
Criado em 1901, o pr�mio Nobel da Paz n�o foi capaz de impedir as duas grandes guerras mundiais do s�culo passado, mas contribuiu muito para que a pol�tica internacional deixasse de ser monop�lio dos chefes de Estado, diplomatas e militares, projetando personalidades que efetivamente contribu�ram para que a paz se consolidasse como um valor universal.
Ironicamente, seu criador, Alfred Nobel, era um industrial, inventor e fabricante de armamentos sueco. Por sua decis�o, um comit� de cinco pessoas indicadas pelo Parlamento da Su�cia anualmente escolhe aqueles que se destacaram por trabalhar pela fraternidade entre as na��es, pela aboli��o ou redu��o de ex�rcitos permanentes e pela paz.
Pol�mico, nos �ltimos anos o pr�mio vem sendo destinado a pessoas que enfrentam situa��es limites em seus respectivos pa�ses, como os jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, nas Filipinas e na R�ssia, respectivamente, os premiados de 2021.
Ironicamente, seu criador, Alfred Nobel, era um industrial, inventor e fabricante de armamentos sueco. Por sua decis�o, um comit� de cinco pessoas indicadas pelo Parlamento da Su�cia anualmente escolhe aqueles que se destacaram por trabalhar pela fraternidade entre as na��es, pela aboli��o ou redu��o de ex�rcitos permanentes e pela paz.
Pol�mico, nos �ltimos anos o pr�mio vem sendo destinado a pessoas que enfrentam situa��es limites em seus respectivos pa�ses, como os jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, nas Filipinas e na R�ssia, respectivamente, os premiados de 2021.
A jovem Walelasoetxeige Suru�, mais conhecida como Txai Suru�, de 24 anos, filha de Almir Suru�, de 47, l�der dos povos Suru� de Rond�nia, confirma a quebra do monop�lio da pol�tica internacional.
At� ent�o, era conhecida apenas por ambientalistas e outras jovens lideran�as ind�genas, mas encantou o mundo ao discursar em ingl�s na abertura da Confer�ncia do Clima (COP-26), em Glasgow, na Esc�cia, para uma plateia que reunia entre outros o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a primeira-ministra da Alemanha, �ngela Merkel.
Foi a �nica brasileira a participar da abertura, num inevit�vel confronto de imagem e objetivos com o presidente Jair Bolsonaro, que gravou uma mensagem e foi passear pela It�lia, desprestigiado. Tornou-se uma personalidade mundial na luta contra o aquecimento global. � minha candidata ao Nobel de 2022.
At� ent�o, era conhecida apenas por ambientalistas e outras jovens lideran�as ind�genas, mas encantou o mundo ao discursar em ingl�s na abertura da Confer�ncia do Clima (COP-26), em Glasgow, na Esc�cia, para uma plateia que reunia entre outros o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a primeira-ministra da Alemanha, �ngela Merkel.
Foi a �nica brasileira a participar da abertura, num inevit�vel confronto de imagem e objetivos com o presidente Jair Bolsonaro, que gravou uma mensagem e foi passear pela It�lia, desprestigiado. Tornou-se uma personalidade mundial na luta contra o aquecimento global. � minha candidata ao Nobel de 2022.
O veterano l�der ind�gena Marcos Terena, um dos fundadores da Alian�a dos Povos da Floresta, com A�rton Krenak e Chico Mendes, n�o se cansa de me falar que as jovens lideran�as ind�genas s�o a grande esperan�a de que a causa ind�gena chegar� a um outro patamar.
“N�s agora temos �ndios doutores, m�dicos, advogados, antrop�logos, bi�logos, cineastas… S�o lideran�as jovens que mant�m suas liga��es com as aldeias e respeitam as lideran�as mais velhas, somam os antigos saberes aos novos conhecimentos”.
