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Estado de Minas COLUNA

Brasil faz travessia arriscada para recuperar economia: pode faltar energia

Agora irrompe a crise h�drica, convocando a tripula��o do Airbus para seu teste derradeiro. O risco para a fr�gil recupera��o industrial � enorme


05/06/2021 04:00 - atualizado 05/06/2021 07:40

Nível baixo dos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste ameaça a economia, mas ministros ignoram gravidade do quadro(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 26/5/15)
N�vel baixo dos reservat�rios de hidrel�tricas do Sudeste amea�a a economia, mas ministros ignoram gravidade do quadro (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 26/5/15)
O jato comercial sobrevoa o oceano Atl�ntico. O jantar a bordo est� sendo servido. O restante da viagem ser� sobre o mar. � quando o co-piloto, numa checagem de rotina, percebe consumo excessivo de combust�vel. Refaz as contas at� o fim do voo e constata que, na melhor hip�tese, o avi�o pousar� com a reserva do combust�vel.

O piloto ainda pode retornar � base. Mas a companhia arcar� com custos adicionais e transtornos da viagem interrompida. Para n�o falar do desassossego dos passageiros que saboreiam o jantar sem desconfiar de nada. Prosseguir � arriscar uma pane seca sobre o mar. Qual a alternativa mais segura, seria despiciendo perguntar.

O dever de prud�ncia � a base da boa administra��o. Impor riscos graves a uma comunidade, apenas para tangenciar cr�ticas dirigidas ao l�der, � procedimento inaceit�vel. A imagem do voo arriscado adere bem ao quadro de extrema crise h�drica hoje vivido pelo pa�s.

O ano de 2021 nos remete ao apag�o de 2001. Os reservat�rios de �gua para gera��o el�trica estar�o exauridos no segundo semestre. No Sudeste, regi�o mais demandante e vulner�vel, a medi��o atual – abaixo de 32% da capacidade plena – est� pr�xima � da crise de 2001.

Aquele ano era o pen�ltimo do segundo mandato de FHC. A economia vinha, finalmente, reagindo da crise cambial de 1999. Os partidos da base de governo precisavam de boas not�cias no front da infla��o e do emprego para vencer as elei��es de 2002, contra Lula.

Esse filme vai passar de novo, com uma importante diferen�a: a conduta do piloto frente ao risco. Em 2001, j� em junho, o governo FHC optou por desistir de tentar bater metas na economia para organizar o racionamento de energia.

No epis�dio atual, em 2021, entramos na esta��o seca contando apenas com o reduzido efeito de uma bandeira vermelha nas tarifas, para segurar o consumo, e rezando para a chuva chegar mais cedo. O ministro da Energia diz estar tudo sob controle.

O ministro da Economia borboleteia sobre an�ncios da economia "bombando", sem considerar os baixos estoques de vacinas nas geladeiras e os ainda mais escassos, de �gua, nos reservat�rios. � a falta absoluta de planejamento, cujo minist�rio, por sinal, foi um dos absorvidos pelo ministro multi-tarefeiro.

Para n�o ter que lidar com a frustra��o do seu devaneio de retomada econ�mica, o governo toma um risco de colapso h�drico no segundo semestre do ano, com grav�ssimos reflexos para os "passageiros" da VoeBolsonaro.

N�o � s� pela crise h�drica batendo � porta sem ningu�m para acudir. O pa�s se ressente de um olhar correto sobre a gest�o ambiental como um todo, a� inserida a gest�o do insumo fundamental da sobreviv�ncia humana: �gua. N�o � toa os cientistas tentam driblar o desafio maior da perman�ncia do homem em Marte: nenhuma gota d'�gua. Aqui no Brasil, para�so fluvial, esnobamos os alertas reiterados das mudan�as clim�ticas em curso. Abusamos da abund�ncia de hoje – j� nem tanta – sem pensar no amanh�.

Se o pa�s realmente pretende sair da repeti��o de mais um voo de galinha na economia, precisa encarar a s�rio a expans�o de fontes renov�veis de energia. A sorte, mais uma vez, est� do nosso lado, se quisermos aproveitar. Nosso espa�o � privilegiado pela insola��o tropical.

A energia fotovoltaica teria o mais r�pido coeficiente de resposta para a atual defici�ncia de produ��o el�trica instalada, da ordem de 5 mil MW. Outros tantos 5 mil MW ser�o necess�rios para suportar a pr�xima expans�o da economia, na faixa de 3% anuais de crescimento. N�o � pouco desafio de expans�o, pois exige o concurso de mais e�licas, mais gera��o h�drica e a g�s e a conclus�o da novela de Angra 3.

No entanto, n�o se v� o governo agindo como piloto prudente. Est� mais para motoqueiro conduzindo sem capacete. Parte essencial da conduta de um bom governante n�o � sair fazendo mas, simplesmente, assegurar que est� atento e � competente para agir na hora certa.

As crises sanit�ria, com a COVID, e a ambiental, com a explos�o de queimadas na regi�o amaz�nica, revelaram uma tripula��o que n�o conhece os instrumentos de voo da cabine de comando. Agora irrompe a crise h�drica, convocando a tripula��o do Airbus para seu teste derradeiro. O risco para a fr�gil recupera��o industrial � enorme.

Mas o governo silencia. O perigo de descontrole inflacion�rio � crescente, pela explos�o do custo da energia nos pr�ximos meses e anos. Sobre isso n�o se ouve um pio das paredes mudas dos minist�rios. A amea�a sobre a recupera��o de empregos tamb�m � real, num pa�s sobrecarregado por jovens sem oportunidade de trabalho. A crise h�drica que nos assola acentuar� todas as facetas negativas de uma administra��o cambaleante.

Enquanto se serve o vinho na classe executiva, nossa viagem prossegue inalterada rumo ao pouso de emerg�ncia.




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