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Estado de Minas COLUNA

Imagens tortas, monstruosas ou idealizadas com base no que desejamos viver

A reflex�o que levanto � quanto ao h�bito que temos de fazer ju�zos de valor sem sentido e deixar que eles balizem nossos passos


27/02/2022 04:00 - atualizado 27/02/2022 08:23

Ilustração
(foto: Pixabay)

 
Quando crian�a, eu morria de medo de ser mandada para um col�gio interno. Isso nunca foi uma possibilidade, muito menos uma amea�a real. N�o conhecia nenhuma escola nesta modalidade, nem uma crian�a que nelas estivesse matriculada.
 
Tudo n�o passava de especula��o, com base no que eu imaginava acontecer dentro de seus limites, o que, por sua vez, tinha base no que eu via em filmes a que assistia na TV e est�rias cujo objetivo era aterrorizar e doutrinar as crian�as "levadas", perfil no qual eu n�o me via encaixada. Meus pais nunca disseram que se eu n�o me comportasse esse seria meu fim.
 
Ainda assim eu tinha medo. N�o conseguia me imaginar vivendo longe de meus pais e irm�os, do cotidiano em fam�lia, do ir e voltar para a escola todos os dias, por mais que o tempo em que eu passasse l� pudesse ser muito prazeroso. Escola era lugar de encontrar os colegas e colegas n�o podiam suprir a afetividade que cabia � fam�lia.
 
Adorava ir para o col�gio, o que n�o queria dizer que o estudo em si fosse meu forte. Eu era muito t�mida, bem longe do tipo popular de circula��o f�cil entre todas as tribos. Era do tipo simples, descomplicada, obediente, e n�o conseguia entender como algu�m poderia viver dentro da escola como se fosse sua casa. S� se fosse castigo, consequ�ncia de um erro muito grave, quase irremedi�vel.
 
Quando ouvia a m�e de uma amiga contar que tinha frequentado uma escola interna, onde se divertiu muito e aprontou a ponto de ser "de fato e com raz�o" castigada pela diretora, eu ficava ainda mais confusa, j� que imaginava que o abandono era o que mantinha este tipo de institui��o. Ou a fam�lia desejava abandonar a crian�a ou a crian�a estava abandonando a vida.
 
Ao mesmo tempo, eu tinha colegas vindas do interior que viviam separadas da fam�lia. N�o sei se mito, realidade ou demonstrativo de status e poder, na �poca se acreditava que educa��o de qualidade s� se encontrava na capital. Ent�o, os pais mantinham a dist�ncia suas filhas  (quando crian�a, estudei em escolas para meninas) sob a tutela de governantas. J� assim eu n�o considerava abandono, por mais que os pais raramente viessem v�-las ou elas a eles.
 
Muitas vezes, criamos imagens monstruosas ou idealizadas com base no que desejamos viver ou acreditamos ser o melhor para todos sob �ticas infantis e cegas. N�o que hoje eu defenda a prolifera��o e muito menos a extin��o desse tipo de institui��o. A reflex�o que levanto � quanto ao h�bito que temos de fazer ju�zos de valor sem sentido e deixar que eles balizem nossos passos, nossos medos e anseios.  Muitas vezes, nos posicionamos em discuss�es calorosas como se f�ssemos os donos da verdade, quando at� a verdade � mut�vel, temporal e uma quest�o de ponto de vista.

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