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Estado de Minas Comportamento

Andando com as pr�prias pernas

Temos constru�do jovens inseguros em contato com o mundo"


25/09/2022 04:00

Multidão
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 
Enquanto esperava para ser atendida, ouvia uma senhora contar � amiga sobre a primeira vez em que a neta foi ao Centro de BH. Era manh� de s�bado e a fam�lia decidiu, depois de fazer compras no Mercado Central, seguir caminhando para a Galeria do Ouvidor, j� prevendo que seria algo pitoresco para a menina.
 
Ela seguia os passos dos pais e da av� mais preocupada, num primeiro momento, com a fruta da qual desfrutava. Escolheram a entrada da Rua S�o Paulo, quando a garota come�ou a esbo�ar desconforto. A av� contava como se aquele passeio tivesse sido uma a ventura digna de registro, t�o engra�ada a rea��o da neta ao se ver no meio daquela muvuca.
 
Come�ou a suar de medo e pediu para ir embora, pois aquele tipo de aglomera��o n�o fazia parte de seu cotidiano. Mas s� conseguiu convencer todos a voltarem para casa quando, convidada a comer pastel com caldo de cana, respondeu: "Imagine se eu vou ter coragem de comer algo aqui".
 
A senhora e a amiga que ouvia o relato do caso come�aram a rir quando eu, curiosa, indaguei: "Tratava-se de uma crian�a pequena?". "N�o", respondeu. "Na �poca, ela era adolescente, tinha uns 14 anos."  Preferi n�o render a conversa, tamanho o susto que levei e a admira��o que tomou conta de mim em rela��o �s atrocidades que os respons�veis pela educa��o dos jovens s�o capazes de fazer.
S�o muitos os casos de crian�as e adolescentes de classe m�dia alta que nunca pisaram al�m da bolha onde vivem. Alguns n�o andam dois quarteir�es a p�, muito menos sozinhos, para ir � escola ou � casa de um amigo. Para isso t�m motorista ou "m�etorista", sob a desculpa da falta de seguran�a.
Pensamos na seguran�a em rela��o a assaltos e viol�ncia f�sica em detrimento da seguran�a que constru�mos atrav�s do amadurecimento, t�o necess�rio para sermos transformados em seres humanos que pensam e agem de fato. Temos constru�do jovens inseguros ao se verem em contato com o mundo l� fora, t�o rico em diversidade e valores.
 
Lembrei-me de minhas andan�as pelo Centro de BH, sozinha ou com minhas amigas, quando tinha meus 12 anos. Pegava o �nibus e descia o mais pr�ximo das Lojas Americanas, meu passeio predileto por aquelas bandas, que ainda contava com a Mesbla. Quanto mais gente l� dentro, mais satisfeita eu ficava. Era sinal de que a vida pulsava e muita coisa boa estava acontecendo.
 
Corria riscos? Claro. Sempre houve ladr�es e abusadores � solta. Mas sou capaz de apostar que foram minhas andan�as para todos os lados que me ajudaram a ter olhos de abelha e aprender a detectar, na maioria das vezes, o perigo iminente, o que me permite ir cada vez mais longe.
 

 
 

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