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Juros altos nos EUA: troca do pior pelo menos ruim

O mercado financeiro parece ter aceitado a troca do aperto monet�rio pelo risco de que a atual desacelera��o nos EUA se transforme num quadro de estagfla��o


02/08/2022 04:00 - atualizado 01/08/2022 23:05

Tela na Bolsa de Valores de Nova York após elevação dos juros nos EUA
Tela na Bolsa de Valores de Nova York ap�s eleva��o dos juros nos EUA (foto: Timothy A. Clary/AFP)

Foi no cora��o do maior e mais sofisticado mercado financeiro do mundo, o dos Estados Unidos, que estudiosos dos mecanismos de controle e de manipula��o das rea��es de grupos sociais tiveram, na semana passada, a comprova��o de uma de suas teses mais importantes: a da aceita��o de qualquer coisa menos ruim em troca do mal que os aflige.

Como sempre, o que ocorre no mercado financeiro dos Estados Unidos mexe de alguma forma com o resto do mundo. L�, o ambiente de tens�o, que h� semanas vinha sendo provocado pela infla��o de 9,1%, a mais alta dos �ltimos 40 anos, ganhou mais combust�vel na quarta-feira, 20 de julho.

Nessa data, o FED (o banco central dos EUA) aprovou mais um aumento da taxa de juros. Atrasado no combate � infla��o que, desde o fim da pandemia de COVID-19, � fen�meno mundial, a autoridade monet�ria americana come�ou em mar�o deste ano a invers�o de sua at� ent�o leniente pol�tica monet�ria. Na pauta da reuni�o, o comit� de mercado aberto do FED (o Copom dos EUA) tinha tr�s op��es de aumento dos juros: 0,25, 0,75 ou 1 ponto percentual.

O aumento escolhido, de 0,75 ponto percentual, n�o foi o mais alto, mas tem peso suficiente para sinalizar que o FED est� mesmo disposto a endurecer a pol�tica monet�ria nas suas pr�ximas reuni�es. Ao encarecer o cr�dito para conter a demanda e, com isso, frear a corrida dos pre�os, essa invers�o da pol�tica de juros ter� o efeito de transformar a atual desacelera��o da economia americana em recess�o.

O pior � que, enquanto a alta dos juros n�o fizer efeito sobre o consumo (geralmente, leva de quatro a seis meses), a maior economia do mundo tende a passar por estagfla��o, isto �, estagna��o com infla��o. Esse cen�rio, em que a maioria dos neg�cios perde tra��o e muitas empresas passam a ter baixa lucratividade ser�, na vis�o do mercado financeiro, t�o mais corrosivo quanto mais forte e duradouro for o aperto monet�rio.

Nos pa�ses emergentes, como o Brasil, a preocupa��o naquela quarta-feira n�o era menor, principalmente quanto � necessidade de o FED continuar acelerando o aumento das taxas de juros pagos pelos t�tulos americanos. Al�m de a desacelera��o provocar a redu��o das importa��es americanas, as altas taxas de juros nos Estados Unidos motivam a fuga dos capitais aqui aplicados em dire��o ao mercado do pa�s emissor do d�lar.

Contudo, menos de 24 horas depois, os investidores e operadores do mercado financeiro dos Estados Unidos se surpreenderam com a informa��o de que o Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s havia fechado o segundo trimestre de 2022 com desempenho negativo de 0,9%.
Ocorre que, no trimestre anterior, o desempenho do PIB tinha sido ainda pior: perda de 1,6%. Para boa parte dos economistas, dois trimestres seguidos de queda no desempenho do PIB configuram recess�o t�cnica, ou seja, o pa�s est� a um passo da recess�o econ�mica.

EUFORIA


Mas, em vez de tristeza pela m� not�cia, o que houve foi festa nos Estados Unidos. As bolsas do lado de c� do Atl�ntico acompanharam a euforia e tamb�m fecharam a quinta-feira em alta, depois de conviver v�rios dias com des�nimo e perdas. A euforia chegou at� a nossa B3, que fechou a quinta-feira em alta de 1,14%.

A l�gica por tr�s dessa alta das bolsas � a de que, se a economia dos EUA j� est� em recess�o, n�o h� mais raz�o para continuar aumentando a taxa dos juros. Ou seja, para o mercado financeiro, passou a ser razo�vel esperar que, na pr�xima reuni�o, marcada para os dias 20 e 21 de setembro, o comit� de mercado aberto do FED desacelere a invers�o de sua pol�tica monet�ria.

Em resumo, o mercado financeiro parece ter aceitado a troca do atual aperto monet�rio pelo risco de que a desacelera��o nos EUA se transforme num quadro de estagfla��o de imprevis�veis profundidade e dura��o.

A coisa n�o parece ser assim t�o simples. O problema � que, de quem cabe responder se vale a pena correr tamanho risco, ou seja, do comando do FED, n�o se ouviu ainda uma orienta��o clara e isso n�o deixa de ser preocupante. Depois de ter retardado o combate � infla��o, a autoridade monet�ria dos Estados Unidos n�o pode agora titubear em manter seu prop�sito de trazer a infla��o para o mais perto poss�vel da meta anual de 2%.

BANCO CENTRAL

Pode parecer exagerada, mas tem boa dose de raz�o a posi��o recentemente manifestada pelo respeitado economista brasileiro Jos� Afonso Pastore, ex-presidente do nosso Banco Central, de que os bancos centrais t�m de ser independentes n�o apenas dos governos, mas tamb�m dos mercados.

A prop�sito, o nosso Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom do Banco Central) come�a hoje mais uma reuni�o e deve anunciar amanh� � tarde sua decis�o de pol�tica monet�ria. Na ata da �ltima decis�o de elevar a Selic para 13,25% (tomada em junho), o comit� antecipou a possibilidade de repetir a dose (0,5 ponto percentual de aumento) ou adotar taxa menor.

� verdade que o Brasil vive um momento de baixa da infla��o – por enquanto localizada em alguns segmentos beneficiados por redu��o de impostos. O que se espera � uma posi��o prudente de reconhecer a atual queda dos pre�os, sem correr o risco de julg�-la uma tend�ncia. Nesse ponto, estamos bem melhor do que o FED.


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