
Em duas semanas de competi��o, pautas que precisam ser discutidas mais abertamente por todos – a luta contra o racismo e contra a LGBTQIA+fobia – dividiram os holofotes com os craques.
Se a busca por igualdade e respeito ainda incomoda tanto, � sinal de que � necess�rio levar mais informa��o, falar mais sobre isso, at� que as pessoas entendam que se n�o se trata da opini�o delas sobre esses fatos. S�o direitos. Muitas vezes, o direito de viver.
Racismo � crime. LGBTQIA+fobia � crime. E o futebol, como esporte popular, n�o pode fechar os olhos para isso.
Logo na primeira rodada da Euro, a discuss�o foi sobre as sele��es que se ajoelhariam e as que ignorariam o gesto que ganhou forma de manifesto contra o racismo.
O movimento surgiu nos Estados Unidos, em 2016, com Colin Kaepernick, ent�o quarterback do San Francisco 49ers. Ele se recusava a se levantar durante o hino do pa�s em protesto contra o tratamento dado aos negros. Ap�s o assassinato de George Floyd, o gesto ganhou o mundo incentivado por atletas ativistas, como o piloto de F�rmula 1 Lewis Hamilton.
Na Europa, manifestar rep�dio contra o preconceito racial, acredite, virou controv�rsia. Algumas sele��es chegaram a ser vaiadas por se posicionarem contra o racismo – que, bom ressaltar novamente, � crime. Muito presente inclusive no futebol.
Nesta semana, o segundo cap�tulo foi a causa LGBTQIA+, sigla que abrange a diversidade de orienta��o sexual.
A Prefeitura de Munique prop�s iluminar a Allianz Arena, durante o jogo entre Alemanha e Hungria, para exaltar a import�ncia da luta contra a discrimina��o, num momento em o Parlamento H�ngaro aprovou lei proibindo conte�dos considerados pr�-LGBT nas escolas.
A Uefa, organizadora da Eurocopa, proibiu, sob a alega��o de que seria uma iniciativa pol�tica, e que pol�tica e futebol n�o se misturam – outra fal�cia que costuma ser dita por a�.
Ao se posicionar contra uma manifesta��o que prega a toler�ncia, a Uefa n�o se mant�m neutra, como quer fazer supor. Ela se posiciona ao lado dos intolerantes. E h� quest�es em que os atores do futebol, como formadores de opini�o, precisam, sim, se posicionar. Foi isso que muitos fizeram a partir da�.
O lateral belga Thomas Meunier deu um forte depoimento, criticando a entidade e os preconceituosos. “Desaconselho os jogadores de futebol gays a sa�rem do arm�rio, porque as pessoas s�o est�pidas. As mentalidades n�o se desenvolveram nesse assunto”, disse.
“Estamos no s�culo 21, e as ideias medievais tiveram seu tempo. � lament�vel o que est� acontecendo com a Uefa. Aqueles que decidem tampam os ouvidos. Voc� n�o vai mudar as coisas colocando um sinal de 'n�o ao racismo' � beira do campo. Voc� tem que reagir. � necess�rio mudar”, completou o jogador, de 29 anos.
O goleiro alem�o Neuer tem usado uma bra�adeira de capit�o com as cores do arco-�ris, que simboliza a causa. A Uefa chegou a abrir investiga��o por conta disso, mas n�o levou adiante.
Durante a partida, o volante Goretzka comemorou seu gol marcado contra os h�ngaros com um gesto de cora��o com as m�os direcionado aos torcedores ultras da Hungria, que j� mostraram um cartaz anti-LGBTQIA+ nesta Euro.
Goretzka � um exemplo de atleta consciente de seu papel na sociedade. N�o � a primeira vez que ele se manifesta a favor de minorias: j� bateu de frente com movimentos nazistas e extremistas, al�m de ter participado de campanhas contra o racismo e o antissemitismo.
O clamor n�o se limitou �s quatro linhas: v�rios locais emblem�ticos de Munique foram iluminados ou receberam a bandeira colorida que simboliza a luta pela igualdade.
Em toda a Alemanha, outros clubes iluminaram seus est�dios. O Schalke, um dos mais tradicionais, postou nas redes sociais foto com as cores do arco-�ris e escreveu: “N�o se trata de provoca��o. � sobre fazer a coisa certa”.
O recado foi dado � Uefa e a todos os que ainda n�o entenderam o significado da palavra respeito. J� passou da hora de sair do discurso e partir para a pr�tica.