
Em tempos de chuvas e da pol�mica da renaturaliza��o dos rios da nossa cidade querida, o que apoio totalmente, embora saiba das dificuldades reais em desfazer tanto feito, temos outras pol�micas n�o menos importantes.
A pol�mica � secular. E nesse caso se vai pela f� ou pela raz�o. Trata-se da quest�o do Criacionismo x Teoria da Evolu��o, vinda � tona depois da nomea��o de Benedito Guimar�es Aguiar Neto para presidir a Capes, �rg�o de fomento e condu��o das pol�ticas p�blicas de pesquisa, p�s-gradua��o e forma��o e qualifica��o de pesquisadores e docentes do pa�s.
A discuss�o se d� porque a �tica que rege uma e outra das vers�es apresentadas � completamente oposta e divergente. Vejam que a �tica religiosa desafia a raz�o ao tomar o mito de Ad�o e Eva, conforme a B�blia, como fato – e n�o como met�fora. Todo mito � contado verbalmente com a finalidade de explicar nossas origens.
O pr�prio Jesus falava aos crist�os por meio de diversas met�foras para que todos compreendessem a mensagem. No caso do mito criacionista, digamos que explica que viemos de ancestrais comuns, no caso, um homem e uma mulher, que vieram de muta��es gen�ticas adaptativas.
A �tica cient�fica, ao contr�rio, adota a Teoria Darwinista da evolu��o, que afirma que descendemos da evolu��o da esp�cie, conforme revela��es de material gen�tico estudado em laborat�rios tanto quanto provas materiais de restos arqueol�gicos encontrados em escava��es.
Da� a discuss�o. O que se discute � como ser� que a Capes, �rg�o radicalmente aliado e fomentador da pesquisa cient�fica, poder� ser dirigida por algu�m que defende a �tica religiosa, o que significa que a pesquisa ficaria amea�ada pela �tica que norteia o novo presidente.
Notas de rep�dio coletivas surgiram de variadas fontes; cito aqui duas: a Freduc (Frente nacional em Defesa da Universidade e da Ci�ncia) e o Grupo de Psicanalistas Unidos pela Democracia, esta assinada por Luciano Elia, do La�o Anal�tico/Escola de Psican�lise do Rio de Janeiro.
A primeira prev� consequ�ncias devastadoras para a ci�ncia e a universidade brasileira por ter como representante algu�m com vis�o reconhecidamente pr� ou anticient�fica, recusando evid�ncias amplamente validadas e respeitadas pelo intelecto humano. A comunidade cient�fica considera esta nomea��o um retrocesso e exige a revoga��o imediata da nomea��o.
Tamb�m as escolas de psican�lise lan�aram seu rep�dio pelos mesmos motivos, uma vez que sua funda��o vem de bases restritamente cient�ficas e racionais, j� que ela s� foi inaugurada a partir do advento da ci�ncia moderna, isto �, a partir do sujeito moderno conforme pensado por Descartes. Sujeito que dispensa qualificativos e simplesmente se reduz ao: Penso, logo sou.
Do advento do sujeito cartesiano da ci�ncia moderna surgiu a psican�lise. A descoberta do inconsciente s� foi poss�vel a partir do sujeito cartesiano. Ele abriu caminho para a descoberta do inconsciente com a afirma��o: Sou, onde n�o penso, indicando a� a concep��o da exist�ncia de um inconsciente, para al�m da consci�ncia, como um estranho, uma vez que est� fora da nossa capacidade saber tudo sobre n�s pr�prios. Isso aponta para os porqu�s de muitos comportamentos e repeti��es, que n�o podemos explicar.
Assim, veio a p�blico um grande impasse que tem raz�es mais que l�citas e justific�veis pelos profissionais diretamente afetados pelas consequ�ncias de nomea��es para cargos p�blicos sem respeito aos crit�rios da compet�ncia t�cnica e not�rio saber. Demanda absolutamente l�gica.