
Vem da� o imponder�vel nas elei��es brasileiras, que alterna o imprevis�vel (vit�rias de Collor de Mello, em 1982; Fernando Henrique Cardoso, em 1994; Lu�s In�cio Lula da Silva, em 2002; e Jair Bolsonaro, em 2018) e o previs�vel (a reelei��o de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e Lu�s In�cio Lula da Silva, em 2006). A elei��o de Dilma Rousseff, em 2010, e sua reelei��o, em 2014, estavam no terreno da previsibilidade.
Quando desmobilizou sua tropa de assalto, a extrema-direita que embalou sua campanha eleitoral ancorou sua capacidade governan�a na forte presen�a de militares na administra��o e, para garantir a governabilidade, entregou o Or�amento da Uni�o e uma parte do governo aos pol�ticos do Centr�o. Aos trancos e barrancos, at� agora isso deu certo. O �nico momento em que fracassou foi durante a pandemia de covid-19.
Quem ganhou e quem perdeu
Existe uma dist�ncia entre as ideias autorit�rias de Bolsonaro, reiteradas no �ltimo dia 31, ao defender o regime militar, e sua capacidade efetiva de p�-las em pr�tica, imposta pela atua��o das for�as democr�ticas.
O troca-troca de partidos durante a janela partid�ria mostra que Bolsonaro recuperou a expectativa de poder e plena viabilidade eleitoral. Com sua filia��o ao PL, a legenda saltou de 43 para 75 deputados; o PP, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI), de 42 para 59; o Republicanos, do deputado Marcos Pereira (SP), ligado ao bispo Edir Macedo, saltou de 31 para 46 deputados. Os partidos do Centr�o podem at� abandon�-lo, se perder a elei��o; por ora, n�o � o caso.
Os partidos da chamada “terceira via” tamb�m sofreram baixas: o PDT de Ciro Gomes encolheu de 25 para 19 deputados; o PSDB, de Jo�o Doria e Eduardo Leite, de 31 para 25, compensados pela federa��o com o Cidadania, cuja bancada caiu de 8 para 6 deputados. O Podemos teve a bancada reduzida de 11 para nove deputados, al�m de perder S�rgio Moro para a Uni�o Brasil, que teve as maiores perdas: dos 81 deputados da fus�o entre PSL e DEM, restaram 45. Esses n�meros refletem as dificuldades para romper a polariza��o Lula versus Bolsonaro.
