
Hannah Arendt (1906-1975), a fil�sofa judia de origem alem� que cunhou o conceito de “banalidade do mal” no livro Eichmann em Jerusal�m, criou grande pol�mica ao afirmar que a massifica��o da sociedade gerou uma multid�o incapaz de fazer julgamentos, aceitando e cumprindo ordens sem questionar.
Por essa raz�o, Adolf Eichmmann, raptado pelos servi�os secretos israelitas na Argentina em 1960, e julgado em Jerusal�m (caso que a fil�sofa acompanhou de corpo presente no tribunal, numa reportagem para a revista The New Yorker), n�o � tratado como um monstro.
Ela o considerou apenas um funcion�rio zeloso que foi incapaz de resistir �s ordens que recebeu, embora fosse um dos respons�veis pela execu��o da chamada “solu��o final”, o Holocausto.
Por essa raz�o, Adolf Eichmmann, raptado pelos servi�os secretos israelitas na Argentina em 1960, e julgado em Jerusal�m (caso que a fil�sofa acompanhou de corpo presente no tribunal, numa reportagem para a revista The New Yorker), n�o � tratado como um monstro.
Ela o considerou apenas um funcion�rio zeloso que foi incapaz de resistir �s ordens que recebeu, embora fosse um dos respons�veis pela execu��o da chamada “solu��o final”, o Holocausto.
Arendt escandalizou a comunidade judaica ao citar exemplos de judeus e institui��es judaicas que se submeteram aos nazistas ou cumpriram as suas diretivas sem questionar.
A autora de As origens do totalitarismo, A condi��o humana, Sobre a viol�ncia e Homens em tempos sombrios merece ser revisitada nesses momentos nebulosos que a sociedade brasileira atravessa, a prop�sito da cita��o de trechos do ide�logo nazista Joseph Goebbels pelo dramaturgo Roberto Alvim, rec�m-exonerado do cargo de secret�rio de Cultura do governo Bolsonaro por esse motivo.
Disc�pulo de Olavo de Carvalho, gozava de grande prest�gio junto ao chefe do governo, a ponto de o presidente Jair Bolsonaro, numa live quinta-feira passada, ter afirmado: “Ao meu lado, aqui, o Roberto Alvim, o nosso secret�rio de Cultura. Agora temos, sim, um secret�rio de Cultura de verdade. Que atende ao interesse da maioria da popula��o brasileira, popula��o conservadora e crist�”.
''O v�deo de Alvim foi o auge de uma s�rie de fatos nos quais o ex-secret�rio procurou implantar uma pol�tica cultural reacion�ria, de inspira��o - agora est� comprovado - nazista''
A autora de As origens do totalitarismo, A condi��o humana, Sobre a viol�ncia e Homens em tempos sombrios merece ser revisitada nesses momentos nebulosos que a sociedade brasileira atravessa, a prop�sito da cita��o de trechos do ide�logo nazista Joseph Goebbels pelo dramaturgo Roberto Alvim, rec�m-exonerado do cargo de secret�rio de Cultura do governo Bolsonaro por esse motivo.
Disc�pulo de Olavo de Carvalho, gozava de grande prest�gio junto ao chefe do governo, a ponto de o presidente Jair Bolsonaro, numa live quinta-feira passada, ter afirmado: “Ao meu lado, aqui, o Roberto Alvim, o nosso secret�rio de Cultura. Agora temos, sim, um secret�rio de Cultura de verdade. Que atende ao interesse da maioria da popula��o brasileira, popula��o conservadora e crist�”.
O v�deo de Alvim foi o auge de uma s�rie de fatos nos quais o ex-secret�rio procurou implantar uma pol�tica cultural reacion�ria, de inspira��o – agora est� comprovado – nazista. Num v�deo institucional, o dramaturgo interpretou o papel do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels, tendo a Cruz de Lorena como ins�gnia no cen�rio; como trilha sonora, a �pera Lohengrin, de Richard Wagner, compositor favorito de Adolf Hitler.
