
Os supersticiosos de plant�o costumam trabalhar com afinco nestes dias, determinando metas ambiciosas para o novo ano, mas � melhor n�o se deixar enganar. O aguardado 2020 prenuncia mais dificuldades, diante da recupera��o muito lenta da economia. Nada f�cil compartilhar o balan�o positivo de 2019 feito pelo presidente Jair Bolsonaro.
O pa�s terminou 2019 metido numa realidade de indicadores de pre�os e de emprego, na qual o consumidor tem de fazer certo esfor�o para se encaixar. A infla��o est� controlada. Contudo, o arroz com feij�o n�o custa menos de R$ 16, mesmo que o consumidor encontre esses produtos em oferta nas grandes redes de supermercados. As carnes encareceram ao ponto de o cliente ter de pagar, no a�ougue, R$ 42 pelo quilo de uma simples ch� de dentro.
Quando considerada a despesa t�pica, em Belo Horizonte, com a cesta de produtos b�sicos, foi preciso desembolsar, em novembro, R$ 393,58, segundo o Dieese. O gasto, na capital mineira, levou nada menos de 42,8% do sal�rio m�nimo e obrigou o trabalhador a cumprir jornada de 86 horas e 46 minutos s� para colocar a comida na mesa.
Nada indica que haver� al�vio no bolso das fam�lias, j� pu�do, pelo menos neste come�o de 2020. A carne tem mostrado seus pulos desde novembro e n�o est� sozinha. Despesas com condom�nio, plano de sa�de e a conta de energia tamb�m despontaram na infla��o deste ano, medida de janeiro a novembro pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) da Funda��o Ipead, vinculada � UFMG.
Numa competi��o indesej�vel com as carnes, condom�nio, plano de sa�de e energia ficaram muito mais caros que a m�dia de reajuste de pre�os, com aumentos de 7,83%, 7,35% e 14,17%, respectivamente, ao passo que o IPCA variou 4,10% neste ano. � para esses produtos que Thaize Martins, coordenadora de pesquisas da Funda��o Ipead, chama a aten��o das donas de casa. E, ainda assim, n�o vamos nos esquecer daquelas contas tradicionais de come�o de ano que inflam o bolso, como IPTU, IPVA e material escolar.
“Esperamos que a infla��o de 2019 tenha encerrado dentro da meta (entre 4,25% e 5,75%) e para 2020 a previs�o � de uma infla��o ainda sob controle, mas que ter� meta reduzida para o intervalo de 4% a 5,5%”, avalia Thaize. Perante os mist�rios da infla��o de 2020, o momento de preces e promessas para o ano que vem n�o deve desprezar o conservadorismo nas despesas, e a fuga a todo custo do endividamento.
Quem apostaria em valoriza��o da renda do trabalho? O rendimento m�dio real habitualmente recebido pelos brasileiros foi de R$ 2.317 no trimestre de agosto a setembro, de acordo com o IBGE, tendo mostrado estabilidade ante o trimestre anterior e em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Em Minas Gerais, a renda m�dia, descontada a infla��o, est� em R$ 1.879, com base em dados de pesquisa mais recente, at� setembro, do IBGE.
Os governos federal e estadual t�m comemorado a eleva��o do emprego com carteira no Brasil. No entanto, 1,123 milh�o de mineiros, dentro do universo de 12,515 milh�es de brasileiros desempregados, n�o conseguem se ver contemplados nesse movimento muito fraco do mercado formal de trabalho. At� os analistas de bancos e corretoras, acostumados a revirar proje��es sobre o comportamento dos indicadores econ�micos, n�o seriam capazes de dizer o que ser� da renda e do consumo nos pr�ximos meses. Que venham menos surpresas para o or�amento e os objetos de desejo em 2020.
Como entender
R$354,6 bilh�es foi quanto gastaram as fam�lias brasileiras com sa�de em 2017, enquanto o governo desembolsou R$ 253,7 bilh�es
Ningu�m v�
Uma lista curiosa, e at� certa medida surpreendente, mostrou defla��o em BH entre janeiro e novembro de sete grupos de despesa: luva para limpeza
(-6,93%), br�colis
(-3,64%); ab�bora
(-12,24%); mandioca (-21,01%); e cal�a e camisa infantis
(-23,77%). O efeito das quedas, contudo, � pequeno por se tratar de produtos com pouco peso na forma��o do IPCA.
No Brasil
Os gastos com sa�de alcan�aram R$ 608,3 bilh�es no Brasil em 2017, representando 9,2% do PIB, o conjunto da produ��o de bens e servi�os do pa�s. A conta foi divulgada ontem pelo IBGE e indicou queda frente a 2016, quando a despesa consumiu 9,3% do PIB. Foi o primeiro retrocesso nos gastos com sa�de desde 2011, com base na chamada Conta-sat�lite de Sa�de, do IBGE.