Uma nova infla��o, dos apps e do p�o de queijo

Ser� o fim do cafezinho? Dif�cil imaginar uma cesta t�pica de gastos dos mineiros sem contar a x�cara t�o familiar pedida na lanchonete, al�m de outros produtos sempre presentes na mesa, como o quiabo e o fub� de milho.

Os tempos � que s�o novos para o or�amento e a infla��o na Grande Belo Horizonte e no Brasil, medida pelo indicador oficial do custo de vida, o IPCA, do IBGE. A revis�o do c�lculo, com base na Pesquisa de Or�amentos Familiares (POF) 2017-2018, que o instituto anunciou na semana passada, promete retratar agora com mais fidelidade a vida moderna das grandes cidades.     

Da estimativa da infla��o na Grande BH sa�ram o cafezinho tomado fora de casa, quiabo, fub� de milho, doces, aparelho de som, forno de micro-ondas, CD, aparelho de DVD, m�quina fotogr�fica, fotoc�pia e telefone p�blico, entre 64 subitens exclu�dos do c�lculo.

Outros 46 entraram, entre eles mandioca, farinha de mandioca, picanha, til�pia, conserto de aparelho celular, conserto de bicicleta, cabeleireiro e barbeiro, instrumento musical, servi�o de higiene para animais, cinema, teatro e concertos, transporte por aplicativo, servi�os de streaming, combo de telefonia, internet e TV por assinatura.   

P�o de queijo e os ingredientes da iguaria – queijo e polvilho – continuam a ser pesquisados dentro e fora do domic�lio, mostrando a for�a da receita mineira nas despesas. Os novos h�bitos captados pelo IBGE mostram, contudo, que as refei��es fora de casa tomaram seu espa�o e produtos a exemplo do cafezinho, de baixo valor individual, perderam representatividade nos gastos familiares, como observa Ven�ncio Ot�vio Ara�jo da Mata, coordenador da pesquisa de �ndices de pre�os do IBGE em Minas.   

“As pessoas da Regi�o Metropolitana de BH t�m consumido mais lanches e fast-food”, afirma. O caf� n�o deixou a pesquisa, permanece na lista de subitens dentro do domic�lio. “Acreditamos que os subitens de alimenta��o retirados do c�lculo da infla��o sa�ram pela perda de espa�o em rela��o aos gastos com transporte.”   

A primeira conclus�o dos t�cnicos, ao analisar os resultados da POF 2017-2018, foi que o mineiro da Grande BH tem gastos maiores de locomo��o do que com alimentos e bebidas. Isso explica o ingresso dos aplicativos de transporte no c�lculo do IPCA. A revis�o dos or�amentos ap�s d�cada tamb�m tratou de introduzir h�bitos que j� faziam parte da vida da popula��o, mas eram desconsiderados.   

Os t�cnicos do IBGE enfrentaram essa dificuldade no dia a dia da pesquisa. Ven�ncio da Mata se lembra de como era dif�cil encontrar, nove anos atr�s, os cart�es de telefone p�blico e medir as varia��es de pre�os de revela��o de filme fotogr�fico e xerox. N�o foi diferente com rela��o aos telefones p�blicos. “S�o itens que entraram em desuso, mas continu�vamos a pesquis�-los com muita dificuldade pela falta de revis�o do c�lculo da infla��o”, afirma.  

 Parte dos subitens que entraram na pesquisa se deve ao avan�o da tecnologia, a exemplo dos servi�os de streaming. � comunica��o moderna pode tamb�m ser atribu�da a retirada de outra parte de despesas, como telefone p�blico, xerox e revela��o de filmes fotogr�ficos.   

H� tamb�m uma boa carga de mudan�as prevista na nova infla��o a partir do pr�ximo ano que pode ser creditada aos novos h�bitos de mineiros e brasileiros. O suco em p� � um desses produtos favorecidos com a celebridade.

At� ent�o, era pesquisado dentro de uma categoria dedicada ao item e, com a revis�o, passou a fazer carreira solo na pesquisa do IPCA. Da mesma forma, o requeij�o, t�o apreciado pelo consumidor em Minas, ganhou espa�o com o desmembramento da classe de despesas decorrentes dos alimentos e passou a aparecer sozinho, pleno de relev�ncia nos gastos da popula��o.   

Leite em p� e manteiga, e sorvete e picol�s fora do domic�lio conquistaram lugar especial, fazendo jus ao peso maior entre as despesas das fam�lias. O tratamento de animais cumpriu o mesmo caminho. O IBGE marcou para janeiro de 2020 a primeira coleta de dados baseada no novo c�lculo do IPCA e do INPC.

Os resultados v�o compor a nova infla��o que os brasileiros conhecer�o em fevereiro. Expectativas � parte, a rigor, cada um tem a sua infla��o e aquele sentimento que a dona de casa jamais consegue esconder sobre como v� sua fam�lia representada no �ndice oficial do governo. Valer� a pena conferir em 2020.