(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Um breve passeio pela Hist�ria exp�e o retrocesso que o Brasil vive hoje

Governo Bolsonaro tem culto � lei do mais forte e � justi�a pelas pr�prias m�os e perda do monop�lio da viol�ncia pelo Estado, com venda indiscriminada de armas


25/08/2021 04:00 - atualizado 25/08/2021 07:38

Bolsonaro confronta instituições e estimula apoiadores a agredi-las(foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)
Bolsonaro confronta institui��es e estimula apoiadores a agredi-las (foto: MARCELO CAMARGO/AG�NCIA BRASIL)
A confer�ncia ''A pol�tica como voca��o'', do soci�logo alem�o Max Weber, em 1918, na Universidade de Munique, publicada em livro no ano seguinte, � um cl�ssico da ci�ncia pol�tica e obra de refer�ncia para os jornalistas, cuja atividade � insepar�vel da pol�tica. Weber dizia que somos uma esp�cie de ''casta de p�rias'' e ''as mais estranhas representa��es sobre os jornalistas e seu trabalho s�o, por isso, correntes''. Com raz�o, afirmava que a vida do jornalista � muitas vezes ''marcada pela pura sorte'', sob condi��es que ''colocam � prova constantemente a seguran�a interior, de um modo que muito dificilmente pode ser encontrado em outras situa��es.''

 

''A experi�ncia com frequ�ncia amarga na vida profissional talvez n�o seja nem mesmo o mais terr�vel. Precisamente no caso dos jornalistas exitosos, exig�ncias internas particularmente dif�ceis lhe s�o apresentadas. N�o � de maneira alguma uma iniquidade lidar nos sal�es dos poderosos da terra aparentemente no mesmo p� de igualdade (…) Espantoso n�o � o fato de que h� muitos jornalistas humanamente disparatados ou desvalorizados, mas o fato de, apesar de tudo, precisamente essa classe encerra em si um n�mero t�o grande de homens valiosos e completamente aut�nticos, algo que os outsiders n�o suporiam facilmente''. Naquela �poca, as mulheres ainda n�o eram a maioria na categoria; mesmo assim, mais de 100 anos depois, suas observa��es s�o atual�ssimas e servem para elas, principalmente as que est�o em come�o de carreira.

 

O tema da viol�ncia faz parte da vida dos jornais; n�o raro, os jornalistas s�o as v�timas, como acontece agora no Afeganist�o. Nos grot�es do nosso pa�s, ainda hoje, segundo a Associa��o Brasileira de Imprensa (ABI), s�o constantes as intimida��es e n�o raros os assassinatos de profissionais de imprensa. Na revolu��o digital, os jornalistas perderam o monop�lio da not�cia; n�o h� fato relevante que n�o seja registrado pelo celular de um cidad�o comum. Mesmo assim, somos diariamente desafiados a desnudar a verdade e confrontados por fake news, poderosos instrumentos de luta pol�tica contra o Estado democr�tico. Nessa guerra entre a verdade e as mentiras, os jornalistas s�o a infantaria da democracia, com a miss�o de desarmar seus inimigos.

 

Voltemos a Max Weber. A express�o monop�lio da viol�ncia (“gewaltmonopol des staates'') foi cunhada por ele, como atriburo do Estado ocidental moderno, ou seja, o uso leg�timo da for�a f�sica dentro de um determinado territ�rio em defesa da sociedade. Esse poder de coer��o � exercido pelo Estado por meio de seus agentes leg�timos (“font-weight:normal"). O conceito tem origem hobbesiana, inspirado na figura do Leviat�, o mito fel�cio relatado no “Livro de J�”, um monstro gigantesco, meio drag�o meio crocodilo, que vivia num lago e tinha como miss�o defender os peixes mais fracos dos peixes mais fortes. O ingl�s Thomas Hobbes, um dos pais do Estado moderno, fez essa analogia em 1651 (Leviat�), para responder duas quest�es: como as sociedades foram formadas e como devem ser governadas?

 

Lei do mais forte

� dele a famosa frase “homini lupus homini” (o homem � o lobo do homem), justamente por sermos ego�stas e entrarmos em conflito uns com os outros. Apesar de ego�stas, por�m, temos racionalidade e “medo da morte violenta”. Para Hobbes, era poss�vel abrir m�o da liberdade total e fazer um pacto, o “contrato social”, para sair da vida solit�ria e selvagem, ou seja, do ‘estado de natureza’, e v�o viver juntos, sob um poder soberano, no 'estado civil', ou seja, em sociedade. Entretanto, para isso, � preciso um poder que os obrigue a respeitarem o contrato.

 

O Estado sozinho, por�m, n�o resolve o problema. � preciso garantir liberdade e direitos aos cidad�os. � a� que John Stuart Mill, no s�culo 19, ou seja, dois s�culos depois, entra em cena. Em ''Sobre a liberdade'' (1859), Mill resumiu: o Estado deve preservar a autonomia individual e, ao mesmo tempo, evitar a tirania da maioria. Tudo � permitido ao indiv�duo, desde que as suas a��es n�o causem danos a terceiros. Todas as pessoas podem desenvolver de maneira aut�noma o seu projeto de vida; a sociedade deve proteger a liberdade de indiv�duos se desenvolverem de modo aut�nomo e, em troca, os seus membros n�o devem interferir nos direitos legais alheios; os danos que s�o causados a outras pessoas t�m como consequ�ncia uma puni��o proporcional.

 

Esse breve passeio pela Hist�ria das ideias pol�ticas mostra o enorme retrocesso que estamos vivendo no governo Bolsonaro, devido ao culto � lei do mais forte e � justi�a pelas pr�prias m�os; e � perda do monop�lio da viol�ncia pelo Estado, em raz�o da venda indiscriminada de armas, da forma��o de mil�cias privadas e de falanges pol�ticas armadas, al�m do engajamento de agentes armados do Estado em disputas pol�ticas.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)