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Estado de Minas TIRO LIVRE

Gola�o e simpatia: Richarlison � o Brasil que a gente queria de volta

O camisa 9 n�o representa apenas a si. Ele simboliza um novo esp�rito da Sele��o Brasileira, que ficou muito claro na estreia contra a S�rvia, no Catar


24/11/2022 18:25 - atualizado 24/11/2022 23:52

Richarlison comemora o golaço de voleio marcado contra a Sérvia, na estreia do Brasil na Copa do Mundo do Catar
Richarlison comemora o gola�o de voleio marcado contra a S�rvia, na estreia do Brasil na Copa do Mundo do Catar (foto: Nelson Almeida/AFP)
Eu n�o sei voc�s, mas eu sou f� do Richarlison desde antes de ser modinha. Muito antes de ele ganhar o apelido de pombo, pela comemora��o pitoresca de gols, imitando o p�ssaro. Anos antes de ele receber sal�rio em euros ou exibir o lado poliglota ao dizer para um rep�rter gringo, numa coletiva no Catar, "I speak english, my friend" e, em seguida, soltar uma boa gargalhada - temperada por uma ponta de orgulho por ter chegado l�. Antes mesmo que ele pintasse o cabelo de loiro.

Eram tempos em que vestir a camisa da Sele��o Brasileira parecia sonho distante e disputar uma Copa do Mundo soava quase como utopia para o atacante. O que dir� marcar gols em um Mundial. Gol n�o, fa�amos justi�a: gola�o.

Eu sou f� do Richarlison raiz. Aquele que, aos 18 anos, teve passagem mete�rica pelo Am�rica. Disputou 24 jogos pela S�rie B do Campeonato Brasileiro de 2015, fez nove gols e deu tr�s assist�ncias, sem contar a movimenta��o em campo, a intelig�ncia t�tica.

Na �poca, ao v�-lo atuar com tamanha desenvoltura, t�o jovem, eu ficava pensando quem chegaria na frente para contrat�-lo: Atl�tico ou Cruzeiro. Nenhum dos dois. Foi o Fluminense que veio a BH buscar o atacante, pagando R$ 10 milh�es por 50% dos direitos dele - negocia��o recorde na hist�ria do Coelho at� ent�o.

Por ter visto Richarlison, digamos assim, nascer para o futebol, tor�o muito por ele desde ent�o. Sempre foi carism�tico e, com o passar dos anos, se mostrou um jogador consciente de seu papel como esportista, dentro e fora de campo. Na maior simplicidade, cultivando aquele jeitinho de menino de interior, que saiu de Nova Ven�cia, munic�pio de pouco mais de 50 mil habitantes do Esp�rito Santo, para ganhar o mundo.

Por isso (e outros motivos que ainda ser�o listados aqui), comemorei muito os dois gols dele que garantiram a vit�ria do Brasil sobre a S�rvia, nesta quinta-feira (24), na estreia dos comandados de Tite na Copa de 2022.

Richarlison � o Brasil que a gente queria de volta. E n�o representa apenas a si. Ele simboliza um novo esp�rito de Sele��o. Um time que vive seus melhores momentos quando a individualidade transcende para o coletivo. Uma equipe que busca o toque de bola, o companheiro mais bem colocado, a velocidade na jogada para abrir espa�os, para buscar o gols – em vez de ter um ou outro jogador que tente fazer tudo sozinho. 

Um Brasil livre da "Neymardepend�ncia" que o acometeu por tanto tempo, e hoje sabemos n�o fez bem nem ao time, nem a Neymar.

O Brasil deixou de ser samba de uma nota s� – est� mais para o conjunto harm�nico e com gingado de um Olodum.

Se o camisa 10 n�o resolve, outros aparecem para decidir a parada. E os outros n�o s�o qualquer um. S�o Richarlison e seu oportunismo; Vin�cius J�nior e sua imensa capacidade t�cnica, surpreendendo a mais cerrada das marca��es; Lucas Paquet� e a onipresen�a, na defesa e no ataque; Casemiro e seu controle absoluto no meio-campo, na maior eleg�ncia. 

Esse senso de conjunto n�o � gratuito. Ele foi ensaiado, cantado e decantado por Tite, que por alguns anos buscou a forma��o que resultasse nessa sintonia. Testou dezenas de jogadores, de variadas idades e estilos, at� chegar � receita atual, para o Catar. 

Um lance do jogo contra a S�rvia traduz bem esse novo Brasil. Enquanto Richarlison sa�a de campo aplaudido pela torcida, seguido por todas as c�meras do est�dio at� o banco e sendo analisado por narradores e comentaristas de TV, Neymar estava ca�do no gramado, se contorcendo de dor no tornozelo direito.

Fossem outros tempos, a aten��o de todos – torcedores, c�meras, narradores e comentaristas – estaria em Neymar. O olhar de dor do camisa 10 seria descrito em detalhes. A busca pela informa��o da les�o daria o tom da transmiss�o. Desta vez, todos os olhares estavam no Pombo. 

A atua��o da Sele��o na estreia da Copa foi como uma linha divis�ria, do Brasil que foi para o Brasil que �. E Richarlison � a s�ntese de um Brasil que pode ser ainda mais.  

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