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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Governo do presidente Lula pode avan�ar na quest�o ambiental

Petisa n�o apresentou ainda uma proposta de transi��o do carbono para a economia verde que corresponda ao potencial do pa�s


02/06/2023 04:00 - atualizado 02/06/2023 07:54
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Lula ainda está devendo políticas ambientais estratégicas
Lula ainda est� devendo pol�ticas ambientais estrat�gicas (foto: EVARISTO S�/AFP)
Um dos pais da democracia norte-americana, Alexander Hamilton dizia: “A maior parte dos homens que subverteram a liberdade das rep�blicas come�aram sua carreira cortejando servilmente o povo; come�aram como demagogos e terminaram como tiranos”. A frase emblem�tica frequenta a nossa cr�mica pol�tica desde os prim�rdios da Rep�blica e serve de advert�ncia toda que vez que um governante coloca a quest�o democr�tica em segundo plano e flerta com um apelo �s massas para alcan�ar seus objetivos. No caso brasileiro, desde a Proclama��o da Rep�blica, todos que enveredaram por esse caminho fracassam. O mais bem-sucedido, Get�lio Vargas, tirou a pr�pria vida, no Pal�cio do Catete, em 1954, para n�o ser deposto.

O presidente da Venezuela, N�col�s Maduro, � o exemplo pronto e acabado do demagogo que virou ditador na Am�rica do Sul. A recep��o que lhe foi dada pelo presidente Luiz In�cio Lula da Silva, ao relativizar as viola��es de direitos humanos e a falta de democracia no pa�s vizinho, transformou-o em espelho do que poderia vir a ser o rumo pol�tico de Lula, n�o fosse o Brasil um pa�s com institui��es republicanas bem mais s�lidas do que as da Venezuela. Lula n�o pode fazer o que quer quando quer e como quer; as conting�ncias o impedem.

No encontro dos presidentes da Am�rica do Sul, Lula deu um tiro no pr�prio p� e foi flanqueado � direita, pelo presidente do Uruguai, Lacalle Pou, e � esquerda, por seu colega do Chile, o jovem Gabriel Boric, um socialista, que denunciaram as viola��es de direitos humanos e fraudes eleitorais no pa�s vizinho. O efeito foi corrosivo para a imagem de Lula, sua pol�tica externa que n�o conta com consenso pol�tico e social amplo. Al�m disso, deu �s oposi��es de extrema-direita e de direita uma narrativa convergente � dos setores de centro que apoiaram Lula no segundo turno e est�o cada vez mais decepcionados com o seu governo.

Entretanto, n�o � correto deduzir que Lula faz um mau governo, no sentido de que n�o cuida do bem comum, como diria o mestre Norberto Bobbio. O aumento do sal�rio-m�nimo, das aposentadorias e do Bolsa Fam�lia, promessas de campanha, s�o mais relevantes do que os ataques verbais � taxa de juros, que est� realmente alta, para gregos e romanos, que precisam pagar suas contas ou investir. A aprova��o do novo arcabou�o fiscal, que estabelece regras claras para os gastos p�blicos, mesmo com as ressalvas de seus cr�ticos, oferece um novo paradigma para a economia, que n�o saiu do controle. A infla��o est� em queda e a atividade econ�mica, em franca recupera��o

Neste quesito, o problema n�o � o curto prazo, mas o projeto estrat�gico para a economia brasileira. Lula n�o apresentou ainda um projeto de transi��o da economia de carbono para a economia verde que corresponda ao potencial existente no pa�s; pelo contr�rio, a pol�mica em torno da explora��o de petr�leo na foz do Amazonas, que � uma regi�o da costa brasileira e n�o a boca do rio em si, ressaltou a subordina��o da quest�o ambiental ao imediatismo econ�mico, num projeto que exige altos investimentos e pode se tornar um grande mico daqui a 20 anos.

Carbono zero


Essa �, sim, uma quest�o que pode desaguar num mau governo, porque parece priorizar a escala de investimentos no consumo em detrimento dos resultados econ�micos de longo prazo. Em entrevista ao Estad�o, na quarta-feira, o escritor e cientista pol�tico Jorge Caldeira, bi�grafo do Bar�o de Mau� e autor da “Hist�ria da Riqueza do Brasil” (Esta��o Brasil), uma releitura de int�rpretes do nosso desenvolvimento, como Caio Prado Junior e Celso Furtado, advertia que a antiga busca dos pa�ses desenvolvidos de crescer a qualquer custo est� perdendo espa�o para o planejamento a longo prazo com foco em zerar a conta de carbono.

Segundo Caldeira, o plano estrat�gico brasileiro segue no caminho contr�rio ao priorizar o gasto p�blico como forma de desenvolvimento. “Esse � um m�todo que n�o � aplicado mais em lugar nenhum do planeta. Isso � o atraso brasileiro”. O escritor � um dos que destacam a import�ncia do Conv�nio de Taubat� para a industrializa��o do Brasil. Realizado em 1906, pelos governadores dos estados de S�o Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, na cidade paulista de Taubat�, seu objetivo foi garantir a rentabilidade da cafeicultura brasileira. � �poca, o presidente Rodrigues Alves n�o se disp�s a assumir o �nus desta pol�tica, cabendo a cada um dos estados a compra do caf� excedente. Com a elei��o de Afonso Pena, o governo federal encampou a compra de estoques reguladores, o que deu grande impulso � economia brasileira, at� a Grande Depress�o de 1929.

O Conv�nio de Taubat� criou condi��es para que os cafeicultores paulistas investissem na industrializa��o, ultrapassado os limites do patrimonialismo que sempre caracterizou as nossas elites econ�micas e pol�ticas. Esse exemplo hist�rico serve para o nosso agroneg�cio, que lidera a retomada do crescimento da economia e tem condi��es de investir fortemente na seguran�a ambiental e na economia verde.

Tanto na produ��o agropecu�ria propriamente dita, quanto na gera��o de energia limpa e produ��o de biocombust�veis, para zerar a nossa conta do carbono, juntamente com o combate ao desmatamento. Temos tecnologia para produzir mais e melhor com menos �rea ocupada, tanto na agricultura como na pecu�ria; falta-nos uma pol�tica e legisla��o para compra e venda de cr�ditos de carbono. E uma reaproxima��o entre o governo Lula e o agroneg�cio moderno, em bases estrat�gicas, para derrotar as for�as do atraso no Congresso.

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