
N�o custa lembrar aos incautos que o diabo mora ao lado e parece estar bem � espreita do bolso dos brasileiros at� mesmo na hora de buscar substituir o arroz e, com ele, o fio de �leo de soja usado na prepara��o do carro-chefe da refei��o b�sica. O 'novo normal' dos altos pre�os dos alimentos est� desmentindo sagradas leis da economia, que nos sugerem trocar produtos por ingredientes em per�odos de oferta abundante durante a safra. Afinal, quanto mais ofertados seus pre�os tendem a cair, mas n�o � isso o que tem ocorrido.
A l�gica � essa, mas cuidado, porque pode ser mais dif�cil do que parece vencer o aperto atual do or�amento. Duvide dessa recomenda��o t�o antiga dos manuais dos economistas e confira nas prateleiras o que compensa mesmo trocar na mesa. De um grupo de sete alimentos que as donas de casa afinadas com as contas escolheriam nesta �poca do ano para aliviar o custo da comida – mandioca, batata, inhame, couve-flor, repolho, tomate e alface –, cinco tiveram pre�os remarcados no atacado (do produtor para o distribuidor ou varejista) na primeira quinzena deste m�s. Somente a batata e a couve-flor ficaram mais baratas na negocia��o entre produtores e distribuidores ou varejistas.
Com predicados respeit�veis do ponto de vista nutricional e de sua versatilidade, a mandioca pode ser servida � mesa praticamente durante todo o ano, embora alguns chefes de cozinha afirmem que o produto mais fresco e de melhor qualidade deve ser comprado em agosto. Essa raiz, tamb�m conhecida como aipim e maniva, ficou 25,3% mais cara este m�s no entreposto da Ceasa Minas. � poss�vel que, pelo menos, parcela desse repasse chegue aos supermercados.
No m�s passado, a mandioca j� havia chegado �s prateleiras com aumento de pre�os de 7,74% para o consumidor na Grande BH, segundo o IPCA do IBGE, enquanto a infla��o subiu 0,21%. No Brasil, encareceu, em m�dia, 6,22%, ante o IPCA de 0,24%. Com farta produ��o nas regi�es Nordeste e Norte, os reajustes dos pre�os conquistados pelos produtores t�m sido considerados, a rigor, uma fase de recupera��o. Houve forte baixa da remunera��o deles depois da pandemia do novo coronav�rus. � um alimento que tem de ser acompanhado no mercado consumidor.
Concorrente t�pica do prato feito no Sudeste do pa�s, a batata-inglesa imp�e cuidado para ser inclu�da no carrinho de compras. A safra desse produto, que s� perde para o arroz e o trigo o t�tulo de maior fonte de alimenta��o da humanidade, est� apenas come�ando e se estende at� novembro. No atacado, o pre�o do quilo do produtor para a distribui��o teve expressiva queda nos �ltimos 15 dias, de 11,1%.
O que talvez o consumidor n�o tenha percebido � que a batata j� ingressou no per�odo de ampla oferta, desde agosto, com eleva��o de pre�os e nada desprez�vel. De janeiro ao m�s passado, o pre�o no varejo subiu 13,91% em Belo Horizonte, ao passo que a infla��o foi de 1,74%. As varia��es foram medidas pela Funda��o Ipead, vinculada � UFMG.
A ideia de turbinar a salada para compensar de alguma forma o racionamento ou aus�ncia do arroz nas refei��es pode ser uma sa�da para o caixa da fam�lia e uma boa alimenta��o. Contudo, requer aten��o no momento de fazer a lista de compras, embora os aumentos possam passar despercebidos, j� que alguns dos hortifr�tis t�m pre�o baixo por quilo, vistos em separado. Melhor n�o se enganar com isso. Base do prato, tomate e alface mostram alta de pre�os este ano.
O pre�o do tomate subiu 8,24%, em m�dia, de janeiro a agosto no varejo de BH, de acordo com pesquisa da Funda��o Ipead, mais de 4,7 vezes a infla��o do per�odo. A alface-crespa ficou 3,87% mais cara. Outro vegetal com valoriza��o impressionante � o repolho. O quilo da variedade h�brida foi negociado na Ceasa Minas a pre�o 33,3% superior na primeira quinzena do m�s, quando come�ou a safra do produto. A explica��o dos produtores seria uma recupera��o de pre�os. Na contram�o do aumento, a couve-flor barateou 22,2%.
H� outros exemplos de que alimentos em tempo de safra, e de boa oferta, n�o t�m significado pre�o baixo. Os hortigranjeiros costumam, ainda, ter maior volatilidade devido �s condi��es clim�ticas e de plantio. Fora dessa equa��o di�ria, resta �s fam�lias rejeitar aumentos abusivos e n�o se conformar com argumentos de um governo que culpa o consumo dos mais pobres e a lei da oferta e da procura.
Persistente
A segunda pr�via da infla��o de setembro em BH subiu 0,55%, influenciada pelos aumentos de 2,14% dos pre�os da alimenta��o na resid�ncia e 5,73% nas bebidas em bares e restaurantes. Os percentuais s�o resultado do comportamento dos pre�os no per�odo de 30 dias que compreende as duas �ltimas semanas do m�s passado e as duas primeiras de setembro. A infla��o na capital em agosto foi de 0,44%.
FORA DE CASA
4,91%
� quanto aumentou o pre�o do lanche em BH em 30 dias contados da segunda semana de agosto at� o �ltimo dia 12