Terena foi o primeiro “�ndio piloto”, viveu os conflitos da tradu��o de identidade. Quando jovem, era chamado de “japon�s” pelos colegas de escola e por seu pr�prio instrutor de voo. Mas a consci�ncia ind�gena falou mais alto: “Ind�gena � pot�ncia de saberes. Seu conhecimento � a universidade do mundo”
“N�s agora temos �ndios doutores, m�dicos, advogados, antrop�logos, bi�logos, cineastas… S�o lideran�as jovens que mant�m suas liga��es com as aldeias e respeitam as lideran�as mais velhas, somam os antigos saberes aos novos conhecimentos”.
Terena foi o primeiro “�ndio piloto”, viveu os conflitos da tradu��o de identidade. Quando jovem, era chamado de “japon�s” pelos colegas de escola e por seu pr�prio instrutor de voo. Mas a consci�ncia ind�gena falou mais alto: “Ind�gena � pot�ncia de saberes. Seu conhecimento � a universidade do mundo”
Aquecimento
A jovem Txai ainda est� no �ltimo semestre do curso de direito, mas j� atua no departamento jur�dico da Associa��o de Defesa Etnoambiental (Kanind�), em Rond�nia. Em Glasgow, na Esc�cia, enquanto a jovem ativista Greta Thunberg criticava o blablabl� sobre o clima dos l�deres mundiais, Txai roubava a cena no plen�rio, ao falar da import�ncia dos povos ind�genas na prote��o da Amaz�nia.
Na hora, lembrei-me das conversas com Marcos Terena sobre esse encontro de gera��es ind�genas: “Meu pai, o grande cacique Almir Suru�, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as �rvores. Hoje, o clima est� esquentando, os animais est�o desaparecendo, os rios est�o morrendo, nossas planta��es n�o florescem como antes. A Terra est� falando, ela nos diz que n�o temos mais tempo”, disse Txai.
Na hora, lembrei-me das conversas com Marcos Terena sobre esse encontro de gera��es ind�genas: “Meu pai, o grande cacique Almir Suru�, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as �rvores. Hoje, o clima est� esquentando, os animais est�o desaparecendo, os rios est�o morrendo, nossas planta��es n�o florescem como antes. A Terra est� falando, ela nos diz que n�o temos mais tempo”, disse Txai.
Os suru�s s�o 2 mil ind�genas, mas s�o articulados, combativos e plugados nas redes sociais. Ao discursar na COP-26, Txai relembrou a morte do seu amigo Ari Uru-EU-Wau-Wau, jovem como ela, que trabalhava registrando e denunciando extra��es ilegais de madeira dentro da aldeia onde morava.
Segundo Txai, ele foi morto por defender a floresta. “Vamos frear as emiss�es de promessas mentirosas e irrespons�veis, vamos acabar com a polui��o de promessas vazias e vamos lutar por um futuro e presente habit�veis”, defendeu. Na extensa pauta da COP-26, o eixo da discuss�o � a necessidade de conter o aquecimento global.
Segundo Txai, ele foi morto por defender a floresta. “Vamos frear as emiss�es de promessas mentirosas e irrespons�veis, vamos acabar com a polui��o de promessas vazias e vamos lutar por um futuro e presente habit�veis”, defendeu. Na extensa pauta da COP-26, o eixo da discuss�o � a necessidade de conter o aquecimento global.
Energia, empoderamento p�blico e da juventude, natureza e uso da terra, ci�ncia e inova��o, transporte e cidades, regi�es e espa�os organizados ser�o debatidos at� o pr�ximo dia 12, por cientistas, ativistas, autoridades governamentais, executivos de empresas da nova economia, mas nesse debate a Amaz�nia tem lugar de destaque. Cerca de 40 lideran�as ind�genas, de diversos pa�ses, est�o participando do encontro.
O mundo est� descobrindo que eles s�o os verdadeiros guardi�es da floresta e t�m um papel de destaque na solu��o dos problemas ambientais. Oficialmente, o Brasil foi representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que apresentou uma nova meta clim�tica, com redu��o de 50% das emiss�es de gases do efeito estufa at� 2030.