(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas Comportamento

Valores invertidos

"O que nos move continua sendo as apar�ncias impositivas"


05/09/2021 04:00

None
(foto: Pixabay)

 
Conheci mulheres que usavam cabelos longos jogados para a frente na tentativa de esconder as mamas enormes que tinham. Era comum quando a moda de implantes ainda n�o tinha nos atingido com tanta for�a, ou seja, no tempo em que ningu�m queria usar suti� acima de 42. As t�cnicas de cirurgia pl�stica estavam engatinhando e o pre�o era proibitivo.
 
Para se encaixar nos padr�es de beleza, a op��o era disfar�ar o quanto se podia. O que comprometia muito a postura tamb�m. Arquear o tronco um pouco para a frente ajudava de um lado, mas complicava de outro. Outras escondiam manchas na pele com maquiagem, falhas no couro cabeludo com chap�us ou bon�s, marcas e cicatrizes com roupas compridas. Haviam tamb�m as que nunca usavam sand�lia aberta como forma de evitar mostrar problemas em seus p�s, assim como as que falavam e sorriam abrindo pouco a boca, escondendo falhas nos dentes ou a aus�ncia de alguns deles.
 
Certa vez, vi uma mo�a que, cansada de ser repetidamente criticada porque pintava as unhas de um tom escuro e opaco, desabafou em prantos e aos gritos, mais ou menos assim. “Voc�s n�o entendem que eu tamb�m n�o gosto? � que tenho um problema nas unhas que pode fazer com que as pessoas me evitem!”, o que deixou todos muito sem gra�a, provavelmente n�o o suficiente para mudar alguma coisa em sua forma de agir e pensar. Afinal, a dor do outro costuma arrancar solidariedade moment�nea, at� que nos atinja de fato.
 
As unhas pintadas sempre foram uma sa�da para encobrir “defeitos”. Lembro-me bem do dia em que eu mesma peguei escondido o esmalte de minha m�e e o passei sobre a pele descoberta. Uma de minhas unhas havia ca�do devido a um trauma qualquer. A ideia foi desastrosa. Tudo porque queria esconder o que considerava anormal: uma unha feia.
 
Lembran�as de mais de tr�s d�cadas, mas que ainda persistem com algumas altera��es, como enchimentos em suti�s ou pr�teses mam�rias cada vez maiores no lugar de remo��es. Mas o que nos move continua sendo as apar�ncias e suas regras impositivas.
 
Isso tudo me veio � mente porque recentemente vi um jovem casal de namorados, sendo ele de estatura abaixo da dela. Minha vontade era de filmar as express�es apaixonadas dos dois para mostrar a todas as mulheres que n�o conseguem encontrar o parceiro certo porque colocam como exig�ncia que ele seja mais alto que elas. Reduzem suas vidas amorosas a uma escala de poucos cent�metros, como se fosse poss�vel medir o melhor para n�s de forma t�o empobrecedora.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)