La�os se fazem mais serenos e pac�ficos quando as palavras acolhem e embalam
(foto: ILUSTRA��O/EM/ D.A PRESS)
Passada a P�scoa, data em que os crist�os, e n�o apenas eles, comemoram a ressurrei��o de Cristo e aproveitam para se manifestarem afetivamente com todas as trocas de ovos, presentes e mensagens, nos resta um gostinho na alma. Dos encontros ficam os doces e algumas vezes os amargos.
Descansados ou cansados depois dos feriados, tivemos dias em que sa�mos da rotina pesada do trabalho, dando um intervalo que serve para respirar. E ainda admirar uma bela lua cheia!
Das muitas mensagens trocadas e poucos telefonemas, como hoje costuma acontecer, uma delas me impressionou. Trata-se de algo parecido ao “Serm�o da montanha”, no formato e nas bendi��es com conte�do interessante.
Ao final n�o constava o autor e fui procurar encontrando Edna Frigato. N�o percorri seus escritos, mas neste especialmente acredito que ela foi feliz. Toca o subjetivo, a afetividade, delicadamente. � este tipo de palavras que nos deixa gratificados. � para isso que os bons escritores nos servem. Para colocar em palavras desejos, sentimentos, dores e amores. Transcrevo:
“Benditos sejam os que chegam em nossas vidas em sil�ncio, com passos leves para acordar nossas dores, n�o despertar nossos fantasmas, n�o ressuscitar nossos medos.
Benditos sejam os que se dirigem a n�s com leveza, com gentileza, falando o idioma da paz pra n�o assustar nossa alma.
Benditos sejam os que tocam nosso cora��o com carinho, nos olham com respeito e nos aceitam inteiros com todos erros e imperfei��es.
Benditos sejam os que podendo ser qualquer coisa em nossa vida, escolhem ser doa��o.
Benditos sejam esses seres iluminados que nos chegam como anjo, como flor ou passarinho, que d�o asas aos nossos sonhos e tendo a liberdade de ir escolhem ficar e ser ninho.”
Bem-vinda tamanha sensibilidade no trato entre as pessoas. Como escrevia nos muros cariocas o conhecido Profeta Gentileza: “Gentileza gera gentileza”.
Bem-vindo o acolhimento, o afeto e o respeito pelo outro, com boas palavras que incluem mais do que apartam. Fa�o um par�ntesis aqui ressaltando que se trata da delicadeza e do cuidado necess�rios nas rela��es sociais, para que n�o saiamos soltando amarguras particulares. Ou sair apontando os dedos para corrigir quem nunca pediu nenhum palpite ou sugest�o e nem quer saber dos seus problemas.
Ressalto que na situa��o de an�lise, talvez por isso muitos a evitam, vale o inverso. Vale no trabalho anal�tico trazer � tona os medos e buscar os fantasmas e ir al�m, conseguir atravess�-los para que n�o nos escapem e nos levem a atuar com eles no social. Dar um endere�amento correto e com as amizades acolher, acudindo apenas em situa��es de apuros e solicita��o. Vale fazer esta distin��o esclarecedora.
Isso porque � impressionante como em certas situa��es ignoramos a boa dist�ncia e a import�ncia e o peso das palavras, mesmo sendo elas ve�culo de todo la�o e acesso ao outro. E como elas podem ferir, cobrar, queixar e pesar nossas vidas.
Seu peso � banalizado. As pessoas esquecem que dentro do peito bate um cora��o e n�o uma caixa de a�o. Porque as palavras atingem a alma e palavras talvez firam mais que verdadeiros golpes no corpo.
Alguns sabem disso e a estes devemos ser gratos, aprendendo que os la�os se fazem mais serenos e pac�ficos quando as palavras nos acolhem e embalam. E isso, principalmente, desde o ber�o.