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Estado de Minas COLUNA

Pandemia: Os ensinamentos do tempo de esperar

A mem�ria afetiva que s� a um emocionava e que s� um lhe estimava valor quando estava sozinho, agora j� pode ser dividida num almo�o de fam�lia


24/04/2022 04:00 - atualizado 24/04/2022 08:27

Ilustração

 
Al�m de ser a primeira mulher a viver no �den, Eva foi a primeira pessoa a passar pelo tempo de espera, durante a gesta��o do primog�nito Caim. Tamb�m esperou 40 dias o patriarca No�, enquanto as �guas subiam tanto que a arca flutuava elevada acima da terra, deixando-o junto com sua fam�lia e um casal de cada esp�cie de animal ilhados no dil�vio.
 
Mesmo que as �guas subissem encobrindo as montanhas mais altas que existiam debaixo do c�u, No� acreditava que seria recriado um outro mundo, que eles mereceriam um novo arco-�ris, que um dia a arca pousaria sobre os montes e que em uma tardinha qualquer a pomba voltaria com um ramo de oliveira no bico.
 
Ao sair de Ur dos Caldeus, a pedido do Senhor, quanto tempo Abra�o esperou at� que fossem cumpridas as promessas de Deus de que “tu ser�s pai de uma multid�o de na��es”, “olha para o c�u e conta as estrelas se fores capaz. Assim ser� tua descend�ncia”?

E porque sabia esperar e acreditava, muitas vezes Deus visitou Abra�o, como naquela vez, no maior calor do dia, quando o profeta estava assentado � entrada da tenda junto ao carvalho de Mambr�. Por isso Abra�o morreu numa “feliz velhice”.
 
Para receber do Senhor as t�buas de pedra com os 10 mandamentos, Mois�s ficou no Sinai 40 dias e 40 noites sem comer p�o nem beber �gua, sem nenhuma pessoa por perto, nem mesmo ovelhas ou bois pastando na montanha.
 
E passou 40 anos conduzindo seu povo do Egito para uma terra boa e espa�osa, onde corria leite e mel. Mois�s e os israelitas esperaram porque acreditavam que Deus tinha escutado seus gritos de afli��o e os libertaria da opress�o dos eg�pcios. Esperaram pelo tempo que foi necess�rio.
 
Para receber o que aprendemos com os dois anos de sofrimento, a vida veio vindo, veio vindo, e prometemos que o elo n�o iria se partir. Que sair�amos mais cuidadosos, mais generosos, mais lindos e maravilhosos. Aprendemos que o ar nos trouxe impiedosos inimigos invis�veis, que lavar as m�os demora, n�o podia ser com essa pressa toda, ora. Nem o elevador quer�amos dividir. S� n�s e nossa solid�o no ir e vir. Enfim, sa�mos da murmura��o.
 
Aquele des�nimo diante do futuro, impacientes com o presente de cada dia, sem noite devorando o dia, nem nuvem escura envolvida pela amargura. E nos pergunt�vamos se o problema estava na atmosfera ou nos cora��es. Enquanto a a��o do mundo se concentrava muitas vezes em um pequeno c�modo da casa. Foi o nosso tempo de esperar.
 
Por algum motivo, escritores, artistas do canto e do viol�o escreveram poemas dizendo que nosso dil�vio, n�o de �guas, mas de um v�rus que ningu�m via, alojava quase sem saber onde e matava sem saber por que, est�vamos navegando sobre ondas de d�vidas, medo, inseguran�a. Na pandemia, pelo menos, cada um tinha o seu barquinho.
 
Na solid�o de um barquinho onde cabiam apenas n�s e nossos sonhos, nossa capacidade pessoal de enfrentar dificuldades. Uns choravam porque os netos n�o cabiam no barquinho. Alguns deslizavam docemente sobre as �guas, outros solu�avam de dor. Cada um fazia seu barquinho navegar como dava conta, afastava o cisco do dia como podia. No barquinho aprendemos a esperar.
 
Pois o tempo passou, a vacina j� est� nas crian�as, os adultos comemoram a quarta dose, as escolas com a alegria dos alunos, as viagens daqui para acol�, na fazenda ou no exterior, as igrejas lotadas de fi�is, todos j� felizes de novamente terem coragem de assumir seus bons sentimentos. A fam�lia voltou a ser todos. A mem�ria afetiva que s� a um emocionava e que s� um lhe estimava valor quando estava sozinho, agora j� pode ser dividida num almo�o de fam�lia.
 
A vida � feita de esperas. Esperando o filho; esperando o beb�; esperando os sonhos extraordin�rios do jovem se transformar em projetos para a vida; esperando o vestibular; esperando o tempo que for necess�rio, uma vida se preciso; esperando o aumento; esperando a aurora; esperando a lua clarear a noite.

Esperando, esperando. Que a �gua degele, que a brisa substitua o vento, que sejamos fortes e resistentes para retomar, reformar, moldar e amadurecer a f� de cada santo dia. Esperando a semente virar flor.

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