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Estado de Minas ENTRE LINHAS

"Voto �til" n�o leva ningu�m pra votar puxado pelo nariz

Para vencer no primeiro turno, tanto Lula como Bolsonaro teriam que seduzir os eleitores de centro


15/09/2022 04:00 - atualizado 15/09/2022 10:30


Urna eletrônica
Urna eletr�nica: Lula iniciou campanha pelo voto �til na corrida pela Presid�ncia (foto: Elza Fiuza/Ag�ncia Brasil - 16/9/14)

Um card petista em forma de versos destila veneno nas redes sociais. A primeira frase n�o tem nada demais numa campanha de voto �til: “Se voc� votar no Lula,/Lula vence no primeiro turno”. Logo a seguir aparece um gr�fico ilustrado com a foto do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e uma barra vermelha, representando 52% dos votos; ao lado, uma barra amarela, com as fotos, lado a lado, de Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e o presidente Jair Bolsonaro, que corresponderiam a 48% dos votos. Essa � a meta da campanha de voto �til iniciada nesta semana pelo pr�prio Lula, com apoio de artistas e formadores de opini�o engajados na sua campanha, para vencer no primeiro turno.
 
A colagem das fotos j� � mal-intencionada, mas o veneno mesmo vem logo a seguir: “Mas se votar em Ciro ou em Simone Tebet, quem vai para o segundo turno � ele”, diz o texto, seguido da imagem de uma m�o com o indicador apontando para o presidente Jair Bolsonaro, com cara de buldogue e faixa presidencial. Como assim? Quem est� votando em Ciro ou Simone n�o est� votando em Bolsonaro, tem uma prefer�ncia leg�tima numa elei��o em dois turnos, que foi a principal bandeira de Lula e do PT durante a vota��o da Constitui��o de 1988, porque isso garantiria a possibilidade, como ocorreu, de que o partido de base oper�ria surgido no ABC paulista se tornasse uma alternativa de poder.
 
O card � muni��o de baixo custo e alto impacto da campanha de Lula nas redes sociais, nas quais um v�deo de Lula orienta seus apoiadores a intensificar a campanha, com aquele estilo inconfund�vel de l�der sindical acostumado a agitar assembleia de trabalhadores com palavras de ordens e tiradas ir�nicas: “Quem gosta muito de telefone celular, quem fica agarrado o dia inteiro no celular, quem fica usando zap, fazendo twitte, quem fica no Tik Tok, no Toc Toc, quem fica, sabe...� utilizar essa ferramenta para a gente conversar com as pessoas indecisas nesse pa�s, e pra gente mostrar a responsabilidade de mudar esse pa�s”. Trecho de um discurso de palanque, o v�deo n�o � dos mais sedutores, mas funciona. A ordem � reproduzir cards, depoimentos, v�deos, tudo que possa de alguma forma esvaziar as candidaturas de Ciro e Simone.
 
O problema � que o cidad�o comum n�o vai votar levado pelo nariz por nenhum candidato. N�o adianta terceirizar a responsabilidade. N�o s�o as candidaturas de Ciro e Simone que v�o inviabilizar uma vit�ria de Lula no primeiro turno. Se o racioc�nio for t�o simples assim, Ciro e Simone tamb�m est�o inviabilizando a vit�ria do presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno, no pressuposto de que os eleitores da chamada “terceira via” n�o t�m prefer�ncia pelo petista. Essa � uma matem�tica que simplifica, mas n�o resolve, o problema eleitoral. Lula queimou os navios com Ciro Gomes e vice-versa. O resultado pr�tico pode ser o deslocamento do eleitor n�o-ideol�gico do pedetista para os bra�os de Bolsonaro. Simone Tebet est� mais ao centro e vem fazendo uma campanha claramente anti-Bolsonaro, seus eleitores poderiam derivar por gravidade p�ra Lula no segundo turno. Mas como reagir�o a esse tipo de ataque petista?
 
Para vencer no primeiro turno, tanto Lula como Bolsonaro teriam que seduzir os eleitores de centro. Bolsonaro come�a a se movimentar nessa dire��o, emburrado pelo fracasso da estrat�gia de confronta��o ideol�gica, pelo resultado das pesquisas, pela orienta��o de seus marqueteiros e pelas press�es do Centr�o, cujos pol�ticos n�o s�o de pular na cova com o caix�o.
 
Lula n�o quer conversa antes do segundo turno. Acredita que vencer� no primeiro sem ter que assumir compromissos pol�ticos com essas for�as, nos mesmos termos em que assumiu com o ex-governador Geraldo Alckmin, seu vice, e com Marina Silva. Qual a raz�o? O Brasil � uma democracia de massas, com uma Constitui��o democr�tica de vi�s social liberal, e n�o social-democrata. Seu gesto em dire��o ao centro seria assumir compromisso com a democracia representativa e suas institui��es de car�ter liberal, n�o apenas abrir espa�o para barganhas de natureza fisiol�gica, que ser�o inevit�veis quando precisar dos votos do Centr�o, se for eleito.
 
Ciro tem um projeto neonacionalista, de vi�s desenvolvimentista, que estaria mais pr�ximo do governo de Dilma Rousseff, que fracassou na pol�tica e na economia, do que do pr�prio governo Lula. A proposta mais populista de Ciro, renegociar as d�vidas da popula��o de baixa renda e “limpar” o nome no Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC), foi encampada por Lula, antecipando-se a qualquer acordo que justificasse uma alian�a entre ambos no segundo turno. Dificilmente haver� uma reaproxima��o entre ambos.
 
Simone tem um programa liberal social e um compromisso claro com o combate �s desigualdades e a defesa dos direitos humanos. Sua agenda social � plenamente coincidente com a de Lula, mas a pol�tica econ�mica, n�o. Lula faz disso um mist�rio, mas todo mundo sabe que s� h� duas maneiras de enfrentar a crise fiscal: reduzindo gastos ou aumentando os impostos.




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