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Estado de Minas TIRO LIVRE

Os 20 anos do penta: da fam�lia Scolari aos perninhas r�pidas de Tite

Os lances quase surreais protagonizados pelo Brasil naquele Mundial s�o mais do que lembran�as. Viraram um marco


30/06/2022 19:36 - atualizado 30/06/2022 19:54

Ronaldo ergue a taça depois da vitória do Brasil sobre a Alemanha, na final da Copa de 2002, em Yokohama, no Japão
Ronaldo ergue a ta�a depois da vit�ria do Brasil sobre a Alemanha, na final da Copa de 2002, em Yokohama, no Jap�o (foto: Kai Pfaffenbach/Reuters - 30/6/2002)
Duas d�cadas se passaram desde que a Sele��o Brasileira conquistou seu quinto e (at� agora) �ltimo t�tulo de Copa do Mundo. Aquele time forjado no estilo passional de Luiz Felipe Scolari – com a genialidade dos Ronaldos, o jeitinho mineiro de Gilberto Silva, o carisma (e a velocidade e o f�lego) de Cafu e a seriedade dos zagueiros Roque e L�cio, entre outros – fez, naquela Copa de 2002, os brasileiros virarem madrugadas acordados para acompanhar a caminhada rumo � ta�a. �quela altura, ainda havia uma forte conex�o da torcida com a camisa amarela.

Dif�cil cravar quando isso se perdeu. A impress�o � de que essa perda de identidade se deu a partir da decepcionante campanha de 2006, na Alemanha, onde o clima de oba-oba atravessou os sonhos de um hexa considerado por muitos favas contadas.

Fato � que a magia se quebrou. Mais do que isso: hoje, os lances quase surreais protagonizados pelo Brasil naquele Mundial em solo asi�tico (como esquecer o gol de falta "sem querer" de Ronaldinho Ga�cho contra a Inglaterra ou a atua��o de gala de Ronaldo Fen�meno na final contra os alem�es, em Yokohama?) s�o mais do que lembran�as. Viraram um marco. 

Esses 20 anos de hiato constru�ram toda uma gera��o de brasileiros que n�o viram a Sele��o ser campe�. Que n�o cresceram sintonizados com o escrete canarinho.

S�o jovens que ao longo da vida usaram e colecionaram mais camisas de clubes europeus do que o uniforme do time brasileiro. Talvez nem seja culpa (s�) deles essa falta de interesse. O v�nculo n�o foi alimentado da forma como ocorria com gera��es passadas. 

Sem contar que eles pegaram uma sucess�o de frustra��es. Promessas de craques que n�o vingaram. Craques de verdade travando uma luta ingl�ria contra si mesmos.

De 2002 pra c�, n�o deu liga. Por isso, s�o v�rios os fatores ajudam a explicar essa cis�o. 

O jejum atual s� n�o � maior que os 24 anos que separaram o tri (de 1970) do tetra (1994). H�, no entanto, uma diferen�a pontual: naquela era pr�-digital, a Sele��o Brasileira ainda era a grande atra��o do pa�s. Todo mundo parava para ver.

No per�odo p�s-conquista no M�xico at� a reden��o da gera��o de Rom�rio, Bebeto, Taffarel e companhia ainda houve o encantador Brasil de Tel�, nos anos 1980. Ali, as derrotas do�am na alma. As quedas nas Copas de 1982 e 1986 est�o possivelmente entre as mais traum�ticas no cora��o de quem vivenciou aqueles momentos. A tal da conex�o existia.

J� as �ltimas elimina��es em Mundial carregaram um certo tom de pragmatismo, quase uma indiferen�a disfar�ada de conformismo. Imperou a tese de que perder faz parte. Realmente, faz. Mas, num esporte como o futebol, perder a paix�o � quase decretar o fim da linha. Sem ela nada resta, torcedor vira telespectador. Mera estat�stica. 

N�o seria justo colocar apenas sobre os ombros de Tite e de seus comandados todo esse resgate hist�rico. Afinal, � um fardo de anos. Por outro lado, � natural que esteja nos p�s deles a chance de mudar essa concep��o p�s-moderna, recuperar pelo menos um pouco da conjun��o que havia entre time e torcedores.

A Copa do Catar ser� o limiar entre o tal marco temporal do jejum. Se mais uma vez a ta�a escapar, novamente a Sele��o completar� um ciclo de 24 anos sem conquistar a principal competi��o do planeta. Mas se o trof�u vier, pode ser o ponto de uma nova virada. A esperada reconex�o. 

N�o que a expectativa esteja muita alta ou o otimismo aponte para o �xito no Catar. Contudo, n�o h� como negar que est� com os "perninhas r�pidas" de Tite – defini��o que o pr�prio treinador deu para seus jogadores, que imprimem velocidade ao jogo brasileiro – a possibilidade de reeditar a alegria que a Fam�lia Scolari deu ao pa�s e apresentar a muita gente o sentimento de ser campe�o do mundo. 

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