
H� muitas vers�es sobre o que aconteceu naqueles dois dias, principalmente sobre as conversas entre Bolsonaro, o ex-presidente Michel Temer, que redigiu a carta, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inqu�rito das fake news, que segura a espada de D�mocles sobre a cabe�a dos bolsonaristas radicais envolvidos em a��es contra a Corte.
Uma das vers�es � a de que o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, havia amea�ado solicitar ao Ex�rcito uma opera��o de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em defesa do STF, o que teria consequ�ncias posteriores, pois isso, obviamente, caracterizaria ato de sedi��o liderado pelo pr�prio presidente Bolsonaro. Sabemos que o Comando Militar do Planalto estava de prontid�o, com oito mil homens mobilizados para intervir, caso fosse preciso.
Seu estado-maior monitorava n�o somente a manifesta��o, como a pr�pria atua��o da Pol�cia Militar do Distrito Federal, que no primeiro momento havia permitido que os manifestantes rompessem a barreira instalada no Eixo Monumental e avan�assem pela Esplanada dos Minist�rios, em dire��o � Pra�a dos Tr�s Poderes.
Por v�rios meios e interlocutores, na semana anterior, oficiais de alta patente fizeram chegar �s reda��es o recado de que n�o havia a menor possibilidade de envolvimento das For�as Armadas em qualquer tentativa de golpe de estado.
A narrativa era de que os comandantes militares cumpririam com seus deveres constitucionais e que a democracia brasileira tem institui��es fortes e consolidadas. Havia um esfor�o para desfazer a p�ssima impress�o deixada pelo desfile de carros blindados e anf�bios da Marinha na Esplanada, em 10 de agosto, um espet�culo que revelou o sucateamento dos equipamentos do seu Corpo de Fuzileiros Navais e acabou ridicularizado.
O descolamento das For�as Armadas dos arroubos autorit�rios de Bolsonaro n�o deixa de ser alvissareiro, mas ningu�m se iluda. O presidente da Rep�blica j� trocou os comandantes das For�as Armadas e pode voltar a faz�-lo, antes das elei��es, se estiver disposto a adotar um plano B diante de uma derrota eleitoral inevit�vel.
� flagrante a fric��o entre a orienta��o de Bolsonaro e a do comandante do Ex�rcito, general Paulo S�rgio, em rela��o � obrigatoriedade da vacina e outros protocolos contra a COVID-19, por exemplo.
Plano B
Em artigo recente, na Veja, o jornalista Jos� Casado destacou que o ministro da Defesa, general Braga Neto, principal aliado de Bolsonaro no meio militar, por orienta��o do Presidente da Rep�blica, fizera questionamentos formais � seguran�a das urnas eletr�nicas junto ao TSE. Ou seja, a disposi��o de n�o aceitar um resultado eleitoral desfavor�vel continua existindo.
N�o por acaso, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Lu�s Barroso, convidou o ex-ministro da Defesa Fernando de Azevedo e Silva para assumir a Secretaria-Geral da Justi�a Eleitoral e comandar a log�stica de realiza��o das elei��es de outubro pr�ximo.
No 7 de setembro, as manifesta��es realizadas na Esplanada, em Bras�lia, e na Avenida Paulista, demonstraram o enorme poder de mobiliza��o de Bolsonaro. Nada impede que isso se repita. Sua capacidade de atua��o nas redes sociais para constru��o de uma narrativa golpista permanece intacta, as fake news nas redes sociais continuam, inclusive com ataques ao Supremo.
Mesmo com o governo mal avaliado e alto �ndice de rejei��o nas pesquisas de opini�o, Bolsonaro tem uma sua base eleitoral coesa e resiliente, al�m de militantes armados, dispostos a lutar para mant�-lo no poder, recorrendo � for�a, se preciso.
� um erro imaginar que Bolsonaro n�o tenha um Plano B, caso a derrota eleitoral seja inevit�vel por antecipa��o. Desacreditar a urna eletr�nica e tumultuar o processo eleitoral ser�o indicadores de que n�o est� disposto a aceit�-la, a exemplo do que fez o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, um ano atr�s. Felizmente, os demais candidatos � Presid�ncia n�o endossam esse questionamento. Todos defendem a urna eletr�nica.
