Uma das frentes de batalhas decisivas das elei��es presidenciais � o Rio de Janeiro, terceiro col�gio eleitoral do pa�s, onde o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro estariam em empate t�cnico, segundo a pesquisa divulgada pela Genial/Quest. De julho a agosto, o presidente da Rep�blica subiu de 34% para 39% das inten��es de voto, colando em Lula, que manteve 39% no per�odo. Na proje��o do 2º turno, a diferen�a entre os dois, que era de 9 pontos, caiu para 2 pontos nos �ltimos 35 dias. Faltam 44 dias para as elei��es de 2 de outubro.
Detalhe: a pesquisa espont�nea aponta uma tend�ncia de Lula ser ultrapassado por Bolsonaro no Rio de Janeiro: com 33% de indecisos, Bolsonaro tem 32%, em empate t�cnico com Lula, que tem 30%. De onde vem essa mudan�a no cen�rio eleitoral fluminense: dos eleitores que recebem Aux�lio Emergencial, que foi reajustado para R$ 600 e est� sendo pago em dobro neste m�s; dos que t�m renda familiar at� dois sal�rios-m�nimos; dos cat�licos e, principalmente, dos evang�licos.
A pesquisa mostra que as a��es administrativas do governo para melhorar os �ndices de aprova��o de Bolsonaro come�am a surtir efeito. E, tamb�m, que a narrativa conservadora nos costumes, em defesa da fam�lia, contra o aborto e outras bandeiras de cunho religioso, que est�o sendo muito disseminada por meio das redes sociais, atrai de volta parte dos eleitores de Bolsonaro que estavam decepcionados com seu desempenho na Presid�ncia.
O Rio de Janeiro, desde quando a capital foi transferida para Bras�lia, deixou de ser o “tambor” do Brasil, o que reduz o impacto dessa pesquisa na forma��o de opini�o em outros estados, mas nada garante que os fatores que determinaram a mudan�a de cen�rio n�o possam ocorrer e influenciar as pesquisas em outros estados. � o caso do Aux�lio Brasil, que merece olhar mais atento, porque at� ent�o seu efeito na base eleitoral de Bolsonaro n�o fora significativo.
No segmento dos eleitores beneficiados pelos recursos do governo federal, Bolsonaro cresceu 8 pontos, ou seja, de 32% para 40% das inten��es de voto. Lula perdeu 7 pontos, de 47% para 40%. Ou seja, a vantagem de Lula para Bolsonaro caiu 15 pontos em 35 dias. Confirmando essa tend�ncia, entre os que t�m renda familiar mensal de at� 2 sal�rios m�nimos, Lula caiu 6 pontos, de 47% para 41% , entre julho e agosto; enquanto isso, Bolsonaro saltou 9 pontos, de 28% para 37%.
Alian�as
Outra vari�vel importante � o voto religioso. Era previs�vel o crescimento de Bolsonaro entre os evang�licos, o que de fato ocorreu: cresceu 5 pontos, de 51% para 56%, ampliando uma base eleitoral que j� estava bem consolidada; entretanto, Lula tamb�m cresceu 2% nesse segmento, mas dentro da margem de erro: passou 24% para 26%. A surpresa, por�m, � a queda de cinco pontos de Lula entre os cat�licos, no mesmo per�odo, passando de 44% para 39%. Nessa faixa do eleitorado, que lhe faz restri��es severas, o presidente da Rep�blica enfrenta a oposi��o do alto clero, por causa do escancarado favorecimento do governo �s igrejas pentecostais. Mesmo assim, Bolsonaro cresceu de 28% para 35%, ou seja, 7 pontos.
Uma das explica��es para essa significativa recupera��o de Bolsonaro � o fato de que o Rio de Janeiro � a sua principal base eleitoral, por causa do grande efetivo de militares, do apoio do pessoal da seguran�a p�blica e das mil�cias e tamb�m dos pastores evang�licos. Mas essa recupera��o n�o se deve apenas ao voto corporativo e religioso, o arranjo pol�tico local tamb�m faz muita diferen�a. Bolsonaro conta com o apoio do governador Cl�udio Castro (PL), que tem 25% de inten��es de voto nas mesma pesquisa, e do senador Rom�rio (PL), que lidera a disputa pela vaga do Senado, com 30%, 20 pontos de vantagem em rela��o aos as principais concorrentes, o deputado Alexandre Molon (PSB) e Cabo Acioli, PDT), com 10% cada.
Em todas as elei��es que disputou, Lula teve muito apoio no Rio de Janeiro, por causa da for�a do PT e de suas alian�as locais, principalmente com o MDB, que ainda o apoia. Seu maior triunfo � o apoio do prefeito carioca Eduardo Paes, mas essa alian�a n�o se produz no plano local, porque o candidato de Lula � o deputado Marcelo Freixo (PSB), que tem 19%, enquanto Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niter�i, tem 6% de inten��es de voto e garante o palanque de Ciro Gomes (PDT) no Rio de Janeiro.