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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Mudan�a no cen�rio econ�mico favorece a candidatura de Jair Bolsonaro

Dizia-se que a economia derrotaria o projeto de reelei��o, em raz�o da recess�o, da infla��o e do desemprego


02/09/2022 04:00 - atualizado 02/09/2022 10:02

Bolsonaro aposta na economia para tentar virar o jogo sobre Lula
Bolsonaro aposta na economia para tentar virar o jogo sobre Lula (foto: ALBARI ROSA/AFP)

Recentemente, o jornalista Paulo Markun e a soci�loga �ngela Alonso lan�aram o document�rio Ecos de junho, em exibi��o na Netflix, no qual tecem uma linha de continuidade entre as manifesta��es espont�neas dos jovens brasileiros de 2013 e o desfecho daquele processo antissistema, que levou � elei��o de Jair Bolsonaro (PL), cinco anos depois. Havia uma disputa pol�tica cujo desfecho foi uma guinada � direita, em 2018, mas que ainda n�o terminou e, de certa forma, est� presente nas elei��es deste ano, como uma esp�cie de ajuste de contas.

Grosso modo, essa disputa ocorreu nos quadrantes da �tica, da pol�tica propriamente dita, da economia e da ideologia, simultaneamente, mas o peso relativo de cada uma dessas vari�veis foi se alterando ao longo do processo. No plano da �tica, a Opera��o Lava-Jato foi um fator determinante; na economia, o fracasso da nova matriz econ�mica; na pol�tica, a sua judicializa��o; e na ideologia, a rea��o religiosa � revolu��o de g�nero.

Bolsonaro se elegeu em 2018 porque conseguiu levar a melhor nessas quatro frentes, ainda que tenha sido favorecido pelo impacto do atentado que sofreu em Juiz de Fora, onde levou uma facada que o deixou entre a vida e a morte. Nas elei��es deste ano, a conjuntura � outra, o peso relativo de cada um dos quadrantes se alterou, mas eles continuam sendo vari�veis que precisam ser examinadas separadamente e, tamb�m, em intera��o.

A Opera��o Lava-Jato acabou, seus protagonistas est�o desgastados e sendo responsabilizados por eventuais abusos de autoridade, a ponto de o ex-juiz S�rgio Moro, candidato ao Senado no Paran�, estar em risco de n�o se eleger. Entretanto, a quest�o da �tica na pol�tica n�o morreu, continua sendo uma vari�vel importante da elei��o, que somente n�o est� sendo mais explorada porque n�o se fala de corda em casa de enforcado.

L�der inconteste nas pesquisas, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva tem muita dificuldade de abordar esse tema, que evoca o mensal�o, o esc�ndalo da Petrobras, o triplex de Guaruj� e o s�tio de Atibaia; Bolsonaro, por causa das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, dos esc�ndalos da educa��o e, mais recentemente, do estranho costume familiar de comprar im�veis com dinheiro vivo, tamb�m n�o fica � vontade para falar de corrup��o. A tend�ncia � os demais candidatos se beneficiarem do desgaste de petistas e bolsonaristas, que se digladiam nas redes sociais, e que deve ganhar mais peso no debate eleitoral, principalmente Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB)

A judicializa��o da pol�tica continua sendo um vetor do processo eleitoral, mas numa chave diferente de 2018. Naquela ocasi�o, o Supremo impediu a candidatura de Lula, que estava com a ficha suja, por ter sido condenado em segunda inst�ncia, o que facilitou a elei��o de Bolsonaro; agora, o jogo se inverteu, a condena��o de Lula foi anulada e sua candidatura � favorita na disputa, enquanto se arma contra o Supremo uma coaliza��o pol�tica interessada em reduzir seus poderes, da qual fazem parte o Executivo, o Legislativo, o Minist�rio P�blico Federal e as For�as Armadas. Bolsonaro protagoniza esse processo, mas o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva tamb�m pode ser um interessado nesse projeto.

Mudan�a de cen�rio


At� a semana passada, dizia-se que a economia derrotaria o projeto de reelei��o de Bolsonaro, em raz�o da recess�o, da infla��o e do desemprego. O eixo da estrat�gia do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva � a compara��o do seu governo – que alcan�ou altas taxas de crescimento quando concluiu o segundo mandato, aumentou o sal�rio real dos trabalhadores e transferiu renda �s parcelas mais pobres da popula��o – com o fracasso econ�mico do governo Bolsonaro.

Os dados do IBGE desta semana, por�m, mostram uma mudan�a significativa de cen�rio, com retomada da atividade econ�mica em torno de 1,2%, queda da infla��o e redu��o da taxa de desemprego a 9%, o que pode dar ao projeto de re- elei��o de Bolsonaro um g�s que at� agora n�o tinha. A disputa de narrativas sobre a economia, obviamente, ter� que ser politizada, na base do “melhorou pra quem, cara-p�lida?”.

Finalmente, a dimens�o ideol�gica. Nas elei��es deste ano, esse quadrante est� sendo polarizado pela reafirma��o da quest�o democr�tica pela sociedade civil, que se contrap�s ao projeto iliberal do presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, no debate eleitoral, a quest�o dos costumes ainda tem muito protagonismo, principalmente em decorr�ncia do alinhamento da maioria dos l�deres evang�licos com Bolsonaro. O presidente da Rep�blica capturou o sentimento de defesa da integridade da fam�lia unicelular patriarcal, desde 2018.

Em contrapartida, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que se identifica com o lugar de fala dos movimentos de g�nero, ind�gena e negro, n�o pode assumir as pautas identit�rias como principais bandeiras de campanha eleitoral, porque isso poderia lhe custar a elei��o. As maiores vantagens estrat�gicas de Lula s�o os votos do Nordeste e das mulheres. Bolsonaro trabalha para neutraliz�-las.
 

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