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Estado de Minas REPRESENTATIVIDADE

Personagens saem do arm�rio, com orgulho!

Representatividade na cultura pop: novas produ��es revisitam personagens que agora podem se assumir LGBTQIAP+


18/01/2023 09:17 - atualizado 18/01/2023 09:44

Velma em local escuro com uma lupa na mão
Velma agora � uma menina com descend�ncia indiana que deixa evidente o seu interesse por outras garotas (foto: Reprodu��o)

“A Velma � l�sbica?” Essa pergunta, que parece uma fofoca sobre a vida alheia, me foi feita neste final de semana. A Velma em quest�o n�o � uma vizinha ou parente, mas a personagem da franquia de desenhos animados e filmes Scooby-Doo.
 
A HBO Max acabou de lan�ar uma s�rie animada adulta com Velma como protagonista da hist�ria que mostra o passado dos personagens de Scooby-Doo, quando ainda estavam estabelecendo suas rela��es de amizade e solucionando seus primeiros mist�rios.
 
Velma, que sempre foi apresentada como uma inteligente garota branca e compulsoriamente heterossexual, agora � uma menina com descend�ncia indiana que logo nos primeiros epis�dios da hist�ria deixa evidente o seu interesse por outras garotas.
 
E tem mais representatividade na s�rie: Salsicha � um rapaz negro, Daphne tem origem asi�tica e duas m�es, enquanto Fred continua rico, branco e loiro. “Mas mudaram tudo para lacrar”, j� reclamam comentaristas de f�runs de internet. Na verdade, n�o mudaram tanto assim. Velma continua sendo a garota nerd da turma que, com sua destacada perspic�cia, consegue entender pistas e desvendar mist�rios.
 
Era isso o que mais importava sobre a personagem, caracter�sticas que quem acompanhou algum desenho ou filme da franquia continuar� encontrando na nova s�rie. Os outros personagens tamb�m mant�m suas personalidades, obviamente agora tratando de novos temas e com outra linguagem, j� que � uma s�rie para adultos. 
 
As quest�es raciais e sobre a orienta��o afetivo-sexual de Velma e seus amigos nunca foram objeto central da narrativa. Alterar caracter�sticas como essas para trazer mais representatividade s� pode ter efeito ben�fico, al�m de tornar a s�rie mais semelhante ao mundo real, que � diverso.
 
Essas reclama��es que surgem quando h� um movimento por mais representatividade no audiovisual lembram o caso da Pequena Sereia da Disney, agora uma sereia negra interpretada por Halle Bailey, o que gerou uma s�rie de coment�rios racistas, de pessoas clamando por ver apenas suas sereias eternamente brancas.
 
Mas, afinal, se sereias sequer existem, por que n�o poderiam ser imaginadas como pessoas negras? Por que apenas pessoas brancas caberiam nesse imagin�rio coletivo? E voltando � Velma, por que nosso imagin�rio poderia apenas conceber a ideia de personagens fict�cios heterossexuais?
 
Velma � resultado de um movimento que tem sido feito nos �ltimos anos. A lista de personagens que se assumiram LGBTQIAP+ tem crescido e isso � muito relevante. She-ra (Netflix) constr�i uma rela��o com outra personagem feminina, o que culmina em um beijo.
 
Teela, personagem do universo de He-Men, tem um relacionamento com outra mulher na s�rie animada Masters of the Universe: Revelation (Netflix). Phastos, do filme Eternos (Disney ), � um super-her�i gay e a cena de beijo com outro homem fez o filme at� ser proibido em alguns pa�ses.
 
Batwoman (HBO Max) � l�sbica. Nos quadrinhos, alguns X-Men agora s�o pessoas LGBTQIAP nas edi��es mais recentes, como o Homem de Gelo, Kitty Pryde e Estrela Polar. E at� os remakes de novelas da Globo tem revisitado as hist�rias para trazer mais representatividade e discuss�es sobre pessoas LGBTQIAP , modernizando e corrigindo ao menos parcialmente a falta de representatividade das primeiras vers�es das novelas.

Refer�ncias LGBTQIAP importam

Uma quest�o que gera pol�mica nas novas vers�es desses personagens � a idade das crian�as que podem vir a assistir ou ler esses conte�dos. Se esse � um ponto, temos ent�o ainda mais motivos para evoluir ao tratar o assunto por meio desses e mais personagens. A sociedade tem crian�as que se identificam como LGBTQIAP desde muito cedo e n�o adianta nada negar isso, simplesmente porque essa � a realidade e negacionismo n�o muda em nada os fatos. 
 
Eu, por experi�ncia pr�pria, posso afirmar a exist�ncia dessas crian�as. Desde os primeiros anos escolares eu j� me entendia como um garotinho gay e avaliei que seria mais seguro esconder esse fato de todas as pessoas, forjando paix�es por garotas da escola, quando na verdade era apenas a maneira como aprendi a me defender do preconceito que eu sabia que sofreria. Quanto peso para uma crian�a, n�o � mesmo?
 
Que diferen�a teria feito na minha vida e nas vidas de outras milh�es de pessoas LGBTQIAP (sim, somos milh�es) se desde crian�as o conte�do que consumimos mostrasse que � normal ser como somos, que est� tudo bem. Quanta coragem e orgulho essa representatividade poderia trazer? O quanto isso poderia facilitar as rela��es familiares, pois as m�es, os pais, respons�veis e cuidadores dessas crian�as, consumindo esses conte�dos com elas, poderiam aprender muito tamb�m e criar espa�os mais seguros e saud�veis para elas, inclusive dentro de casa. 
 
Entretenimento, arte e cultura tamb�m educam e informam crian�as, jovens e adultos. Tamb�m ajudam a quebrar tabus e abrem espa�os para importantes conversas. Quem sabe essa repaginada nos personagens seja um passo a mais para criar condi��es para um di�logo franco em casa e para que pessoas LGBTQIAP de todas as idades possam ter mais abertura em seus espa�os de conviv�ncia para serem quem s�o e n�o precisarem se esconder nesse lugar t�o incomodo que � o arm�rio.

Agenda Queer

Teatro

A pe�a “Certos Rapazes, o nosso amor a gente inventa” est� em cartaz na 48ª Campanha de Populariza��o Teatro & Dan�a e aborda a rela��o de Guilherme, para quem ser assumidamente gay � algo libertador, e Pedro Henrique, que n�o pensa em assumir publicamente a sua homossexualidade.
20 a 22 jan | Sex e S�b: 21h, Dom: 19h30
Teatro Nossa Sra. das Dores.

Cinema

Est� em cartaz em diversas salas de cinema a cinebiografia I Wanna Dance With Somebody: A Hist�ria de Whitney Houston, que aborda a carreira e vida pessoal da cantora, inclusive a sua bissexualidade, retratada no filme a partir do namoro vivido pela artista com a sua assistente Robyn Crawford.

Dicas de rol�

O bloco Truck do Desejo tem ensaio de carnaval marcado para o pr�ximo domingo, dia 22, a partir das 9h30, na Apoema. Rua Artur de S�, 380, Uni�o. 

A @bsurda faz seu pr�-carnaval no dia 27 de janeiro, a partir das 22h, na Aut�ntica. Rua �lvares Maciel, 312 - Santa Efig�nia.

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