O primeiro passo dado em dire��o ao F�rum Mineiro de Psican�lise aconteceu em 1994. A proposta partiu de Thereza Christina Bruzzi-Curi, ent�o presidente do Iepsi (Instituto de Estudos Psicanal�ticos), para reunir outras institui��es em uma jornada conjunta. Acolheram o chamado o CPMG (C�rculo Psicanal�tico de Minas Gerais) e o ent�o Grep (Grupo de Estudos Psicanal�ticos), hoje Ato Anal�tico.
Desde ent�o, as articula��es come�aram, o trabalho prosperou e, como resultado deste esfor�o comum e dos la�os que se fizeram, em abril de 1996 aconteceu o primeiro f�rum, seguido de muitos outros, somados a muitas ades�es.
A proposta de responder ao imperativo �tico de levar adiante a psican�lise para al�m dos guetos institucionais, tolerar diversidades, abrindo espa�os plurais, colou. Uma dif�cil empreitada que inclui a psican�lise em intens�o e extens�o, isto �, dentro e fora dos consult�rios.
Mantendo vivo o campo inaugurado por Freud com a descoberta do inconsciente, � orientado tamb�m pelos ensinamentos de Jacques Lacan, leitor de Freud, que avan�a em pontos fundamentais desta �tica que � a psican�lise e sua cl�nica �tica, segundo a qual ser� preciso que cada psicanalista reinvente, a partir do que ele extraiu de sua pr�pria an�lise, maneira pela qual a psican�lise pode perdurar.
Um trabalho que pretende, segundo indica Lacan, manter a l�mina cortante da verdade que Freud instituiu sob o nome de psican�lise para o dever que retorna a ele e que, por meio de uma cr�tica ass�dua, denuncie os desvios e os compromissos que amortecem seu progresso, degradando sua utiliza��o.
Para alegria geral dos mineiros que promoveram esstes encontros, o trabalho frutificou, cresceu pela transmiss�o poss�vel somente pela via da transfer�ncia, inclui psicanalistas tamb�m convidados de outros estados.
O registro desste movimento pelos f�runs encontra-se no excelente livro “F�rum Mineiro de Psican�lise”, rec�m-lan�ado pela Editora Mercado de Letras, e mostra que depois de anos est� mais vivo que nunca. Realizado por v�rias cabe�as, v�rias m�os e um s� cora��o que bate, �s vezes, descompassadamente pela psican�lise.
Disse uma das colegas ao me apresentar o livro: “S� mesmo Freud para mover as montanhas de Minas em favor da teoria psicanal�tica”. A realiza��o da comiss�o organizadora do d�cimo f�rum, promovido em 2019, em Divin�polis, � um documento importante da hist�ria da psican�lise em Minas. E muito bem-vindo.
O livro aborda um tema que nos � muito caro: o estranho, o infamiliar, o “fora que n�o � um n�o dentro”. Do que causa horror e ang�stia e de um ex-sistir como a maneira que os fantasmas encontram para sobreviver. Nossos fantasmas, o fantasma de cada um.
Conta com apresenta��o de Claudia Aparecida de Oliveira Leite, notas sobre o 1º F�rum Mineiro por Thereza Cristina Bruzzi-Curi, e pref�cio de Gilson Iannini. E tr�s confer�ncias, por Christian Dunker, Marco Antonio Coutinho Jorge e Eliana Rodrigues Pereira Mendes.
Os demais artigos est�o distribu�dos em quatro eixos: “A trama do estranho: puls�o, ang�stia e mal-estar”; “O estranhamento arte e est�tica no caminho da psican�lise”; “O estranho e seus lugares: corpo, cidade e pol�tica”; e finalmente “Articula��es da cl�nica psicanal�tica”.
O registro desta importante hist�ria da psican�lise em Minas Gerais n�o pode passar despercebido pelos que se interessam pela psican�lise e com certeza os alegrar� pela reuni�o de textos maravilhosos em um espa�o de troca, enla�amento e movimento.