
“O Senhor est� entre n�s.” O Esp�rito Santo cumpre a promessa de Cristo e visita os ap�stolos para derramar suas b�n��os. � uma ventania que tira tudo do lugar e enche a casa, mas n�o incomoda. Um fogo que se reparte em forma de l�nguas e n�o queima. Dez dias ap�s a ascens�o, as pessoas est�o reunidas no Cen�culo e vivem com alegria este momento. O Senhor faz seu �ltimo encontro com os ap�stolos, desta vez com a alegria de Pentecostes. � o pen�ltimo domingo de maio e a Igreja encerra com louvor o tempo da P�scoa.
Alguns disc�pulos passam a falar em l�nguas estrangeiras. O barulho chama a aten��o das pessoas l� fora, judeus devotos de todas as na��es, e come�a a murmura��o. As pessoas ouviam os disc�pulos falarem em sua pr�pria l�ngua. Pardos, medos e elamitas, habitantes da Mesopot�mia, da Judeia e da Capad�cia, do Ponto e da �sia, da Fr�gia e da Panfilia, do Egito e de parte da L�bia pr�xima de Cirene, e tamb�m os romanos – todos escutam as maravilhas de Deus em sua pr�pria l�ngua.
“Que significa isso?” – dizem uns l� fora. “Est�o b�bados de vinho doce?” – perguntam outros. � nesse clima de intensa emo��o, de alma em j�bilo, que Pedro deixa de vez a postura de pescador indeciso e assume com firmeza a lideran�a do rebanho. Para explicar ao povo como foi o encontro dentro do Cen�culo, onde em ora��o os disc�pulos assistiram � �ltima vinda do Senhor, de p�, junto com os 11 ap�stolos, Pedro levanta a voz e fala � multid�o, agora com o dom do Esp�rito Santo. “Homens da Judeia... Seja do vosso conhecimento o que vou dizer.”
Vai � Sagrada Escritura e cita passagens do profeta Joel e do salmista Davi para testemunhar a ressurrei��o de Cristo, que volta como o Esp�rito Santo derramado pelo Pai “como estais vendo e ouvindo”. E encerra: “Que todo o povo de Israel reconhe�a com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que v�s crucificastes”. Adeus, medo. Adeus, inseguran�a.
O Pedro que nasce em Pentecostes, agora como o Mestre, vai dirigir seus passos por longos caminhos para pregar o evangelho at�, tamb�m, chegar � cruz. O povo, com o cora��o compungido, quer saber: “O que devemos fazer?” Nesse dia foram convertidas mais ou menos tr�s mil pessoas.
A festa de Pentecostes encerra o per�odo pascal. Jesus sabia que as persegui��es seriam enormes, muitas heresias tentariam amea�ar a verdade do reino, e s� na for�a do Esp�rito Santo os disc�pulos conseguiriam implantar a palavra. Por isso, durante a ascens�o, proibiu os disc�pulos de se afastarem do Cen�culo antes de ser revestidos, batizados no Esp�rito Santo, que seria a for�a e a luz da Igreja. A partir de Pentecostes, os ap�stolos se enchem de coragem, sabedoria e pregam sem medo o Cristo ressuscitado.
E, ao encerrar a P�scoa, n�o se pode deixar de falar pelo menos de um dos 12. Neste dia solene de Pentecostes, volta-se o tempo a este disc�pulo que nos tr�s anos da vida p�blica do Mestre tinha a imagem de um homem de cora��o generoso, mas obtuso de car�ter, que s� concordava com o que entendia, negou o Mestre e fugiu da cruz. Muita gente chegou a pensar que Pedro entendia era de barcos e de como usar as m�os para manusear redes. Que era melhor pescador de peixes que de homens.
E agora, de repente, em Pentecostes, Pedro fala com autoridade, sem titubear, vira mesmo a pedra sobre a qual Cristo ergue a Igreja. Como � que um simples pescador, acostumado com o balan�o das �guas, se mant�m de p� por horas testemunhando diante de uma multid�o?
Foi muito lindo o tempo da P�scoa. Agora precisamos aproveitar tamb�m o tempo de transforma��es na vida, mesmo durante uma pandemia, e parar de pensar que somos apenas como Pedro na fase de pescador. Negamos alguns amigos, esquecemos pessoas que choraram conosco, nem lembramos o nome do m�dico que cuidou de nossa doen�a. N�o percebemos que o Esp�rito Santo, �s vezes, vem na brisa que sopra leve no cair da tarde. Distra�dos com a rotina, deixamos passar a oportunidade de receber o dom que transforma pescador em ap�stolo. Continuamos puxando nossas redes no mar.