O mais grave foi ter utilizado o conceito de cultura de Goebbels, num trecho de sua fala, na qual imitava o ar sisudo do pol�tico nazista: “A arte brasileira da pr�xima d�cada ser� her�ica e ser� nacional, ser� dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e ser� igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada �s aspira��es urgentes do nosso povo – ou ent�o n�o ser� nada”.
Bagrinho
No texto original de Joseph Goebbels, reproduzido numa biografia do historiador alem�o Peter Longerich, fica comprovada a cita��o, sem refer�ncia ao autor, � claro, porque a� tamb�m j� seria bandeira demais: “A arte alem� da pr�xima d�cada ser� heroica, ser� ferreamente rom�ntica, ser� objetiva e livre de sentimentalismo, ser� nacional com grande pathos (pot�ncia emocional) e igualmente imperativa e vinculante, ou ent�o n�o ser� nada”.
Ocorre que, como sabemos, essas coisas n�o passam despercebidas no mundo da cultura. Goebbels foi o que seria hoje o marqueteiro de Hitler, montou uma m�quina de propaganda formid�vel, respons�vel pela tal “banaliza��o do mal”. Seu fanatismo era tanto que foi nomeado seu sucessor por Hitler, antes de se suicidar; Goebbels preferiu seguir o exemplo do chefe, mas antes matou a mulher e os seus seis filhos.
Ocorre que, como sabemos, essas coisas n�o passam despercebidas no mundo da cultura. Goebbels foi o que seria hoje o marqueteiro de Hitler, montou uma m�quina de propaganda formid�vel, respons�vel pela tal “banaliza��o do mal”. Seu fanatismo era tanto que foi nomeado seu sucessor por Hitler, antes de se suicidar; Goebbels preferiu seguir o exemplo do chefe, mas antes matou a mulher e os seus seis filhos.
Goebbels era chefe de propaganda do Partido Nazista e foi protagonista da tomada do poder em 1933, ao conseguir convencer a opini�o p�blica de que Hitler era a melhor op��o para aquele momento. Como ministro da Informa��o e Propaganda, atuou para que os meios de comunica��o social e as institui��es culturais difundissem o ideal nazista, sendo respons�vel por convencer a sociedade alem� de que os crimes cometidos pelo nazismo, como a Noite dos Cristais, eram justific�veis. Na ocasi�o, em 1938, foram destru�das sinagogas, casas e lojas de judeus, era o come�o do Holocausto.
Voltando ao tema da banalidade do mal, Alvim nem de longe pode ser comparado a Goebbels. Chefiava o Centro de Artes C�nicas (Ceacen) da Funarte, quando declarou apoio ao ent�o candidato do PSL. Com as devidas ressalvas, seu papel � mais semelhante ao de Adolf Eichmmann, o burocrata que mandava os judeus para os campos de exterm�nio.
Faz parte do grupo de bagrinhos das mais diversas �reas que ocupam cargos importantes no governo por afinidade ideol�gica ou mero oportunismo, para cumprir ordens, mas descambou do conservadorismo dos costumes para o discurso do �dio. Quando estava na Funarte, Alvim costumava destacar a necessidade de se combater o “marxismo cultural”, uma express�o amplamente utilizada na Alemanha nazista. Viu seu prest�gio com Bolsonaro aumentar ao atacar, com ofensas, a atriz Fernanda Montenegro.
Faz parte do grupo de bagrinhos das mais diversas �reas que ocupam cargos importantes no governo por afinidade ideol�gica ou mero oportunismo, para cumprir ordens, mas descambou do conservadorismo dos costumes para o discurso do �dio. Quando estava na Funarte, Alvim costumava destacar a necessidade de se combater o “marxismo cultural”, uma express�o amplamente utilizada na Alemanha nazista. Viu seu prest�gio com Bolsonaro aumentar ao atacar, com ofensas, a atriz Fernanda Montenegro.