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Estado de Minas ENTRE LINHAS

S� Gravatinha salva a terceira via nas elei��es presidenciais

A sa�da Moro da disputa pela Presid�ncia refor�ou a polariza��o Lula x Bolsonaro e p�s os partidos de centro em situa��o desesperada


10/04/2022 04:00 - atualizado 10/04/2022 10:30

O ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro
O ex-juiz da Lava-Jato, S�rgio Moro, p�s a chamada terceira via em situa��o desesperadora ao sair da disputa pela Presid�ncia ao migrar para o Uni�o Brasil (foto: Ed Alves/CB/D.A Press - 9/12/19)

S�rgio Cabral, pai (vasca�no), Jo�o Saldanha (botafoguense), Maur�cio Azedo (flamenguista) e Nelson Rodrigues (“p� de arroz”) foram grandes cronistas esportivos da imprensa carioca, todos torcedores apaixonados, com legi�es de leitores, capazes de levantar o moral das torcidas dos respectivos clubes depois de um tremendo chocolate – escalpelando os t�cnicos dos times, � claro. Formados na escola de jornalismo de Samuel Wainer, a �ltima Hora, passaram pelos principais jornais do Rio de Janeiro. PS: Maur�cio era meu tio.

Os tr�s primeiros eram amigos do peito, desde muito jovens, e comunistas de carteirinha, mas quase chegavam �s vias de fato na reda��o e no bar da esquina quando o assunto era futebol. Nelson Rodrigues, not�vel dramaturgo (“Vestido de noiva”, “Toda nudez ser� castigada”), era um reacion�rio empedernido, apologista do regime militar, que viria a apoiar a campanha da anistia ap�s saber que o filho, Nelsinho, militante de ultraesquerda, fora cruelmente torturado na pris�o.

Sobrenatural de Almeida, um dos personagens criados por Nelson Rodrigues, era um fantasma que aparecia quando as coisas n�o iam bem para o Fluminense. Era o culpado por tudo o que acontecia de ruim em campo, ou seja, uma entidade m�tica � qual o cronista recorria para explicar o que acontecera em campo, sem encher a bola do advers�rio, � claro.

Mas havia outro personagem, um fantasma do bem, que aparecia nos est�dios antes das vit�rias do Fluminense: o Gravatinha. A escolha do nome tinha tudo a ver com a torcida “p� de arroz”, majoritariamente formada por torcedores de classe m�dia carioca, com fama de ser elitista.

Todas as pesquisas de opini�o est�o mostrando que a sa�da do ex-ministro da Justi�a S�rgio Moro da disputa pela Presid�ncia, ao migrar do Podemos para o Uni�o Brasil, p�s a chamada terceira via em situa��o desesperadora. Os votos do ex-juiz da Lava-Jato derivaram sobretudo para o presidente Jair Bolsonaro, como, ali�s, era de se esperar.

A desist�ncia do ex-juiz da Lava-Jato, na sua rocambolesca mudan�a de legenda, parece at� coisa do Sobrenatural de Almeida. Agora, s� o Gravatinha pode salvar a terceira via, que est� sendo estrangulada pela polariza��o entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que hoje estariam com as vagas no segundo turno garantidas.

Cen�rios

H� duas leituras poss�veis para as articula��es em torno de uma candidatura �nica de terceira via. A otimista avalia que a desist�ncia de Moro � ben�fica, assim como foram a de Alessandro Vieira, que trocou o Cidadania pelo PSDB, e a do ex-ministro da Sa�de Henrique Mandetta (Uni�o Brasil).

Restaram tr�s nomes: o ex-governador paulista Jo�o Doria (PSDB), apoiado pelo Cidadania; Simone Tebet, do MDB; e o “candidato fantasma”, o ex-governador ga�cho Eduardo Leite, representante de uma esp�cie de PSDdoB, que aguarda Doria desistir ou ser defenestrado pelos aliados. Quem seria o Gravatinha? O ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT), embora seja o nome mais forte para romper a polariza��o, n�o � levado em conta pelos partidos da chamada terceira via. Nem est� querendo isso.

Como n�o se tem uma resposta para a pergunta, melhor contextualizar a situa��o. O pacote de bondades do governo alavanca a reelei��o de Bolsonaro: vem a� um programa de ajuda para catadores e sem teto, mobilizando os meios empresariais. Sim, Bolsonaro tem forte apoio entre os agentes econ�micos, apesar do desemprego, do baixo crescimento e da alta da infla��o.

O status quo p�s-pandemia deixa para tr�s o desgaste do seu negacionismo. Os agentes econ�micos preocupados com a quest�o ambiental e os riscos que Bolsonaro possa representar � democracia s�o minoria; tem muita gente ganhando dinheiro com privil�gios e benesses do governo. O bicho-pap�o da economia agora � a Petrobras; as estatais viraram um “estorvo” socialista.

A outra face dessa moeda � o discurso de um Lula recidivo, classista, desenvolvimentista e identit�rio, que produziu, no come�o da semana, pol�micas sobre o aborto, a reforma trabalhista e a �ndole “escravocrata” de nossas elites, que viraram arroz de festa nas redes sociais bolsonaristas.

O grande gesto de Lula em dire��o ao chamado centro pol�tico, at� agora, foi a escolha do ex-governador tucano Geraldo Alckmin, que se filiou ao PSB, como vice na sua chapa. Seu objetivo foi esvaziar a terceira via, refor�ar a polariza��o e atrair, por gravidade, os eleitores de centro. Seria bom combinar com o Sobrenatural de Almeida. E se ele aparecer e esses eleitores migrarem para Bolsonaro outra vez? 

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