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Estado de Minas ENTRE LINHAS

O fracasso do leil�o de blocos ofertados pela Ag�ncia Nacional de Petr�leo

O Brasil era protagonista mundial na quest�o ambiental, por causa da legisla��o existente e da pol�tica oficial


08/10/2021 04:00 - atualizado 08/10/2021 07:10

Ricardo Salles
O Brasil continua passando a boiada, como diria o ex-ministro Ricardo Salles (foto: SERGIO LIMA/AFP)
Muito emblem�tico o desfecho do leil�o de 92 blocos ofertados ontem pela Ag�ncia Nacional de Petr�leo, G�s e Biocombust�veis (ANP) para explora��o de petr�leo e g�s natural: apenas 5 dos 92 blocos foram arrematados.

Estavam distribu�dos em 11 setores das bacias Campos, Pelotas, Potiguar e Santos. Entre as �reas que n�o receberam proposta, felizmente, est�o os lotes pr�ximos a Fernando de Noronha, onde, segundo ambientalistas, a explora��o oferece riscos � fauna marinha. Foram arrematados 2 blocos do setor SS-AP4 e 3 blocos no setor SS-AUP4, ambos na Bacia de Santos. Das nove empresas se inscreveram para participar da disputa, apenas duas fizeram ofertas.

A Shell arrematou sozinha 4 dos cinco blocos e formou cons�rcio com a Ecopetrol para arrematar o quinto. Inscreveram-se no leil�o Petrobras; Chevron Brasil �leo e G�s Ltda.; Total Energies EP Brasil Ltda.; Ecopetrol �leo e G�s do Brasil Ltda.; Murphy Exploration & Production Company; Karoon Petr�le o e G�s Ltda.; Wintershall Dea do Brasil Explora��o e Produ��o Ltda; e 3R Petroleum �leo e G�s S.A. A ANP arrecadou R$ 37 milh�es em b�nus de assinatura, um investimento previsto de R$ 136 milh�es.

H� dois anos n�o se realizavam leil�es, mas o desinteresse de investidores j� havia sido registrado na rodada de outubro de 2019, na qual foram arrematados apenas 12 dos 36 blocos explorat�rios ofertados pela ANP. Entretanto, � �poca, houve um recorde de arrecada��o: R$ 8,915 bilh�es; agora, n�o. Talvez tenha sido esse o �ltimo grande leil�o, o futuro dir�. Quanto mais profunda a camada pr�-sal, mais cara e complexa � a explora��o.

A forte presen�a da Shell tem uma explica��o. Com 900 funcion�rios, a empresa est� no Brasil h� mais de 100 anos, tem forte participa��o no cons�rcio de Libra e conseguiu manter no Brasil o seu “cluster” de explora��o, um arranjo que envolve centenas de empresas, milhares de t�cnicos e muita tecnologia, mas que costuma migrar para outras fronteiras de petr�leo quando o ciclo de explora��o � � interrompido por algum motivo.

Para dar lucro, da pesquisa geol�gica � distribui��o do produto, esse arranjo produtivo precisa ser renovado, o que somente � poss�vel com a previsibilidade e regularidade dos leil�es. Quando s�o interrompidos, capitais, recursos humanos, financeiros e tecnol�gicos se dispersam, o Rio de Janeiro que o diga.

H� fatores mais importantes, por�m, influenciando a desmobiliza��o dos investidores. O primeiro � a reestrutura��o da economia mundial, globalizada, que est� transitando do carbono para a energia limpa. Os melhores exemplos s�o a substitui��o de termoel�tricas por usinas de energia solar e a produ��o em massa de carros el�tricos. Europa e Estados Unidos j� est�o em pleno processo de convers�o para a energia limpa, o que vem tendo forte impacto no mercado de petr�leo.

N�o � � toa que os pa�ses produtores de petr�leo, liderados pela Ar�bia Saudita e pela R�ssia, reduziram a produ��o e jogaram os pre�os dos combust�veis para cima. Ou seja, h� uma revolu��o energ�tica em curso, impulsionando a nova economia.

O segundo, com certeza, � a centralidade do conceito de sustentabilidade na agenda globalista, na qual o Brasil adotou uma posi��o marginal. Em abril, os Estados Unidos, sob a lideran�a do presidente Joe Biden, voltaram a ter protagonismo no debate sobre as mudan�as clim�ticas.

No pr�ximo m�s, no Reino Unido, ser� realizada a Confer�ncia da ONU sobre Mudan�as Clim�ticas (COP). EUA, China, �ndia, R�ssia e Brasil est�o entre os 17 pa�ses que respondem por 80% da s emiss�es globais de CO2.

A press�o internacional sobre esses pa�ses por causa do aquecimento global somente aumenta. As grandes expectativas s�o em rela��o � China, que promete um programa revolucion�rio de redu��o das emiss�es de CO2, e o Brasil, que continua “passando a boiada”, como diria o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

Nova agenda

A nossa vanguarda do combate � degrada��o ambiental, principalmente �s queimadas e desmatamentos, sempre foram os ambientalistas e t�cnicos dos �rg�os governamentais, entre os quais o Ibama e o CMBio. Sempre houve problemas ambientais, mas o Brasil era protagonista mundial na quest�o ambiental, por causa da legisla��o existente e da pol�tica oficial de combate aos crimes ambientais.

O presidente Jair Bolsonaro inverteu a situa��o, ao implodir as pol�ticas p�blicas e estimular os predadores do meio ambiente. Agora, por�m, uma nova situa��o est� sendo criada, porque as empresas brasileiras inseridas nas cadeias de com�rcio global e no mercado financeiro internacional est�o aderindo �s recomenda��es do F�rum Econ�mico Mundial e passaram a ver a sustentabilidade como um dos eixos do ambiente de neg�cios. Essa alian�a entre ambientalistas, t�cnicos governamentais e lideres empresariais est� come�ando a virar o jogo.

Entretanto, a pol�tica continua sendo decisiva e, na atual legislatura, a agenda da sustentabilidade no Congresso est� sob ataque do Centr�o, em seus m�ltiplos aspectos, desde a legisla��o em rela��o a florestas e mananciais � quest�o das terras ind�genas.

Um amplo espectro de for�as, que v�o da direita a esquerda, em raz�o de uma agenda desenvolvimentista, ainda prioriza a velha economia, em lugar da nova pol�tica globalista e da economia do conhecimento. � como se regred�ssemos ao velho debate agrarismo versus industrialismo de 100 anos atr�s.


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