
A bola da vez � o Internacional, de Abel Braga, que vem de uma arrancada sensacional, de sete vit�rias seguidas – a mais recente, nada menos que uma hist�rica goleada, os 5 a 1 sobre o S�o Paulo, no Morumbi.
“Est� com pinta de campe�o?”, perguntou um rep�rter ao treinador, ap�s o jogo na capital paulista. Ele preferiu sair pela tangente: “O time est� tendo sorte, o que normalmente o campe�o tem. � rezar para que continue”.
N�o faltam a Abel motivos para n�o cantar vit�ria abertamente t�o cedo. A briga pela ta�a ainda est� muito parelha. Al�m disso, ele acompanhou n�o apenas o roteiro escrito por outros times ao longo da competi��o como o de si pr�prio, que tamb�m tem seguido caminho tortuoso.
Abel Braga recebeu a equipe ga�cha das m�os de Eduardo Coudet (que pediu demiss�o para treinar o espanhol Celta de Vigo) na lideran�a do Brasileiro, classificado para as oitavas de final da Copa Libertadores e para as quartas da Copa do Brasil. O cen�rio, perfeito, n�o se sustentou.
Ele, que j� n�o era o nome preferido dos torcedores, foi criticado e balan�ou no cargo ao ser eliminado pelo Am�rica de Lisca no mata-mata nacional, cair diante do Boca Juniors no torneio continental e, em meio a isso, amargar seis jogos consecutivos sem vit�ria no Brasileiro.
Mas o que seria do inferno se n�o existisse o c�u, n�o � mesmo? Pois com esse mesmo Abel contestado, para muitos ultrapassado, o Inter engatou a quinta marcha e iniciou uma campanha de recupera��o fant�stica. N�o foi, por�m, a �nica nesta edi��o do Brasileiro.
Essa s�rie de resultados extraordin�rios j� teve outros nomes e sobrenomes. L� nas primeiras rodadas, por exemplo, atendeu por Ramonismo – a nomenclatura dada para a t�tica de Ramon Menezes para levar o modesto Vasco � lideran�a.
O tamanho da fa�anha pode ser medido de duas formas. A primeira � que havia 12 anos que o time cruz-maltino n�o alcan�ava a primeira coloca��o do campeonato. A segunda: o feito era t�o surpreendente que o time caiu (naturalmente) de produ��o, at� pela limita��o de suas pe�as (o que era sabido por muitos, refor�o), e sobrou para o pr�prio Ramon, que acabou demitido.
Outro que viveu dos louros proporcionados pela lideran�a e do dissabor de sofrer na pele as consequ�ncias de estar numa competi��o t�o disputada – e isso em nada tem a ver com n�vel t�cnico, que fique claro – foi Jorge Sampaoli no Atl�tico.
Antes da estreia, com um grupo ainda em forma��o, a expectativa da torcida era por uma boa participa��o. Os mais racionais entendiam que era o come�o de uma caminhada com chances de dar bons frutos futuros. Poucos cravavam, antes de a bola rolar pelo Brasileiro: � time para ser campe�o.
Contudo, aquele in�cio fulminante, com triunfos sobre os ent�o favoritos Flamengo e Corinthians, elevou o patamar – e com ele as expectativas e cobran�as.
O Galo � um dos times mais regulares do campeonato. Mas j� n�o bastou ser regular. As sequ�ncias na lideran�a trouxeram a reboque a exig�ncia de t�tulo. E no futebol n�o costuma funcionar muito aquele papo de que t�tulo tal � obriga��o...
Outro que vive essa gangorra emocional � Fernando Diniz. Nos �ltimos seis meses ele j� foi de um dos treinadores mais promissores do futebol nacional a fracassado tantas vezes que at� perdi a conta.
Na melhor fase, estava atropelando no Brasileiro (chegou a 17 partidas de invencibilidade) e foi apontado como favorito � conquista da Copa do Brasil. A� veio o revert�rio. O castelo de cartas foi ruindo a cada derrota. Hoje, apesar de ainda bem posicionado na classifica��o do Nacional, est� desacreditado, por sua torcida e at� por alguns advers�rios.
Esta � a montanha-russa tupiniquim, que n�o se baliza por tamanho de torcida, grau de investimento, inova��o t�tica e/ou t�cnica, carisma ou experi�ncia. A hist�ria � contada em campo, jogo a jogo. Com a bola no fundo da rede.