamento


21/02/2020 04:00 - atualizado 04/03/2021 20:14

Homem vestido de mascote atleticano se desculpou por ter assediado a jogadora da equipe feminina alvinegra Vitória Calhau
Homem vestido de mascote atleticano se desculpou por ter assediado a jogadora da equipe feminina alvinegra Vit�ria Calhau (foto: Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press - 27/11/11)


O epis�dio envolvendo o homem que se veste como mascote do Atl�tico e a jogadora Vit�ria Calhau reacendeu uma discuss�o que � muito necess�ria e n�o pode se encerrar com o v�deo feito pelo Atl�tico, com um pedido de desculpas � jogadora, ao time feminino e � sociedade. Pelo contr�rio.

Tudo o que aconteceu desde aquele conden�vel gesto de ass�dio do homem para com a atleta, no domingo, demonstra como � necess�rio falar mais sobre o assunto. Explicar qu�o nocivo � o machismo. Esclarecer, quantas vezes forem necess�rias, o verdadeiro conceito de feminismo – especialmente para quem insiste em imputar um sentido pejorativo ao termo.

Diante de tantas atrocidades dirigidas a mulheres nos �ltimos tempos, urge ampliar o debate, para demonstrar a necessidade do movimento que luta pela igualdade entre os g�neros.

Uma passada de olhos pelos coment�rios nas redes sociais, em rea��o � iniciativa atleticana, al�m de embrulhar o est�mago, deixa expl�cito o grau de ignor�ncia das pessoas sobre o ocorrido. A forma maliciosa como o homem que se veste de Galo Doido se reporta � atleta � atenuada de todas as formas, por homens e at� mulheres.

S� para o leitor da coluna Tiro Livre ter uma ideia, reproduzo alguns desses coment�rios, da maneira como foram escritos pelos usu�rios nas redes sociais.

“Nossa senhora, parece que o coitado do mascote estuprou, esquartejou e ocultou o cad�ver da mui�. Uma brincadeira que foi problematizada e mimimitizada atrav�s dos lacradores nas redes e prog esport, a 'v�tima da brincadeira”'se jogando na vitimiza��o e histeria sem sentido”, escreveu o usu�rio Felipe (@felipenine).

“Legal... Mas parece que o cara cometeu um crime hediondo. Menos gente, bem menos. N�o houve nenhum desrespeito com a atleta, houve uma brincadeira feita por um personagem caricato. Infelizmente o mimimi Ta dominando a sociedade”, postou Mauricio Cardoso (@mcardoso78).

Na mesma linha, Gabriel Silva (@BielSiilva1904) “indagou”: “O galo doido espancou a mo�a foi? Kkkk meu deus hoje em dia � muito mimimi, daqui uns dias temos que primeiro pedir desculpas por ser homem”.

At� mulheres deixaram coment�rios machistas. “� por isso que esse pessoal sobe em cima. O cara n�o fez nada, manda uma banana para os hist�ricos do politicamente correto”, postou Viviany Estevam (@viviany_estevam).

Maria Isabel Alian�a pelo Brasil (@misabelmelo1) escreveu: “Ridiculo Atletico obrigar funcion�rio escrever carta pedindo perd�o por falta que ele n�o cometeu isso sim � ass�dio tomara que esse funcion�rio um dia processo o galo por esse absurdo como torcedora deixo meu repudio a diretoria e a essa porcaria de time feminino”.

Muita gente ainda n�o entendeu que o caso merece sim toda a pol�mica e os clamores por repreens�o. Porque um gesto daquele n�o pode ser relativizado.

N�o pode ser passada aos 15 mil torcedores que estavam no Mineir�o e a tantos outros que acompanharam a cena de longe – entre eles, crian�as – a mensagem de que � natural esse tipo de olhar sobre a mulher, esse tipo de atitude e de comportamento.

Os desdobramentos do machismo, as consequ�ncias nefastas que chegam a agress�es f�sicas e feminic�dio come�am assim.

Movimento muito semelhante ocorreu no lan�amento do uniforme do Atl�tico em 2016, quando foram colocadas modelos desfilando de biqu�ni.

A cole��o n�o contemplava artigos de beachwear, n�o havia homens de sunga na passarela, nada justificava a presen�a feminina naqueles trajes, a n�o ser, claro, a exposi��o do corpo das modelos. O �nico contexto era o da objetifica��o.

Na ocasi�o, fui interpelada por um representante do clube que discordava da minha indigna��o p�blica sobre o fato.

N�o faltaram torcedores associando as cr�ticas �s feministas (obviamente, deslegitimando a causa), considerando “mimimi” o barulho causado nacionalmente e at� colegas jornalistas afirmando n�o se tratar de machismo ou exposi��o gratuita das mulheres. Foi exposi��o gratuita sim. Foi machismo.

A cada exemplo desse fica claro como � necess�ria a desconstru��o do machismo na nossa sociedade. Os clubes de futebol precisam reconhecer sua import�ncia nesse processo de conscientiza��o e partir para a��es mais concretas.

A parte mais importante do v�deo divulgado pelo Atl�tico foi a declara��o de Vit�ria Calhau reafirmando qu�o errado foi o comportamento do homem vestido de mascote, diante dele, ainda que aceitasse as desculpas.

O Atl�tico (e outros clubes) poderiam aproveitar a ocasi�o para um trabalho interno e externo sobre o machismo. Sem teatraliza��o. Com a palavra de psic�logos, de especialistas sobre o assunto.

S� assim h� esperan�a de que realmente as li��es de mais um triste epis�dio tenham sido aprendidas.

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