A hist�ria do primeiro cl�ssico entre Galo e Raposa � bem peculiar. Para in�cio de conversa, foi disputado numa era pr�-Cruzeiro: fundado em janeiro daquele ano, o clube atendia pela alcunha de Palestra It�lia (ainda se tornaria Ypiranga antes de adotar o atual nome) e levava as cores verde, vermelha e branca. Do outro lado, um j� alvinegro “Athletico”.
O jogo, em um Prado Mineiro lotado (para a nossa inveja), terminou com o triunfo “tricolor” por 3 a 0.
O primeiro Atl�tico x Cruzeiro (ou Cruzeiro x Atl�tico) de fato mesmo foi disputado em 3 de maio de 1943, um amistoso no Est�dio Ant�nio Carlos, conhecido como est�dio de Lourdes, que terminou com vit�ria dos atleticanos por 3 a 1.
E aqui vale um esclarecimento, para registro hist�rico. O Cruzeiro j� era Cruzeiro desde 7 de outubro de 1942, mas a mudan�a de nome e a troca da cor foram oficializadas somente em fevereiro de 1943, devido a atraso na aprova��o do estatuto pela Federa��o Mineira de Futebol (FMF).
De toda forma, a contagem inicial deste que se tornou um dos maiores cl�ssicos do Brasil remonta a 1921. Se n�o em corpo, em esp�rito ali j� estavam Galo e Raposa, encarnados em seus antepassados.
Essa disputa que a gente se orgulha em chamar de centen�ria n�o �, no entanto, a mais antiga do Brasil. H� uma fila na frente. Para ser mais exata, outros 16 duelos regionais nascidos antes.
A lista come�a no Rio de Janeiro, com o cl�ssico Vov�, entre Fluminense e Botafogo – e n�o � dif�cil compreender a origem do apelido. Ele � disputado desde 22 de outubro de 1905 e, nesse dia, teve goleada tricolor por 6 a 0.
O segundo da rela��o � aquele que � apontado por muitos como o de maior rivalidade no Brasil: o Grenal. Em 18 de julho de 1909, os ga�chos se enfrentaram em partida que teve um placar imbat�vel at� os tempos atuais: os gremistas golearam o Colorado por 10 a 0.
Em terceiro lugar, num intervalo de apenas uma semana, vem o confronto que em Pernambuco � chamado de “Cl�ssico dos Cl�ssicos”. Em 25 de julho de 1909, o N�utico derrotou o Sport por 3 a 1.
Em seguida, uma pol�mica: o d�rbi campineiro entre Ponte Preta e Guarani. H� uma diverg�ncia sobre o primeiro duelo. Ele teria ocorrido em 1911, logo ap�s a funda��o do Bugre, segundo S�rgio Rossi, dentista e historiador da Ponte Preta (j� falecido). A Macara saiu vitoriosa por 1 a 0.
Mas os bugrinos contestam essa vers�o. Dizem que esse jogo nunca ocorreu, pois n�o h� registros da �poca para comprova��o, apenas testemunhos. Eles indicam como primeiro d�rbi o disputado em 24 de mar�o de 1912, e a� vem nova disc�rdia: segundo S�rgio Rossi, essa partida terminou com placar favor�vel � Ponte de 4 a 1. Para o Guarani, contudo, n�o h� como atestar o resultado.
Esse disse-me-disse n�o invalida a contagem geral, que prossegue com o Fla-Flu em quinto lugar: Fluminense 3 x 2 Flamengo, em 7 de julho de 1912.
O sexto cl�ssico mais antigo do Brasil tamb�m est� na Guanabara: Botafogo 1 x 0 Flamengo, em 13 de mar�o de 1913.
Surge, ent�o, um duelo entre for�as paulistas: Santos 6 x 3 Corinthians, em 22 de junho do mesmo ano.
Em oitavo lugar, chegamos � terra das Alterosas, com o Cl�ssico das Multid�es. Atl�tico e Am�rica deram o primeiro pontap� inicial em 27 de julho de 1913, com vit�ria alvinegra por 1 a 0, no campo do Prado Mineiro.
O tradicional duelo do Par�, Remo 2 x 1 Paysandu, em 10 de junho de 1914; e o Cl�ssico Rei de Natal – ABC 4 x 0 Am�rica, em 26 de setembro de 1915 –, encerram o top 10.
A partir da�, s�o seis cl�ssicos antes de finalmente chegarmos ao encontro entre Galo e Raposa.
S�o mais longevos os jogos entre Santos e Palmeiras (em 3 de outubro de 1915, o Peixe venceu o alviverde por 7 a 0); o confronto recifense entre Sport e Santa Cruz (2 a 0 para o Le�o da Ilha, em 6/5/1916); o duelo alagoano entre CSA e CRB – que terminou com vit�ria do primeiro por 1 a 0 em 7 de setembro de 1916 –; o embate entre Palmeiras e Corinthians, inaugurado com goleada palmeirense por 3 a 0 em 6 de maio de 1917; mais um cl�ssico pernambucano, Santa Cruz 3 x 0 N�utico, em 29/6/1917; e por fim a partida entre Cear� e Fortaleza, vencida pelo Cear� (2 a 0) em 17 de dezembro de 1918.
� muita hist�ria em campo, nos quatro cantos do pa�s.