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Estado de Minas COLUNA

Aumenta o risco de recess�o nos Estados Unidos e no resto do mundo

Mais do que a desacelera��o do consumo, invers�o muito forte da taxa de juros pode comprometer economia


21/06/2022 04:00 - atualizado 21/06/2022 07:38

Sede do Banco Cental, em Brasília: a instituição começou a inverter mais cedo a sua política monetária
Sede do Banco Cental, em Bras�lia: a institui��o come�ou a inverter mais cedo a sua pol�tica monet�ria (foto: MARCELLO CASAL JR./AG�NCIA BRASIL)

Depois de uma semana marcada pelo aumento quase simult�neo das taxas b�sicas de juros pelas autoridades monet�rias de mais de 40 pa�ses, a come�ar pela dos Estados Unidos e at� pela da Su��a, o mundo foi tomado por uma onda de perplexidade e medo. Essa onda teve in�cio – mais uma vez – nos agitados escrit�rios do mundo financeiro em torno de Wall Street, em Nova York, e acabou derrubando bolsas mundo afora.

� claro que os alarmistas profissionais, seja por interesse econ�mico ou pol�tico eleitoral, logo entraram em campo para fazer o barulho de sempre: estes para tentar p�r a culpa em algum advers�rio, aqueles para poder comprar barato na baixa dos pap�is. O problema � que, desta vez, o motivo da preocupa��o � real, principalmente para os Estados Unidos.

O mal-estar j� vinha grassando h� meses, desde que o desarranjo das cadeias de suprimento, provocado pela paralisa��o de ind�strias durante a pandemia, gerou um choque mundial de oferta e, com ele, um aumento generalizado de pre�os. A guerra entre a R�ssia e a Ucr�nia, iniciada em fevereiro, s� fez agravar a situa��o, afetando os mercados de alimentos e de combust�veis.

Mas foi na �ltima quarta-feira que a onda pessimista ganhou tra��o, depois que o Fed (o banco central dos norte-americanos) anunciou o aumento de 75 pontos base (0,75%) nos fed funds, elevando a oscila��o m�dia da taxa b�sica de juros para mais de 2,5% ao ano.

O Fed havia feito dois aumentos em percentuais mais baixos e a maioria dos agentes financeiros n�o esperava nada al�m de 0,5% agora. A decis�o de quarta-feira impactou os mercados financeiros dos Estados Unidos e do resto do mundo, pois sinalizou que a autoridade monet�ria do pa�s emissor do d�lar decidiu priorizar o combate � infla��o em vez de dar est�mulos ao crescimento da economia, como at� h� pouco vinha fazendo.

A perplexidade geralmente ocorre quando se percebe que a leitura do presente, isto �, da realidade, tem sido equivocada. De fato, as autoridades do Fed demoraram muito a reconhecer que a infla��o p�s pandemia, agravada pela guerra na Ucr�nia, n�o era fen�meno passageiro. Na semana passada, o PCI, principal �ndice de pre�os ao consumidor americano j� andava pelos 8,5% ao ano, patamar n�o visto h� 40 anos.

INVERS�O


Ao reconhecer o erro, o Fed concluiu que teria de promover a invers�o mais r�pida e mais forte da taxa b�sica de juros, de modo a lev�-la para o campo restritivo. Ou seja, tornar o dinheiro mais caro e, com isso, desencorajar o consumo, antes que a corrida dos pre�os fique descontrolada. Isso significa que, nas pr�ximas reuni�es do Comit� Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em ingl�s, o Copom americano), novos aumentos dos juros poder�o vir na mesma porcentagem.

A taxa b�sica chegaria ao fim de 2022 a 4% ao ano nos Estados Unidos. Da perplexidade ao medo foi um pulo: mais do que a desacelera��o do consumo e, portanto, da economia, uma invers�o muito forte da taxa de juros pode provocar uma recess�o nos EUA e no resto do mundo.

Justo agora, quando todos os pa�ses enfrentam o desafio de reanimar suas economias afetadas pela pandemia, ao mesmo tempo em que tentam conter os pre�os internos, perder um dos maiores importadores de seus produtos n�o ajuda em nada.

Al�m disso, a alta dos juros nos Estados Unidos acaba for�ando os demais pa�ses, principalmente os emergentes, como o Brasil, a tamb�m elevar suas taxas de remunera��o do capital. Ou fazem isso, ou correm o risco de lamentar a revoada dos d�lares, hoje aplicados em seus t�tulos de d�vida p�blica e em papeis de empresas locais, rumo aos treasuries norte-americanos.

Nesse ponto, cresce o dilema das autoridades monet�rias de qualquer pa�s que leva a s�rio a gest�o da macroeconomia. Trata-se de tomar, em meio a tantas incertezas, as decis�es de pol�tica monet�ria mais adequadas. Ou seja, definir e praticar a dosagem correta do rem�dio (taxa de juros) para curar a doen�a (infla��o), sem matar o paciente (a atividade econ�mica).

NO BRASIL


Para quem est� t�o atrasado quanto os Estados Unidos em reconhecer a gravidade da atual onda inflacion�ria, o trabalho ser� mais �rduo e perigoso. Parece ser o caso de alguns pa�ses da Europa, dependentes do petr�leo e do g�s da R�ssia e dos cereais da Ucr�nia. A administra��o da Uni�o Europeia, por exemplo, vinha resistindo a mudan�as em sua pol�tica monet�ria, apesar de a infla��o na zona do euro j� ter batido nos 7,6% ao ano.

N�o � o caso do Brasil, j� que o nosso Banco Central (BC) come�ou a inverter mais cedo sua pol�tica monet�ria. A Selic, que havia entrado em 2021 em seu patamar mais baixo, 2% ao ano, subiu para 2,75% em mar�o do mesmo ano e n�o parou mais de crescer. Na fat�dica �ltima quarta-feira, ela ganhou mais 75 pontos base, chegando aos 13,75% ao ano, para uma infla��o de 11,73%.

Antes de aplicar novo aumento dos juros, o BC ter� tempo para apurar se a infla��o brasileira tende a cair nos pr�ximos meses. Se assim for, o que se espera aqui � uma pol�tica monet�ria de est�mulos antic�clicos. Afinal, se a desacelera��o mundial parece inevit�vel, melhor estarmos preparados.
 

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