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Estado de Minas Comportamento

N�o � minha culpa

'Temos a mania de terceirizar nossas responsabilidades'


30/05/2021 04:00 - atualizado 02/06/2021 15:17

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

 
Certa vez, ao comprar uma empadinha em uma lanchonete de bairro, percebi que havia massa al�m da conta e recheio de menos. A propriet�ria, puxando papo, perguntou se estava de meu agrado. Muito educadamente, passei a ela minha verdadeira impress�o e ouvi: “N�o posso fazer nada, n�o tenho culpa nenhuma, pois n�o � feita aqui. Compro diretamente de uma senhora”.
Achei gra�a em tamanha espontaneidade e ignor�ncia comercial, apenas sorri e parti. N�o seria necess�rio dizer que, passando por l� novamente, vou arriscar apenas os refrigerantes ou qualquer outro produto preferencialmente de fornecedor notoriamente conhecido e reconhecido. Uma barrinha de sementes talvez ou um chocolate.
 
Temos a mania de terceirizar nossas responsabilidades, bem aos moldes de “a culpa � minha, coloco ela em quem eu quiser”. Assim iludidos, acreditamos estar nos livrando de encarar nossos pr�prios enganos e assumir o que nos cabe. Se quer ver seu neg�cio prosperar ou minimamente sobreviver, a propriet�ria da lanchonete tem que se sentir respons�vel por tudo o que se passa ali, incluindo o que lhe cabe apenas administrar, e n�o fabricar.
 
Em meio a tanta contamina��o, tem-se ca�do na esparrela de acusar algu�m como sendo o terr�vel transmissor, nunca nossos descuidos ou at� mesmo o estar no lugar errado na hora errada. Se estamos vivos e circulando, mesmo com as devidas precau��es, corremos risco tanto de contrair a doen�a como de dissemin�-la.
 
Conhe�o uma fam�lia que recentemente perdeu a matriarca no alto de seus 90 anos. A senhora j� havia recebido a primeira dose da vacina, o que se acredita tenha aliviado um pouco o quadro, mas n�o o suficiente para evit�-lo por completo. Dias antes de ser diagnosticada, uma de suas cuidadoras havia sido internada. Quem foi o agente? A cuidadora, voc� pode ter respondido. Pode ter sido mesmo? Claro que sim, mas pode ser que n�o. Quem vai saber ao certo?
 
Fato � que a cuidadora tomou a culpa toda para si e a fam�lia est� lutando para convenc�-la de que, ao inv�s de procurar algu�m para crucificar, o melhor a fazer agora � aceitar e seguir em frente. Louv�vel essa posi��o, visto que todos os envolvidos tomavam todas as precau��es poss�veis, o que garantiu que todos se mantiveram saud�veis at� aquele momento. N�o � o que ocorre aos profissionais da linha de frente, que se estende muito al�m dos da sa�de, que est�o sendo acometidos pela COVID?
 
Digo louv�vel porque procurar algu�m em quem colocar o peso de tudo o que nos ocorre � f�cil, principalmente quando esse algu�m est� do lado mais fraco da corda. Dispensar a funcion�ria e concentrar sobre ela o �nus da morte da senhora n�o alivia nada al�m do bolso. J� analisar racionalmente o que ocorreu, aproveitando todas as li��es deixadas, pode ajudar na hora de tra�ar os rumos da vida que segue.

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