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A solid�o expressa do ministro da Economia Paulo Guedes

Sonho dif�cil de materializar, na aus�ncia de um plano minimamente operacional para a tal "virada da economia". Esse plano nunca foi sequer para o papel


12/02/2022 04:00 - atualizado 12/02/2022 07:58

O ministro da Economia, Paulo Guedes usa máscara e caminha por um corredor
A solid�o de Guedes � dura, mas n�o � novidade. J� houve, tantas vezes antes, ministros emparedados pelo jogo pol�tico (foto: F�bio Rodrigues Pozzebom/Ag�ncia Brasil - 25/2/1)


O desabafo de Paulo Guedes, ministro da Economia, a renomados jornalistas da m�dia nacional, revela bastante sobre seu desencanto com a atual situa��o econ�mica do pa�s. Revela mais, sobre a dif�cil tarefa pesando nos ombros de uma �nica pessoa, encarregada de tocar a grande orquestra da pol�tica econ�mica num Brasil cheio de grupos privilegiados, de “seres especiais” e de larga diversidade de agendas regionais e setoriais. O ministro Paulo Guedes estava profundamente magoado ao afirmar: “A minha biografia foi aniquilada. (...) Disseram que eu n�o fa�o nada, que n�o entrego nada, que prometo e n�o fa�o. (...) meu compromisso (�) com 200 milh�es de pessoas (os brasileiros). Eu n�o estou preocupado em sair bem no filme”. Momento de dor �ntima e reflex�o intensa.
 
Guedes n�o est� sozinho nessa frustra��o de tentar endireitar o Brasil e sua economia. Pelo contr�rio: se olharmos para tr�s, mesmo n�o voltando longe na nossa hist�ria, colecionaremos as mais variadas express�es de decep��o de competentes condutores da economia: desde a divertida desilus�o de um mestre como Eug�nio Gudin – que ficou s� sete meses de ministro – quando se saiu com esta: “S� tive uma amante, o Brasil, e ele sempre me traiu!”, passando pelo genial Roberto Campos, deixando o minist�rio pelo elevador dos fundos, ou um estelar Mario Henrique Simonsen, colocando um cal��o de banho para afogar na praia de Ipanema as m�goas de cinco anos de frustrante dedica��o, ou um Pedro Malan, deixando o cargo com a maior taxa de juros da era do Real.
Foram poucos os ministros de Fazenda que puderam bradar, como J�lio C�sar, “vim, vi e venci”. Nesse nobre sentido de miss�o, Paulo Guedes vai entrando para a hist�ria de nossa gest�o econ�mica como mais um entre os muitos que vieram para dar o melhor de si. O ministro n�o deveria, por isso, estar numa curti��o t�o autorreferente, precocemente cismado com sua pr�pria biografia.
 
A solid�o de Guedes � dura, mas n�o � novidade. J� houve, tantas vezes antes, ministros emparedados pelo jogo pol�tico. Como lembrava o maestro Tom Jobim: “O Brasil n�o � para principiantes”. Existe resumo melhor e consolo mais adequado? Paulo Guedes veio para o governo como um principiante; jamais pisara antes em pr�dio p�blico como servidor do Estado brasileiro. Nem ele nem, tampouco, os mais de 10 colaboradores diretos que Guedes trouxe a tiracolo, a maioria deles marinheiros “de primeira viagem” na gest�o p�blica. Principiantes largados na Esplanada de Bras�lia, num zoo povoado de bichos pol�ticos felpudos e com garras afiadas. O doutorado em Chicago, com os melhores mestres americanos, de pouco valeu ao ministro, iniciante no perigoso tapet�o da pol�tica de bastidores.
 
Dif�cil dizer por que situa��es e desafios Guedes ser� lembrado, se pela gest�o da pandemia, correta no varejo, mas incompleta no atacado, ou se pela silenciosa conten��o do festival de tolices que, se endossadas pelo ministro, j� teriam estourado muitas vezes o teto do Or�amento federal. Como jogador de defesa, Guedes passou bem; como artilheiro, revelou-se um grande goleiro. De fato, n�o foi poss�vel marcar gols de fazer a torcida vibrar nas arquibancadas. A maioria do elenco de Guedes, que com ele jogava no primeiro tempo, foi pedindo para sair de campo, um ap�s o outro, acentuando a suprema solid�o do l�der de uma revolu��o liberal que jamais sequer saiu da quimera.
 
Sonho dif�cil de materializar, na aus�ncia de um plano minimamente operacional para a tal “virada da economia”. Esse plano nunca foi sequer para o papel. Ficou em declara��es esparsas. A constru��o de uma agenda efetiva � mais uma li��o para quixotes iniciantes na (quase imposs�vel) arte de governar o Brasil: � preciso ter os projetos prontos e arredondados, n�o apenas esbo�os ou concep��es, que n�o se harmonizar�o, depois, ao r�gido regime jur�dico do pa�s, muito menos �s idiossincrasias dos donos das m�quinas pol�tica e financeira. Uma vez de volta �s caminhadas no Leblon, Guedes s� precisar� lamentar n�o ter sido alertado mais cedo para a advert�ncia do colega liberal chileno Hernan Buchi: “No governo, o tempo sempre corre mais r�pido”.
 
O tempo tamb�m come�a a correr mais r�pido para o Brasil em 2022. O pa�s virou um solteir�o de cuca mole, que errou de endere�o para a balada de s�bado � noite. Estamos sozinhos na pista do desenvolvimento perdido, prestes a repetir a dose de Bolsonaro, desta vez sem Guedes (como nos antecipa o senador Fl�vio) ou com passagem j� reservada de volta ao passado, para encenar o terceiro ato do infind�vel musical “E o Lula levou”. Nossas op��es encurtaram a olhos vistos, com a diferen�a de que, para o coletivo do aflito povo brasileiro, n�o adianta desabafar como ministro em fim de jornada; � vida que segue, para ser vivida e vencida.

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