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Estado de Minas Entre linhas

Viol�ncia pode aumentar no fim do primeiro turno

De agosto de 2011 a julho deste ano, foram concedidas autoriza��es para 264.129 pessoas comparem armas e muni��es, m�dia de 795 por dia


18/09/2022 10:00 - atualizado 18/09/2022 10:09

Na reta final da campanha eleitoral, clubes de tiros estão virando comitês eleitorais
Na reta final da campanha eleitoral, clubes de tiros est�o virando comit�s eleitorais (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
A pistola G2C 9mm possui carregadores de 12 muni��es e uma bala na c�mara, para pronto emprego, sendo atualmente a arma compacta de porte velado mais vendida no Brasil. Custa em torno de R$ 3.800 no mercado legal de armas e pode ser comprada pela internet, parcelada em at� 12 vezes no cart�o de cr�dito. Nos Estados Unidos, custa 200 d�lares. Quase todo bolsonarista raiz que se preza tem uma arma: as mais populares s�o as pistolas Taurus da linha G, a arma mais vendida no mundo.

Considerando o repasse da infla��o, a receita da Taurus com a venda de armas cresceu 47,4% no primeiro semestre deste ano em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Sua participa��o no mercado brasileiro de armas passou de 21,3% no primeiro semestre de 2021 para 28,6%. Foram 186 mil armas vendidas no Brasil de janeiro a junho, aumento de 17,7% em base anual. A Taurus produziu 1,1 milh�o de armas no primeiro semestre deste ano, sendo 702 mil na f�brica brasileira, aumento de 1,7% em rela��o a igual intervalo de 2021. A receita l�quida da empresa alcan�ou R$ 1,3 bilh�o de janeiro a junho, aumento de 9,2% ante mesmo intervalo de 2021.

Os irm�os Fl�vio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, senador pelo Rio, deputado federal por S�o Paulo e vereador carioca, respectivamente, s�o lobistas dos fabricantes de armas concorrentes da Taurus. Eduardo Bolsonaro tem conversado com gigantes estrangeiras do mundo dos armamentos e muni��es, como a alem� SIG Sauer e a italiana Beretta, para abrirem filiais no Brasil. Outras empresas do setor, como a austr�aca Glock e a americana Smith & Wesson, tamb�m estariam interessadas em investir no pa�s. A pol�tica de libera��o do porte e uso de armas pelo presidente Jair Bolsonaro transformou o Brasil na fronteira do mercado de armas de pequeno porte para uso individual, em raz�o da multiplica��o dos clubes de tiro.

“� uma situa��o que est� fora do controle”, segundo o jornalista Leonardo Cavalcanti (SBTNews), pesquisador junto ao N�cleo de Estudos sobre Viol�ncia e Seguran�a da Universidade de Bras�lia (NEVISUNB). De agosto de 2011 a julho deste ano, foram concedidas autoriza��es para 264.129 pessoas comparem armas e muni��es, m�dia de 795 por dia. “O n�mero � maior do que os efetivos das For�as Armadas (356 mil) e de policiais militares de todo o pa�s (417 mil). O Brasil tem 700 mil pessoas aptas a andarem armadas, inclusive com armas bem mais potentes, como fuzis”, explica. O Ex�rcito n�o tem informa��es b�sicas sobre essas pessoas, como origem, g�nero, idade ou renda salarial, no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma); tamb�m n�o tem acesso ao Sistema Nacional de informa��es de Seguran�a P�blica (Infoseg), do Minist�rio da Justi�a, utilizado pela Pol�cia Federal para checar se as pessoas t�m antecedentes criminais.

O Estado brasileiro sempre teve dificuldades para exercer o monop�lio da for�a. O conceito tem origem hobbesiana, inspirado na figura do Leviat�, o mito fen�cio relatado no “Livro de J�”: um monstro gigantesco, meio drag�o, meio crocodilo, que vivia num lago e tinha como miss�o defender os peixes mais fracos dos peixes mais fortes. O ingl�s Thomas Hobbes fez essa analogia em 1651 (“Leviat�”), para responder a duas quest�es: como as sociedades foram formadas e como devem ser governadas. � dele a famosa frase “homini lupus homini” (o homem � o lobo do homem), justamente por sermos ego�stas e entrarmos em conflito uns com os outros.

Radicaliza��o pol�tica


Apesar de ego�stas, por�m, temos racionalidade e “medo da morte violenta”. Para Hobbes, era poss�vel abrir m�o da liberdade total e fazer um pacto, o “contrato social”, para sair da vida solit�ria e selvagem – ou seja, do “estado de natureza” – e viver juntos, sob um poder soberano, no “estado civil” – ou seja, em sociedade. Entretanto, para isso, � preciso um poder que os obrigue a respeitar o contrato. O Estado sozinho, absoluto, por�m, n�o resolve o problema. � preciso garantir liberdade e direitos aos cidad�os. � preciso garantir liberdade e direitos aos cidad�os contra a “ditadura da maioria”.

� a� que John Stuart Mill, no s�culo 19, ou seja, dois s�culos depois, entrou em cena. Em “Sobre a liberdade” (1859), Mill resumiu: o Estado deve preservar a autonomia individual e, ao mesmo tempo, evitar a tirania da maioria. Tudo � permitido ao indiv�duo, desde que as suas a��es n�o causem danos a terceiros. Todas as pessoas podem desenvolver de maneira aut�noma o seu projeto de vida; a sociedade deve proteger a liberdade de indiv�duos se desenvolverem de modo aut�nomo e, em troca, os seus membros n�o devem interferir nos direitos legais alheios; os danos que s�o causados a outras pessoas t�m como consequ�ncia uma puni��o proporcional.

Na reta final da campanha eleitoral, clubes de tiros est�o virando comit�s eleitorais e muitos de seus integrantes fazem uso ostensivo de suas armas em eventos p�blicos, o que � uma forma de intimida��o. Os casos de viol�ncia j� estavam se multiplicando, principalmente os feminic�dios. A radicaliza��o pol�tica tamb�m j� registra mortes por motivos f�teis. A viol�ncia tende a aumentar nas pr�ximas duas semanas, que antecedem as elei��es de 2 de outubro, e houve refor�o at� da seguran�a dos ju�zes eleitorais. Mesmo os policiais civis e militares, no cumprimento de suas miss�es, est�o com a vida em risco em raz�o da grande quantidade de armas nas m�os de indiv�duos violentos.


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