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Estado de Minas COLUNA

Banco Central compra ouro para refor�ar reservas cambiais do pa�s

'Ningu�m arrisca data para a eventual crise das d�vidas soberanas no mundo engrossadas pela pandemia. Ela pode nem ocorrer, mas o pior � n�o estar preparado'


20/07/2021 04:00 - atualizado 20/07/2021 07:28

Em apenas dois meses, o Banco Central adquiriu 53,7 toneladas de ouro, sendo 11,9 toneladas em maio e 41,8 toneladas em junho (foto: Marcello Casal/JrAgência Brasil - 14/5/20)
Em apenas dois meses, o Banco Central adquiriu 53,7 toneladas de ouro, sendo 11,9 toneladas em maio e 41,8 toneladas em junho (foto: Marcello Casal/JrAg�ncia Brasil - 14/5/20)

 
Entre todos os temas da gest�o da economia de um pa�s, um chama a aten��o pela discri��o com que � tratado pela autoridade monet�ria: o das reservas cambiais, estejam elas relativamente altas ou baixas. Houve �poca em que elas s� eram divulgadas com seis meses de atraso.

Hoje n�o � mais assim, mas ainda se trata com cuidado o assunto. N�o � quest�o de sigilo, mas de conveni�ncia. N�o h� nada escondido, mas tamb�m n�o se faz alarde nem quanto a medidas adequadas � manuten��o dos valores reservados.
 
Por isso, teve pouco destaque a recente decis�o do Banco Central (BC) de realizar duas grandes compras de ouro para refor�ar as reservas do pa�s. Foram adquiridas, em apenas dois meses, 53,7 toneladas de ouro, sendo 11,9 toneladas em maio e 41,8 toneladas em junho (esta �ltima, a mais volumosa j� feita pelo Brasil).

O BC n�o informou o valor pago pelas duas aquisi��es e tampouco adiantou quando outras compras ser�o feitas. H� boas raz�es para esse sil�ncio. A mais �bvia � evitar a press�o sobre as cota��es do metal. Com as novas 53,7 toneladas, as reservas internacionais brasileiras em ouro saltaram de 67,4 toneladas para 121,1 toneladas, aumento de 69,67%.
 
Apesar da compreens�vel discri��o do BC, essas compras merecem mais do que um simples registro, mesmo sabendo-se que elas n�o v�o alterar significativamente o perfil das reservas. A decis�o por esse refor�o das reservas, tomada ap�s 20 anos sem qualquer aquisi��o de ouro f�sico, vale uma reflex�o sobre a import�ncia desse patrim�nio p�blico.
 
As reservas cambiais (ou internacionais) s�o assim chamadas por serem constitu�das em moedas ou t�tulos estrangeiros convers�veis em moeda de aceita��o internacional. � fundamental o reconhecimento da liquidez dos ativos que comp�em as reservas de um pa�s pelas demais na��es com as quais ele mant�m rela��es comerciais e financeiras.

O ouro, por sua imediata e indiscut�vel conversibilidade na maioria das moedas do mundo, � igualmente aceito como ativo de reserva, embora o seu emprego para esse fim se d� em propor��o muito menor do que a praticidade das moedas e dos t�tulos das d�vidas soberanas. Mas ainda � um porto seguro em meio � tormenta.


Papel e d�lar


Em plena era digital, a velocidade em que se processam os neg�cios internacionais exige a transfer�ncia eletr�nica de numer�rio. O custo e os riscos do transporte e da guarda de toneladas de barras de ouro somente s�o assumidos quando orientados por decis�o estrat�gica pontualmente conveniente.
 
No Brasil, por exemplo, a participa��o do ouro f�sico � proporcionalmente pouco expressiva na composi��o das reservas de mais de US$ 350 bilh�es, mesmo ap�s as compras recentes pelo Banco Central. A maior parte � formada por t�tulos convers�veis na moeda norte-americana, al�m de d�lares depositados em bancos centrais de v�rios pa�ses, bem como no Fundo Monet�rio Internacional (FMI) e no Banco Compensa��es Internacionais (BIS), com sede na Su��a.
 
O metal j� teve papel mais importante como reserva de valor na economia mundial. Ap�s os Acordos de Bretton Woods, firmados em 1945, muitas moedas eram lastreadas em ouro, especialmente o d�lar norte-americano. A partir dessa �poca e apoiada no grande crescimento da economia dos Estados Unidos, a moeda daquele pa�s ganhou a condi��o de refer�ncia em praticamente todas as transa��es do com�rcio e das finan�as internacionais.
 
Essa condi��o � mantida at� hoje, mesmo depois de um ato do governo dos Estados Unidos, que, em 1971, extinguiu a conversibilidade obrigat�ria do d�lar em ouro. Apesar dessa mudan�a, as reservas cambiais da maioria dos pa�ses continuam a ser denominadas majoritariamente na moeda norte-americana.

Nova crise


Embora o BC nada tenha comentado, a atual decis�o de aumentar a participa��o do ouro f�sico nas reservas brasileiras demonstra cautela e previd�ncia diante do cen�rio mundial. H� ind�cios persistentes de que pode ocorrer proximamente uma nova crise e, apesar do in�cio da recupera��o da economia mundial, a conjuntura internacional p�s-pandemia inspira cuidados no plano financeiro.
 
As d�vidas da maior economia do mundo, a dos Estados Unidos, agravadas pelos efeitos da pandemia, j� correspondem a 107% do Produto Interno Bruto, o que gera press�o inflacion�ria. Al�m disso, o FED (banco central local) vem inundando a pra�a com a emiss�o de d�lares e com a compra antecipada de t�tulos do tesouro. A infla��o nos Estados Unidos j� passa dos 5% ao ano e a desvaloriza��o da moeda mais importante do mundo tende a se manter.
 
A situa��o na zona do euro n�o � muito dife- rente. O Banco Central Europeu tamb�m vem emitindo moeda e adotando medidas de est�mulos financeiros. No in�cio deste m�s, ao fazer a revis�o quinquenal da pol�tica monet�ria do bloco de pa�ses-membros, decidiu flexibilizar a meta de infla��o anual de 2% por per�odo indefinido.

Ningu�m arrisca uma data para a eventual crise das d�vidas soberanas engrossadas pela pandemia. Ela pode nem ocorrer, mas o pior � n�o estar nem um pouco preparado.

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