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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

No Brasil, o crime compensa

N�o se espante se descobrir que pessoas muito pr�ximas, com a mesma educa��o que a sua, agem de modo inescrupuloso e desonesto


04/12/2022 04:00 - atualizado 02/12/2022 22:21

ilustração mostra homem com venda que é nota de 100 reais

Fomos educados por nossos pais para fazer parte da cultura, da comunidade. Aprendemos a linguagem por meio deles, e com ela v�m as regras que norteiam nosso comportamento. O certo e o errado. O permitido e o proibido. As regras de comportamento, higiene, alimenta��o.

Fomos acolhidos, agasalhados, alimentados e ainda receberemos muito mais, porque nascemos sem conhecimento ou no��o de nada. Nem fomos dotados de instinto animal. Prematuros como nascemos, nem sobreviveremos se o Outro n�o nos acudir, n�o nos introduzir na vida pelo cuidado integral e nos educar.

Educa��o � a coisa mais dif�cil de assimilar e tamb�m de transmitir. Para a crian�a aprender uma coisa, repetimos trilh�es de vezes. E n�o garantimos que aprenda, porque sabemos o que falamos, mas n�o o que o outro escuta.

A educa��o � ma�ante, repetitiva, � frustrar o outro, podar o “mas eu quero”. Enfrentamos birras e desobedi�ncia das crian�as, que n�o abrem m�o facilmente da liberdade. Temos de faz�-las substituir o prazer pelo dever. Por�m, sem a humaniza��o e a educa��o, ser�amos b�rbaros ainda. Portanto, ambas s�o imprescind�veis – e n�o opcionais, como alguns querem crer para trabalhar menos. Quer gostemos ou n�o, e quase sempre detestamos, a educa��o � salvadora, embora nos contrarie, nos cerceie, nos fa�a abrir m�o da agressividade, da sujeira. Nem sempre gostamos de ser higienizados, polidos, gentis e colaboradores. At� hoje temos nossas rebeldias...

A transmiss�o de valores morais � imprescind�vel para a sociedade atual e gera��es vindouras. Devemos ser honestos, corretos, esfor�ados, capazes de trabalhar e amar. Ter uma vida normatizada e, portanto, normalizada. Saber conviver socialmente, profissionalmente e afetivamente. Assimilar valores dignos que nos tornar�o cidad�os, pessoas de bem, e nos levar�o a contribuir com a comunidade de maneira positiva.

A cidadania consiste na condi��o da pessoa que, como membro do Estado, se acha no gozo de direitos que lhe permitem participar da vida pol�tica. E ter� igualmente deveres a cumprir com presteza, corre��o e honradez.

Disse Erico Verissimo ao outro diante dele no espelho: “A coisa n�o � t�o simples”. Ao que o outro, seu reflexo, responde: “Eu sei, eu sei, mas vamos adiante companheiro. � pelos sendeiros do erro e da d�vida que havemos de chegar um dia ao reino da verdade.”

Mas � incerto alcan�ar a verdade. Ela � m�ltipla. Alcan�ar a verdade seria catastr�fico. Ver o que se passa no outro. Ver tudo o que o outro faz quando ningu�m est� vendo... N�o temos garantia de que toda a educa��o transmitida foi assimilada.

Pelo andar da carruagem, pouco nos restou dos bons e desej�veis h�bitos para a sobreviv�ncia em comum. Continuamos destrutivos e animalescos, sem querer ofender a harmonia da natureza dos animais. Pior: nossos valores foram corrompidos pela ambi��o, exemplos n�o nos faltam. Nem estou contando com as atuais fake news, ainda piores do que a ind�stria da fofoca, ou at� parentes pr�ximos, pois dizem que quem conta um ponto aumenta um ponto.

Moldar o car�ter de um homem � tarefa �rdua. E se o maior valor, apesar das evid�ncias de que a fome anda ao lado, � o dinheiro, os brinquedos de luxo, a ostenta��o, falhamos completamente.

Neste “tudo por dinheiro”, se d� n� em pingo d’�gua. Driblando a lei sem nenhum pudor. Enriquecimento il�cito sem preju�zo para o criminoso � de praxe aqui. Pode tudo. O colarinho branco est� a todo vapor – n�o se espante se descobrir que pessoas muito pr�ximas, da mesma educa��o que a sua, agem de modo inescrupuloso e desonesto.

Lacan diz que somos como um frango partido ao meio. De um lado, se v� a plumagem; e de outro, os �rg�os expostos. Ou seja, quem v� o lado belo n�o sup�e o que vai no outro. Se um dia, porventura, nos fosse poss�vel ver a verdade nua e crua em nossa frente, seria uma insuport�vel dor. Parte grande dela fica escondida. Neste dia de revela��o em que cair o v�u – digo hipoteticamente, pois � imposs�vel –, os sete infernos de Dante dariam overbook.

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