
Cereja do bolo que o governo de Minas Gerais pretendia servir logo aos investidores, a Cemig transitou do caldo entornado na Comiss�o de Minas e Energia da Assembleia Legislativa, na semana passada, sobre a proposta de Romeu Zema para privatizar a concession�ria, � festa de lan�amento da empresa criada para atuar no promissor mercado das fazendas solares. S�o for�as opostas, mas que, em comum, n�o v�o dar o tempo com o qual o governador esperava contar em busca de apoio no Legislativo ao seu projeto de venda.
Do ponto de vista de seu desempenho no mercado de a��es, o momento para o estado se desfazer da Cemig n�o poderia ser melhor. O valor de mercado – quer dizer, a avalia��o do conjunto das a��es da companhia – teve recupera��o mete�rica de 2017 para o ano passado, quando saiu de R$ 8,45 bilh�es para R$ 20,78 bilh�es. O avan�o continuou neste ano, na cifra de R$ 21,3 bilh�es, segundo c�lculos levantados pela consultoria Economatica, a pedido da coluna.
Trata-se do maior valor de mercado da Cemig em 11 anos, pr�ximo da melhor performance, at� ent�o, da s�rie hist�rica da Economatica, que foi de R$ 20,913 bilh�es em 2011. Pode parecer que em todo esse per�odo dos �ltimos oito anos a empresa ficou girando como uma enceradeira, dessas que o com�rcio aboliu das lojas, mas, para um governo aflito por fazer caixa pode significar uma bela recupera��o, como observa o economista Paulo Vieira, professor da Uni-Horizontes.
“Talvez o mercado esteja com o p� atr�s enquanto n�o se decide a situa��o da empresa. Mas existem duas coisas muito claras na cabe�a do investidor, a valoriza��o do patrim�nio e o lucro”, afirma. H� que se considerar uma s�rie de indicadores como se o valor de mercado se traduz em bom patrim�nio e a progress�o de uma d�vida superior a R$ 12 bilh�es nos pr�ximos cinco anos.
Ainda assim, a bula dos investidores tem sido seguida. A companhia lucrou R$ 1,7 bilh�o em 2018, 70% mais que no ano anterior, melhorou a gera��o de caixa em 8,3%, embolsou R$ 654 milh�es ao se desfazer de ativos na �rea de telecomunica��es e reduziu a folha de pessoal em 13%. Em 2019, medidas de corte de custos e melhorias de efici�ncia, al�m da redu��o de 25% dos cargos de ger�ncia e superintend�ncia, dever�o render economia de R$ 300 milh�es em 2020.
De abril a junho, a Cemig continuou a lucrar, com resultado l�quido de R$ 2,114 bilh�es. O lucro antes de juros, impostos, deprecia��o e amortiza��es foi de R$ 1,8 bilh�o, 105% mais na compara��o com o segundo trimestre de 2018. Nada mal para os analistas de bancos e corretores, que, como lembra Paulo Vieira, “adoram essa conversa de privatiza��o”.
O caminho para o governo mineiro, no entanto, pode ser mais longo e espinhoso do que se imagina, e n�o � por outro motivo que Zema encaminhou projetos de lei para a ajuste fiscal do estado � Assembleia sem incluir a venda das a��es da Cemig. “A empresa enfrentou comportamento err�tico, no entanto, em 2018, o investidor voltou a comprar e a rentabilidade melhorou”, observa Paulo Vieira debru�ado sobre os n�meros destacadas pela Economatica.
As a��es ordin�rias (CMIG3) da companhia ofereceram rentabilidade de 7,95% entre o fim de dezembro de 2018 e o �ltimo dia 4, ainda de acordo com o ranking da Economatica. Os pap�is preferenciais (CMIG4) tiveram valoriza��o de 3,96% no mesmo intervalo de tempo. S�o percentuais modestos quando comparados � evolu��o de 16,69% do Ibovespa, o �ndice das a��es mais negociadas na bolsa brasileira, a B3, e de 37,32% do Ieel�trica, o �ndice do setor. O retorno, entretanto, serve de grande conforto ao se observar o inferno astral que a companhia enfrentou em 2015, com perdas superiores a 51%.
Pode ser muito cedo para apostar na receita de mais de R$ 10 bilh�es que o secret�rio Otto Levy estimou esta semana, considerando o pr�mio que o estado ter� com a venda das a��es de controle. O governo tamb�m ser� testado nas suas justificativas para a privatiza��o.
O discurso dos ganhos para o consumidor com empresas mais eficientes e competitivas nas m�os da iniciativa privada n�o tem colado no Brasil em v�rias �reas nas quais se acreditava em tarifas mais baixas com o est�mulo � concorr�ncia, a exemplo da telefonia. Os deputados da Comiss�o de Minas e Energia da Assembleia ouviram de seus pares de Goi�s, onde a Celg foi privatizada, que o consumidor pagou reajustes bem maiores depois da venda da companhia.
Alsol e Fiemg
Empresa especializada em tecnologia de gera��o de energia solar fotovoltaica, a Alsol Energias Renov�veis, do grupo Energisa, acertou com a Fiemg parceria para oferecer aos associados da entidade a produ��o de fazendas solares com descontos nas contas de energia. A companhia tem tr�s empreendimentos em fase de conclus�o para ser entregues at� o fim do ano e tem planos de investir no estado R$ 300 milh�es at� 2021.
Como funciona
No novo modelo de neg�cios, empresas n�o ter�o de investir em placas solares ou dispor de espa�os adequados � capta��o de luz do sol para se beneficiar da energia gerada. Elas podem participar de cons�rcios para alugar cotas de uma usina solar, dimensionada de acordo com o hist�rico de consumo do cliente. O excedente de energia injetada na rede pela fazenda solar ser� descontado do consumo na fatura do cliente, na forma de cr�ditos.
GANHO
26%
� a economia estimada para as ind�strias que aderirem aos contratos de gera��o de energia distribu�da a partir do acordo firmado entre a Fiemg e a Alsol