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Estado de Minas coluna

Infla��o e extra��o: Sina do brasileiro �s v�speras dos 30 anos do Real

Em mar�o �ltimo, o IPCA de 12 meses atingiu a furiosa marca de 11,3%, registrando 1,62% no m�s, um recorde para mar�o, em toda a era do Plano Real


09/04/2022 04:00

Em 1º de julho de 1994 o lançamento de uma nova moeda com um conjunto de medidas estancou o descontrole inflacionário no país
Em 1� de julho de 1994 o lan�amento de uma nova moeda com um conjunto de medidas estancou o descontrole inflacion�rio no pa�s (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 30/6/15)

Em mais dois anos – 2024 – o Plano Real completa 30 anos de dura��o. Naquele 1º de julho de 1994, entrava em vigor uma nova era, com promessa de estabilidade dos pre�os e a volta de um crescimento vigoroso, como at� os anos 1970. O pa�s convivia, ent�o, com uma superinfla��o de at� 2.000% ao ano e achatamento salarial provocado pela corros�o do poder de compra do trabalhador. Era o chamado “imposto inflacion�rio” provocado pelo excesso de emiss�es de um dinheiro em cont�nuo processo de perda de valor. O real, moeda que sobrevive at� hoje, chegou como um grande alento para a popula��o sofrida. Com isso, o ministro respons�vel pela implanta��o do Plano Real – FHC – conseguiu se eleger duas vezes, no ano de 1994 e, em seguida, em 1998, derrotando Lula em ambas as campanhas, mesmo com a economia no ch�o da segunda vez.

Com alguns personagens novos – e outros antigos, apenas muito mais velhos –, a hist�ria se repete na frente dos brasileiros. A infla��o, que n�o caminha mais nos p�ncaros dos quatro d�gitos, avan�a, no entanto, pelos dois d�gitos. Em mar�o �ltimo, o IPCA de 12 meses atingiu a furiosa marca de 11,3%, registrando 1,62% no m�s, um recorde para mar�o em toda a era do Plano Real.

Raz�es oficiais para essa alta n�o faltam ao discurso do governo. A principal desculpa � que estamos em boa companhia, pois at� nos EUA e Europa os �ndices dispararam. Nos EUA, n�o h� fam�lia que n�o tenha sentido o belisc�o da infla��o acima de 7% ao ano. A Europa vai no mesmo caminho, insuflada pela crise de energia, e agravada com o bloqueio de importa��es de carv�o e de petr�leo da R�ssia. Aqui, o efeito danoso da infla��o est� sendo combatido da maneira mais dolorosa pelo Banco Central, via juros na lua, depois de haver perdido a m�o da “ancoragem das expectativas” do mercado. A serpente dos pre�os h� muito n�o obedece mais � flauta m�gica do banqueiro em Bras�lia. O mercado promove altas cont�nuas nas expectativas semanais, a 11ª alta consecutiva da pesquisa Focus. � uma derrota evidente da pol�tica econ�mica do governo, que s� encontra paralelo na destrui��o econ�mica que o PT de Dilma havia deixado em 2016. Portanto, estamos num teatro de guerra interna sem inocentes de nenhum lado.

Nesse cen�rio inflacion�rio, j� sabemos quem mais perde: a popula��o assalariada, com ou sem carteira assinada, a imensa maioria do povo que, um dia, torceu para o Plano Real dar certo. Faz quase 30 anos. E muito pouco aconteceu desde ent�o. Mesmo no t�o decantado per�odo do presidente Lula, em que um surto monumental de pre�os de produtos agr�colas e minerais deu de presente ao pa�s a chance de se reencontrar com um crescimento sustentado, o que se viu foi o aumento permanente da extra��o de “dinheiro bom” das fam�lias e empresas – via carga tribut�ria – para financiar programas populistas e distribui��o de vantagens indevidas a grupos.

Tal extra��o econ�mica foi cont�nua, ano ap�s ano, lan�ando dinheiro bom e reprodutivo em atividades est�reis ou improdutivas. E a extra��o, na jugular da economia produtiva, veio s� crescendo, como o beijo de um vampiro, desde o per�odo FHC, passando por Lula e Dilma, por Temer e, agora, Bolsonaro. N�o h� ideologia nenhuma nessa extra��o, que se repete em todos os governos da era do Real, pois todos – sem exce��o – t�m adotado uma s� matriz econ�mica, baseada em tirar da base da economia (trabalhadores e empresas, especialmente PMEs) para entregar ao sustento das m�quinas obesas dos tr�s poderes, nos tr�s n�veis de governo.

Mais gastos, sempre, e por todos os motivos e desculpas. O parco crescimento das atividades produtivas � que paga a conta do miser� nacional. A regra da extra��o � simples: � preciso fazer crescer a carga tribut�ria e a d�vida p�blica, esta quando os impostos n�o alcan�am cobrir a gastan�a. N�o por acaso, o pr�prio governo vem de anunciar que a carga tribut�ria, calculada oficialmente, encostou em 34% do PIB. O n�mero, na pr�tica, � maior, pois, se computado o d�ficit p�blico anual, a extra��o governamental chega aos 40% do PIB. N�o h� sociedade que possa suportar tamanha extra��o anual sem consequ�ncias fatais ao seu desenvolvimento. Essa � a “�nica raz�o” do nosso p�fio crescimento anual. Por�m, os discursos vazios dos pr�-candidatos nem abordam nossa doen�a maior: a conjuga��o infame de mais infla��o e mais extra��o. Ser� o Brasil ainda capaz de sobreviver aos seus pol�ticos? As urnas de 2022 nos responder�o.

* Paulo Rabello � economista e escritor. Quer comentar ou republicar? [email protected]





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