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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Aberto novo ciclo de investiga��es criminais no Rio, com pris�o de Crivella

Deten��o domiciliar � parte de opera��o que apura supostas irregularidades envolvendo o partido Republicanos e a Igreja Universal do Reino de Deus


23/12/2020 00:00 - atualizado 23/12/2020 08:24

Polícia deve averiguar se, de fato, o prefeito afastado estava obstruindo a Justiça e tentando eliminar provas, o que justificaria sua detenção a 10 dias de transmitir o cargo (foto: Tânia Rego/Agência Brasil)
Pol�cia deve averiguar se, de fato, o prefeito afastado estava obstruindo a Justi�a e tentando eliminar provas, o que justificaria sua deten��o a 10 dias de transmitir o cargo (foto: T�nia Rego/Ag�ncia Brasil)

Refr�o: “Cidade maravilhosa,/ Cheia de encantos mil!/ Cidade maravilhosa,/ Cora��o do meu Brasil! (Bis)”. Primeira parte: “Ber�o do samba e das lindas can��es/ Que vivem n'alma da gente,/ �s o altar dos nossos cora��es/ Que cantam alegremente”. Segunda parte: “Jardim florido de amor e saudade,/ Terra que a todos seduz, /Que Deus te cubra de felicidade, /Ninho de sonho e de luz”. O velho S�rgio Cabral, pai, foi quem me chamou a aten��o para o fato de que o famoso hino carioca Cidade Maravilhosa, de autoria de Andr� Filho,  come�a como se a orquestra fosse tocar uma sinfonia e logo vira marchinha de carnaval.
 
Coube ao maranhense Coelho Neto — que hoje empresta o nome a um dos sub�rbios cariocas da antiga Central do Brasil  —, cunhar a express�o “cidade maravilhosa”, num artigo publicado no jornal A Not�cia, em 1908. Mais tarde, em 1928, publicaria um livro de contos com esse t�tulo. Era �poca em que a antiga capital da Rep�blica fervilhava, em todos os sentidos, aspirando � condi��o de Paris dos tr�picos, ambi��o criada ap�s a reforma urbana do prefeito Pereira Passos, no come�o do s�culo. O jornalista Ruy Castro relata essa �poca no livro Metr�pole � beira mar (Companhia das Letras).
 
A marchinha surgiu logo depois, em 1934, mas somente fez sucesso no carnaval do ano seguinte. A primeira parte da m�sica � realmente sinf�nico, plagiado de Mimi � una civetta, o terceiro ato da �pera La Boh�me, de Puccini. Andr� Filho era amigo de Noel Rosa, com quem divide a autoria do samba Filosofia, gravado por M�rio Reis, em 1933. A amizade entre ambos, por�m, gerou controv�rsias sobre a autoria do hino carioca, que alguns atribuem ao poeta de Vila Isabel, como registrou Jacy Pacheco, em Noel Rosa e sua �poca: “Aqui nos lembramos de composi��es que ele deu e que vendeu. Que foram divulgadas com outros nomes... dentro da cidade maravilhosa, cheia de encantos mil...” Pode ser pura maldade.
 
Andr� Filho morou na casa da m�e do m�sico Oscar Bol�o entre o final dos anos 50 at� in�cio dos 60. Como sofria de problemas psiqui�tricos, acabou internado no hospital da Ordem do Carmo. Ali, quando soube, tempos depois, por meio de um rep�rter do Di�rio da Noite, que Cidade Maravilhosa tinha sido reconhecida como marcha oficial da cidade do Rio de Janeiro — por meio da Lei n.o 5, de 5 de maio de 1960 —, segundo Bol�o, enfiou a cabe�a dentro do vaso sanit�rio e, dando descarga, gritava: "t� rico, t� rico”. Multi-instrumentista (piano, viol�o, bandolim, violino, banjo, percuss�o), compositor, cantor e radialista, ficou �rf�o muito cedo, sendo por isso criado pela av�. Come�ou a estudar m�sica erudita aos oito anos com Pascoale Gambardella, e formou-se em ci�ncias e letras no Col�gio Salesiano de Niter�i, RJ, onde foi colega de Henrique For�is Domingues, o Almirante.
 

S�sifo

Cronista esportivo e historiador do samba, o velho Cabral dizia que Cidade Maravilhosa era uma s�ntese da alma do Rio de Janeiro: “tudo vira marchinha carnaval”. E n�o � que ontem � tarde j� havia virado meme nas redes sociais uma marchinha sobre a pris�o do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Intitulada Bispo no xadrez, a marchinha � muito cruel: “Crivella,  Crivella/ Pode entrar / J� aben�oamos a sua cela”, diz o refr�o. E segue adiante: “� essa aqui que escolhemos pro senhor/ Fica ao lado da do governador/ Tem um palquinho pra fazer os seus serm�es/ Os carcereiros s�o seus novos guardi�es (...)”. � mais uma m�sica de carnaval que vai para o acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS), criado por Almirante. A verdadeira hist�ria dos cariocas � contada pelo samba e pelas marchinhas de carnaval. Est� registrada no acervo do MIS, com cerca de 305 mil documentos, entre discos, partituras, fotos, cartas, textos e v�deos.
 
Voltando ao prefeito Crivella, h� s�rias d�vidas sobre a necessidade de sua pris�o, a dez dias de passar o cargo para o prefeito eleito, Eduardo Paes (DEM). � preciso comprovar que estava obstruindo a Justi�a e tentando eliminar provas.  Do ponto de vista pol�tico, por�m, a pris�o do prefeito carioca abre um novo ciclo de investiga��es criminais no Rio de Janeiro, envolvendo o partido republicanos e a Igreja Universal do Reino de Deus. A pris�o de Crivella deve ter deixado o presidente Jair Bolsonaro bastante cabreiro, devido �s investiga��es que envolvem seus filhos, o senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), muito pr�ximos de Crivella, tamb�m no �mbito do Minist�rio P�blico e da Justi�a fluminense. A postagem bolada de Bolsonaro no Twitter, ontem � tarde, alusiva � s�ndrome de S�sifo, tem tudo a ver com a Cidade Maravilhosa.

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