
Questionamento a ser feito aos batalhadores empreendedores individuais, donos de pequenas empresas e trabalhadores por conta pr�pria pa�s afora � se vislumbram algum sinal de recupera��o da economia, como aqueles indicadores que o ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, est�o festejando dentro e fora de seus gabinetes. Mais ainda, se o pior da crise sob os efeitos da COVID-19 j� teria passado, como concluem as autoridades de Bras�lia.
Basta acompanhar o notici�rio, ouvir o setor, prestar m�nima aten��o que seja a alguns �ndices produzidos pelo pr�prio governo e entidades de representa��o das empresas para concluir o quanto a percep��o oficial est� distante da realidade dessa parcela da iniciativa privada. Em Minas Gerais, s� no primeiro trimestre do ano, 211 mil ocupa��es foram destru�das devido ao impacto do novo coronav�rus.
O universo de desempregados subiu de 1,071 milh�o no per�odo de outubro a dezembro de 2019 para 1,283 milh�o de janeiro a mar�o. O aumento assusta, ao atingir 19,7%. Entre os trabalhadores por conta pr�pria, 97 mil posi��es desapareceram desse grupo, hoje de 2,455 milh�es, e outras 25 mil pessoas deixaram a condi��o de empregadores, agora reduzidos a 557 mil.
Importante tamb�m � lembrar que o esfor�o desses pequenos empreendimentos movimenta longa cadeia de gera��o de emprego e renda no pa�s. Dados do Sebrae relativos ao ano passado mostraram que existem mais de 12 milh�es de pequenos neg�cios no pa�s e, desse universo, 8,3 milh�es s�o de microempreendedores individuais.
Em Minas, s�o 1.138.338 microempreendedores individuais (MEI), dos quais 200.483 estabelecidos em Belo Horizonte. Desse universo, 484.955 atuam no setor de presta��o de servi�os. H� desde cabeleireiros, promotores de vendas a prestadores de servi�os de pintura de edif�cios em geral, passando por lanchonetes, casas de ch�, bares e o com�rcio de todo tipo de mercadorias.
As micro e pequenas empresas respondem por mais de 52% dos empregos mantidos no pa�s. Contudo, reconhecimento por isso � algo que n�o costuma aparecer no radar dos governos, a n�o ser em tempos de elei��es, embora sobrem problemas para elas. Alguns deles se agravaram durante a pandemia do novo coronav�rus: falta e dificuldade de acesso a cr�dito e a m�o de obra qualificada, burocracia estatal que trava bons e promissores projetos, muitas vezes, simples na execu��o, e com poder de impulsionar gest�o, tecnologia, inova��o e vendas. Podem, muitas vezes, nem representar demanda significativa de recursos financeiros.
Recente pesquisa do Sebrae, j� investigando os efeitos da pandemia do novo coronav�rus sobre as micro e pequenas empresas, mostrou que 10,2% dos empreendedores de Minas que buscaram cr�dito pediram at� R$ 5 mil e 70% demandaram at� R$ 50 mil. Quase metade deles, o correspondente a 49,8% dos 481 entrevistados entre 29 de maio e 5 de junho, n�o conseguiu o empr�stimo. Outros 29,2% aguardavam resposta no momento em que o levantamento foi feito.
O drama n�o terminou nas portas dos bancos, inclusive os federais, e cooperativas. Por pouco n�o chegou a um ter�o o grupo de empreendedores que disseram que poderiam ter evitado o fechamento do neg�cio, caso houvesse apoio financeiro. Perguntados sobre o que pensam fazer agora, 54,4% disseram que v�o procurar emprego e 18,2% pretendem criar um neg�cio informal. � tudo o que Minas e o pa�s deveriam evitar, mais gente na fila do desemprego e o triste encerramento de uma empresa.
A consultoria de servi�os financeiros Boa Vista divulgou, esta semana, pesquisa que apurou 28,9% de aumento dos pedidos de fal�ncia no pa�s em junho, em sua maior parte apresentados por pequenas empresas. Quem tem motivos para comemorar, a despeito da pandemia, e tem conseguido dar a volta por cima e se manter trabalhando v� em frente, muito justo. Dif�cil � ver Campos Neto e Guedes festejando aumento de arrecada��o de impostos, consumo de energia e uma primeira eleva��o de vendas do com�rcio em maio quando os trabalhadores e as pequenas empresas n�o veem perspectiva de melhora t�o cedo.
Escolaridade
Os donos de pequenos neg�cios com menor escolaridade (at� o ensino m�dio) s�o os mais afetados pela crise. De acordo com o Sebrae, eles t�m mais dificuldade de conduzir a opera��o de modo virtual e de implementar ferramentas digitais de venda. Nesse grupo, que tem neg�cios mais recentes e que faturam menos, 73% est�o classificados como MEI.
Vagas fechadas
25%. � o percentual de pequenos neg�cios que tinham empregados registrados em maio e tiveram de demitir por causa do impacto da pandemia, segundo o Sebrae