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Estado de Minas COLUNA

Economia pesa contra a guerra da R�ssia na Ucr�nia

A esta altura, de que adianta apontar quem come�ou a briga? Continuar�o injustific�veis a morte de milhares de pessoas e a destrui��o de cidades


01/03/2022 04:00 - atualizado 01/03/2022 07:28

Bolsa de Nova York em pregão pressionado pela invasão russa à Ucrânia
Bolsa de Nova York: mercado j� sente os efeitos da situa��o na Ucr�nia (foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP)
As economias do Brasil e do mundo esperavam ansiosamente a chegada de mar�o, m�s em que a autoridade monet�ria dos Estados Unidos dever� elevar, depois de muitos anos, a taxa b�sica de juros da maior economia do mundo. S� isso j� teria impacto suficiente para elevar temperatura e press�o em praticamente todos os mercados.

Mar�o come�a hoje, mas ele n�o veio sozinho. Trouxe consigo uma guerra: a invas�o da Ucr�nia pela R�ssia. Por enquanto, o conflito � militarmente localizado, mas suas repercuss�es sobre a economia mundial s�o previs�veis e, dependendo de sua dura��o, podem ser bem mais amargas do que as do esperado combate � infla��o mundial.

Ocorre que, embora localizado, o conflito tem por protagonistas diretos e indiretos muito mais do que dois pa�ses vizinhos do Norte da Europa. S� os muito ing�nuos acreditam que a invas�o da Ucr�nia � apenas uma a��o isolada e voluntariosa do governo russo. H� muito mais nesse jogo perigoso. �, na verdade, uma rea��o ao cerco geopol�tico que vinha se formando contra a R�ssia desde o fim da Uni�o Sovi�tica (URSS), com a amplia��o da influ�ncia da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan) sobre pa�ses daquela regi�o.

Nesse tabuleiro, a Ucr�nia, que foi parte da URSS, � pe�a-chave, por sua posi��o geograficamente estrat�gica entre a R�ssia e a Europa, al�m do acesso ao Mar Negro. Pa�s independente desde 1991, a Ucr�nia n�o � filiada � Otan, mas tende a s�-lo, desde a posse em 2019 de um governo pr�-Ocidente.

� a� que come�a o imbr�glio atual. Para a R�ssia, a eventual ades�o da Ucr�nia � Otan, entidade liderada pelos Estados Unidos, � vista como uma grave amea�a � sua soberania e integridade territorial. De fato, como a Otan � uma organiza��o com fins militares, a ades�o da Ucr�nia daria aos norte-americanos condi��es de instalar bases de lan�amento de m�sseis na fronteira com o territ�rio russo.

Como ocorre em todas as guerras, a primeira v�tima � sempre a verdade. No conflito atual, h� narrativas dando conta de que o governo dos Estados Unidos estaria incentivando essa ades�o da Ucr�nia � Otan. Outras vers�es afirmam que a rea��o de Putin, o presidente da R�ssia, foi exagerada e teria sido movida por um projeto expansionista.

Discutir isso agora � uma perda de tempo daquelas de que se ocupam pretensos cientistas pol�ticos, especialistas em assuntos internacionais, todos �vidos por serem entrevistados. Mas, a esta altura, de que adianta apontar quem come�ou a briga? Continuar�o injustific�veis a morte de milhares de pessoas e a destrui��o de cidades, lavouras e f�bricas.

CAUTELA

Para al�m de indignadas manifesta��es diplom�ticas, pouco se espera quanto ao envolvimento militar de outros pa�ses em apoio � Ucr�nia. � no campo da economia que se pode encontrar explica��o para tamanha cautela, inclusive na defini��o e eventual aplica��o de san��es financeiras � R�ssia.

Por exemplo, a exclus�o dos bancos russos do �gil e eficiente sistema que realiza diariamente cerca de 40 milh�es de trocas de mensagens em tempo real entre agentes financeiros de todo o mundo. Trata-se da Sociedade de Telecomunica��es Financeiras Interbanc�rias Mundiais (Swift, na sigla em ingl�s). Sugerida por autoridades francesas, essa exclus�o foi parcialmente aceita pela comunidade financeira internacional, mas ningu�m quis coloc�-la imediatamente em pr�tica.

Em vez disso, foi criada uma comiss�o para examinar a conveni�ncia de impedir que os bancos russos viabilizem pagamentos em suas transa��es comerciais fora da R�ssia. O problema � que empresas de outros pa�ses da Europa, consumidores do petr�leo e do g�s russos, ficariam impedidas de realizar neg�cios, afetando as economias regionais e o sistema financeiro internacional.

A prop�sito, a R�ssia � o terceiro maior produtor mundial de petr�leo e o segundo de g�s natural, embora seja raramente mencionada essa sua privilegiada condi��o. A Europa � o principal destino de suas exporta��es, com destaque para o g�s natural, que chega a responder por mais de 40% de todo o consumo deste combust�vel pela Alemanha, maior economia do continente. �, ali�s, por gasodutos que passam pelo territ�rio da Ucr�nia que flui o g�s da R�ssia com destino � Europa.

NEGOCIA��ES

Portanto, � na perspectiva de suspens�o do fornecimento do petr�leo e do g�s russos � j� abalada economia europeia que se pode apostar na curta dura��o do conflito. Pesa pouco a espalhafatosa propaganda que se faz no ocidente dos eventuais inc�modos causados � popula��o da R�ssia pela restri��o a produtos importados e pela desvaloriza��o da moeda local.

Tanto � assim que as negocia��es entre invadidos e invasores j� come�aram. Enquanto a Ucr�nia exige o fim da invas�o e a retirada das tropas russas de seu territ�rio, a R�ssia dificilmente abrir� m�o daquilo que ela foi buscar: a desist�ncia de ades�o da Ucr�nia � Otan.

Esses pontos e mais um ou outro detalhe parecem f�ceis de se negociar, mas cada lado sabe o valor daquilo que defende e ningu�m vai deixar nada barato. Contudo, como foi a negocia��o civilizada que faltou para evitar a guerra, s� ela pode recolocar as coisas no devido lugar.

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