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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Por que tanta gente apoia atitudes negativas do presidente Jair Bolsonaro?

Afinal, muitas de suas a��es t�m consequ�ncia tr�gicas para a sociedade, principalmente, por causa do avan�o da pandemia de COVID-19


13/06/2021 04:00 - atualizado 13/06/2021 10:02

Bolsonaro durante passeio de moto em São Paulo: banalização das atitudes negacionistas(foto: MIGUL SCHINCARIOL/AFP)
Bolsonaro durante passeio de moto em S�o Paulo: banaliza��o das atitudes negacionistas (foto: MIGUL SCHINCARIOL/AFP)


Nesse s�bado (12/6), sem m�scara, o presidente Jair Bolsonaro participou de mais um desfile de motos, desta vez em S�o Paulo, reunindo milhares de partid�rios motorizados que o apoiam.

Na sexta-feira, em S�o Mateus (ES), Bolsonaro se referiu aos cr�ticos como “os que buscam o poder pelo poder” e se definiu como “um presidente que acredita em Deus, que � leal ao seu povo, que acredita nos militares e que nunca jogou fora das quatro linhas da Constitui��o”.

Na quinta-feira, havia recomendado ao ministro da Sa�de, “um tal de (Marcelo) Queiroga”, que decretasse o fim do uso obrigat�rio de m�scaras durante a pandemia, sem levar em conta que a m�dia de �bitos por COVID-19 continua alt�ssima.

Opini�o sem medo: 'Adeus, bolsonaristas, n�o quero mais voc�s perto de mim'

A banaliza��o das atitudes negacionistas e antidemocr�ticas divide o pa�s. Uma parte da popula��o endossa qualquer ato ou gesto do presidente da Rep�blica e advoga uma ordem pol�tica na qual ele concentre todo o poder, ou seja, um Estado de exce��o. Esse tipo de pensamento circula intensamente nos grupos de WhatsApp e outras redes sociais, enraizando comportamentos pautados pelo preconceito, pela exclud�ncia e pelo �dio. Em qualquer ambiente social, o clima pol�tico n�o � nada bom para o di�logo e a boa conviv�ncia.

A fil�sofa judia-alem� Hannah Arendt (1906-1975), ap�s testemunhar o julgamento do criminoso nazista Adolph Eichmann, escreveu um livro (“Eichmann em Jerusal�m”, Companhia das Letras) no qual sugere que o mal n�o prov�m necessariamente da malevol�ncia ou do desejo de fazer o mal. Na d�cada de 1960, Adolf Eichmann fora capturado na Argentina por agentes do Mossad, a pol�cia secreta de Israel, e transportado para Jerusal�m, onde ocorreu o famoso julgamento do criminoso nazista. Eichmann era imaginado como um homem sanguin�rio, mas o julgamento mostrou um burocrata de carreira sem maior import�ncia, que tinha por objetivo primordial vencer na vida a todo custo, cheio de esperan�as, incapaz de refletir sobre as consequ�ncias de suas a��es: mandar centenas de milhares de judeus para as c�maras de g�s e cremat�rios.

Estado de exce��o

Eichmann poderia frequentar qualquer ambiente social sem nem sequer ser notado. Foi com base na sua personalidade e no seu julgamento que Arendt elaborou sua teoria sobre a “banalidade do mal”. Para a fil�sofa, as pessoas agem de certa maneira por sucumbir �s falhas de seus pr�prios julgamentos e pensamentos. A recusa em ver as pessoas que cometem atos dessa natureza como “monstros”, como no caso de Eichmann, traz para o nosso cotidiano esse tipo de a��o. N�o se trata apenas de examinar as falhas de sistema pol�tico, devemos examinar tamb�m as falhas de julgamentos e pensamentos de cada um de n�s. A ideia de que o mal � uma coisa banal n�o elimina os horrores de suas consequ�ncias, como a morte recente de uma jovem gr�vida no Lins de Vasconcelos, em mais uma opera��o policial no Rio de Janeiro.

Por que tanta gente apoia essas atitudes negativas de Bolsonaro, mesmo sabendo que muitas de suas a��es t�m consequ�ncias tr�gicas para a sociedade, como no caso da crise sanit�ria que estamos vivendo?  Porque o conservadorismo da sociedade � o ber�o das suas ideias mais reacion�rias. Um empres�rio satisfeito com os pr�prios neg�cios na pandemia pode muito bem ignorar o que ocorre ao seu redor e achar que tudo vai muito bem, obrigado.

Um militar austero que a vida inteira economizou para chegar ao fim do m�s com as contas em dia n�o tem do que reclamar se ocupar um cargo comissionado que multiplicou sua renda mensal. Um caminhoneiro que abastece seu ve�culo com diesel subsidiado tamb�m n�o. O agricultor que se beneficia da alta do d�lar na exporta��o de sua produ��o a mesma coisa. O problema � o que ronda tudo isso.

Um dos grandes cr�ticos do liberalismo foi o jurista alem�o Carl Schmitt (1888-1985). Segundo ele, os pressupostos do liberalismo n�o davam conta das situa��es excepcionais, nas quais algu�m deveria ter a possibilidade de suspender as leis, ou seja, decidir quando a situa��o est� normal ou excepcional. A vida estaria acima da lei, da� a possibilidade de ignor�-la para proteger o Estado e os cidad�os. Schmitt foi um ide�logo do Estado nazista, o que liquidou sua carreira ap�s a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, alguns conceitos de Schmitt sobre a pol�tica, a distin��o entre amigo e inimigo e a excepcionalidade foram exumados por conservadores e pensadores pol�ticos de direita, principalmente depois dos atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos.  Suas ideias tamb�m circulam no Brasil.

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