
H� apenas um ano, o presidente Jair Bolsonaro anunciou com pompa e circunst�ncia o fechamento de um acordo entre o Mercosul e a Uni�o Europeia, o que foi apontado como um grande trunfo da diplomacia do seu governo. Os n�meros gigantescos ganharam as manchetes. E realmente s�o de impressionar. Juntos, os pa�ses dos dois blocos formariam um mercado de 780 milh�es de pessoas, representando cerca de 25% da economia mundial. O impacto no PIB brasileiro foi estimado at� US$ 125 bilh�es em 15 anos, com as exporta��es brasileiras para a Europa tendo ganho de quase US$ 100 bilh�es e os investimentos no Brasil chegando a US$ 113 bilh�es at� 2035.
Alardeados como a vara de cond�o para acelerar a economia brasileira de forma sustent�vel por mais de uma d�cada, esses n�meros est�o cada vez mais distantes de se tornar realidade. Isso por causa da postura dos pa�ses europeus em rela��o � forma como o Brasil lida com a preserva��o ambiental e agora tamb�m pela posi��o de enfrentamento do governo brasileiro em rela��o �s amea�as de boicote. Para os negociadores que levaram 20 anos costurando o acordo, nada ainda est� totalmente perdido, mas a cada movimento de ambos os lados se torna mais distante a possibilidade de um mercado comum entre os dois blocos econ�micos.
O governo � pressionado por representantes de governos, empres�rios e investidores. A rea��o de Bolsonaro ao discursar na ONU e negar ou minimizar o problema ambiental na Amaz�nia e a do ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional, general Augusto Heleno, que em entrevista disse que o Brasil pode retaliar na��es que agirem contra o pa�s por quest�es ambientais, n�o favorecem o entendimento. Ent�o, vejamos na pr�tica o que isso pode representar. Em um cen�rio de retra��o da economia mundial e de encolhimento dos investimentos estrangeiros, o Brasil pode precisar mais do dinheiro dos fundos europeus do que a Europa dos produtos brasileiros. � preciso lembrar que de janeiro a julho deste ano os investimentos diretos no pa�s despencaram 30%, chegando a US$ 25,5 bilh�es, contra US$ 36 bilh�es nos sete primeiros meses de 2019. E a fuga de investimentos est� se acentuando.
Como, segundo o Banco Central, os pa�ses europeus respondem por pouco mais de 60% desses investimentos, s�o eles que est�o sendo impactados por problemas ambientais do pa�s. S�o fundos que administram v�rios trilh�es de reais e que t�m como seus cotistas pessoas com interesse na preserva��o ambiental e que pressionam os gestores pela escolha mais adequada para aloca��o de recursos. Do ponto de vista das exporta��es, o impacto em termos de valor n�o chega a ser desastroso para o Brasil. Os maiores mercados para produtos brasileiros no primeiro semestre deste ano foram China (33,8%), Estados Unidos (cerca de 10%) e Pa�ses Baixos (4,1%). Do bloco europeu, Espanha representou 2,1% e a Alemanha 1,9%.
Sem ratifica��o por parte de todos os pa�ses, o acordo de livre-com�rcio entre o Mercosul e a Uni�o Europeia continua a ser, como nos �ltimos 20 anos, apenas uma promessa, que se consome pela postura do governo brasileiro de bancar uma ideologia negacionista em rela��o � dizima��o da flora e da fauna no Pantanal e na floresta amaz�nica pelo fogo que queima tamb�m a imagem do Brasil no exterior. Sem poupan�a interna pelo empobrecimento de sucessivas crises, o Brasil precisa dos investimentos externos para equacionar gargalos de produtividade, fazer a economia crescer de forma continuada e gerar empregos.
Trabalho
US$ 3,5 TRIlh�es foi quanto encolheu a renda do trabalho em todo o mundo nos primeiros nove meses deste ano, segundo a Organiza��o Internacional do Trabalho (OIT)
Ajuda dos grandes
Com investimentos de mais de R$ 370 milh�es, as gigantes Ambev, Aurora Alimentos, BRF, Coca-Cola Brasil, Grupo Heineken, Mondelez International, Nestl� e PepsiCo se juntaram no Movimento N�S para apoiar 300 mil pequenos neg�cios em todo o Brasil, que empregam cerca de 1 milh�o de pessoas. Em Minas, onde o programa acaba de chegar, cerca de 35 mil pequenos com�rcios devem ser ajudados.
No consult�rio
A entrada em vigor da Lei Geral de Prote��o de Dados est� levando as empresas da �rea de sa�de a se adaptar exatamente no momento do avan�o da telemedicina, dos prontu�rios eletr�nicos e da receita digital. Para Raphael Trotta, do iMedicina, a prote��o de dados vai melhorar a rela��o entre pacientes e profissionais, que devem ter cuidado redobrado com dados de exames e diagn�sticos armazenados.
