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O contraponto que existe entre o ativista Hamilton e o negacionista Djokovic

Piloto participou, em Londres, do movimento Black Lives Matter. J� o tenista pegou a COVID-19 em torneio que organizou nos B�lc�s


26/06/2020 04:00 - atualizado 25/06/2020 22:06

Hamilton participou de protesto em Londres. Já Djokovic é um dos que foram contaminados pelo novo coronavírus durante o Adria Tour(foto: Instagram/Reprodução; Andrej Isakovic/AFP)
Hamilton participou de protesto em Londres. J� Djokovic � um dos que foram contaminados pelo novo coronav�rus durante o Adria Tour (foto: Instagram/Reprodu��o; Andrej Isakovic/AFP)
A semana foi marcada por um curioso e casual contraponto no mundo esportivo. Dois multicampe�es, admirados mundo afora, que tiveram posturas bem distintas quanto a quest�es sens�veis que v�m sendo debatidas intensamente nos �ltimos meses. De um lado, o piloto de F�rmula 1 Lewis Hamilton, engajado na luta antirracista. De outro, o tenista Novak Djokovic, que, em meio � pandemia do novo coronav�rus, promoveu um torneio filantr�pico em sua terra natal, os B�lc�s.

O primeiro foi �s ruas em Londres, como reles mortal, empunhando cartaz do movimento Vidas pretas importam. O segundo acabou contaminado pela COVID-19.

S�o duas figuras emblem�ticas no esporte. De talento incontest�vel, atestado pelo curr�culo recheado de conquistas. Donos de carisma inquestion�vel. �dolos. Mas ser �dolo n�o se encerra nas gl�rias. O status conferido a quem alcan�a tal posto tem seu pre�o.

Quando um atleta idolatrado d� o exemplo, os aplausos s�o extens�o dos t�tulos. E Lewis Hamilton, mais uma vez, mereceu ser aplaudido.

Mas quando a figura pisa na bola, como ocorreu com Djoko, os feitos esportivos acabam, de certa forma, manchados. O encantamento perde um pouco o brilho.

O conceito de �dolo � diretamente ligado � ideia de her�i. Em tese, s�o as virtudes que conferem a algu�m a condi��o de �dolo, uma categoriza��o especial. E a partir do momento em que ela ocupa esse espa�o, se torna modelo para muitos. 

� indiscut�vel o exemplo que Hamilton d� ao mundo – e h� muito tempo. No domingo, ele se juntou anonimamente (ou quase) a milhares de pessoas no Hyde Park, em Londres, para protestar contra o racismo, num movimento impulsionado pela morte de George Floyd por um policial branco, nos Estados Unidos.

O piloto da Mercedes depois comentou: “Fiquei muito orgulhoso de ver tantas pessoas de todas as ra�as e origens que apoiam esse movimento. Tive orgulho de estar l�, reconhecendo e apoiando o movimento Black Lives Matter e minha heran�a negra”.

Hamilton sabe bem o que � ser minoria. Luta contra o racismo desde a inf�ncia humilde, dos tempos de kart ao in�cio na principal categoria do automobilismo. Foi o primeiro negro a disputar corridas de F-1. O primeiro campe�o negro, por consequ�ncia. Hexacampe�o, atr�s somente do hepta Michael Schumacher.

“Quando comecei na F�rmula 1, tentei ignorar o fato de que eu era o primeiro negro a correr nesse esporte. Mas, conforme fui ficando mais velho, comecei a apreciar as implica��es disso”, disse certa vez, em entrevista � BBC. “Se voc� olha para a F-1, n�o existe diversidade. Quando anda pelo paddock, n�o h� diversidade”.

Neto de africanos, o brit�nico, que hoje � milion�rio, influente e, mais importante, respeitado, sabe o peso de seu exemplo, o valor de suas palavras. Por isso, faz quest�o de se posicionar como um ativista da causa negra. E � fundamental que a voz dele ecoe mesmo com for�a, no mundo desigual em que vivemos, dentro e fora das pistas.

A�, a gente chega ao s�rvio Novak Djokovic. Tamb�m de inf�ncia humilde e que venceu na vida por meio do esporte. Um cara extrovertido, que embora n�o tivesse a popularidade de um Roger Federer ou de um Rafael Nadal no circuito, se enturmava. E que viu sua credibilidade entrar em queda livre ao desafiar o novo coronav�rus.

Enquanto o mundo tentava estancar o cont�gio por meio do isolamento, ele promoveu um torneio, o Adria Tour, sem nenhuma regra de seguran�a ou distanciamento. Arquibancadas cheias, nada de m�scara, abra�os entre os competidores antes e ap�s os jogos. Houve at� festa em uma boate s�rvia.

Da� n�o ter sido surpresa quando come�aram a pipocar as not�cias de contaminados: Djokovic e a mulher, Jelena, al�m dos jogadores Borna Coric, Grigor Dimitrov e Viktor Troicki. A esposa de Troicki, Alexandra; o t�cnico de Dimitrov, Christian Groh; e o preparador f�sico de Djoko, Marko Paniki tamb�m pegaram a COVID-19. E sabe-se l� quantos mais.

Ao promover o torneio, Djokovic n�o teve, para dizer o m�nimo, responsabilidade, sobretudo com seus f�s - j� que os outros atletas que participaram o fizeram por livre e espont�nea vontade. Ele exp�s ao risco de serem contaminados crian�as, jovens, adultos e idosos. Muitos estavam ali por confian�a e devo��o ao tenista. O �dolo.

A Djokovic restou um pedido p�blico de desculpas. “Tudo o que fizemos foi com cora��o puro e inten��es sinceras”, disse, tamb�m orientando quem esteve nas etapas de Belgrado (S�rvia) e Zadar (Cro�cia) a realizar exames para a detec��o do v�rus e praticar o distanciamento social. Djokovic ainda prometeu oferecer recursos de sa�de para as duas cidades. 

Mesmo com o “arrependimento” tardio, Djoko n�o foi poupado nem mesmo pelos colegas. Foi chamado, entre outros adjetivos, de ego�sta.

Mas o tenista n�mero 1 do mundo j� havia demonstrado uma postura negacionista da ci�ncia ao indicar, em abril, que poder� se opor � obrigatoriedade de atletas se vacinarem contra a COVID-19 para disputarem torneios. 

Pouco tempo depois, compartilhou em suas redes sociais a ideia de que, por meio de ora��es, seria poss�vel transformar alimentos t�xicos ou �gua polu�da em solu��es curativas. 

Um �dolo tamb�m � constitu�do de imperfei��es, disso n�o h� d�vida. Mas a postura recente de Djokovic criou uma vala entre o tenista e muitos de seus admiradores. Resta saber se esse caminho ser� reconstru�do.

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